Sempre tive vontade de escrever um romance. O meu romance. Porque um dia eu acreditei que o amor que sentia poderia tornar-se o meu primeiro livro. Então o primeiro livro faria eterno o primeiro amor.
Mas eu não consigo. Primeiramente, porque o primeiro amor virou passado, e vasculhar o passado, e mais especificamente as doçuras vividas, não é algo que me agrade mais.
Mais ainda.... Quem sou eu? Quem sou eu para julgar-me digno de ser lembrado? E qual seria a lembrança que deixaria? A de um homem que segue só? Meu livro não teria fim, pois o amor que o inspirou teve, e desta forma eu narraria de maneira longânima as minhas desventuras de amor.
Não posso escrever meu tão sonhado romance. Pois o que tenho de amor hoje são fragmentos. Pedaços e mais pedaços de um homem despedaçado. O que vivo hoje não preencheria um livro, embora sejam registros de uma nova tentativa de amor.
Não posso preencher um livro, mas do meu amar faço contos. Amo em monólogos, e até hoje não permiti que meu amor fosse além daquela prosa apaixonada. Meus lábios recitam-lhe beijos, mas não os consumam. Maldito amar temeroso, no qual amo-a intensamente nas linhas destes textos, enquanto privo a mim mesmo riscar os teus contornos com as pontas dos meus dedos
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