domingo, 22 de julho de 2018

Confissão da Saudade

Quero escrever e não posso, pois ao fazer isso confesso o que sinto por ti. Você vai saber da falta que está fazendo, e do amor que eu tenho e você não quer que eu confesse que ainda existe. Tudo que eu tenho a dizer no momento é saudade e temor, o amor que acabou, da incerteza do nosso retorno.

Pois como Neruda, posso escrever os versos mais tristes esta noite. São minhas as palavras dele, que li mais de uma vez para você por amor ao poeta, sem suspeitar que um dia não as leria mais. Hoje as recito em silêncio, colocando-me no lugar do autor em seus temores e tristeza. Todas as coisas a minha volta tem o peso da sua distância, e sua ausência me comprime nos cômodos da casa. O tempo é um maldito sádico nos últimos dias: ele passa devagar e prolonga o sofrimento diário em segundos que parecem eternos, mas conforme passa aumenta as chances de que encontre um outro alguém; pois se cada dia guarda as suas descobertas, temo que um novo amor seja uma delas.


Preciso escrever, pois assim eu confesso o que calo. Eu que sempre julguei irracional um autor com pseudônimos, hoje desejei ter um no qual escrever. Pois esse silêncio da tua voz e das minhas palavras está me sufocando. Em contrapartida, falar é entregar o jogo e deixar você saber que te amo, mesmo que você não queira saber. Imaginar meu amor como um constrangimento, mesmo que em poesia, é uma dor que estou tentando evitar.

domingo, 8 de julho de 2018

Cosmovisão Cristã: Aborto



E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá,
E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.
E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo.
E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre.
Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.
Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome.
E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem.
Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações.
Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos.
Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;
Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.
E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua casa.

Lucas 1:39-56


A passagem acima narra a visita de Maria à sua prima Isabel após o anúncio de que daria a luz ao Senhor Jesus. O que podemos aprender com ela, e como esse aprendizado se aplica à nossa realidade e tempos? Vamos falar de aborto segundo a Palavra.

O presente estudo busca apresentar alguns fundamentos para a caracterização do aborto como pecado e postura não cristã, de forma que nenhum filho de Deus deve apoiar ou incentivar tanto a descriminalização quanto a prática. 

Escolhi o tema por sua relevância e atualidade. Recentemente houve muita repercussão da decisão da Argentina a qual liberou a prática  do aborto. Centenas (milhares?) de mulheres abraçavam-se comovidas e contentes, algumas carregavam nos olhos às lágrimas de alívio e felicidade. Assisti consternado a alegria de banalizar-se a vida. Pior de tudo foi ver cristãos atribuindo esta "vitória" ao Pai, agradecendo-o por mais essa "conquista"!

Fiquei preocupado com a repercussão do tema. Fui pesquisar e descobri que o tema está prestes a ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal em Audiência Pública na ADPF 442 do Distrito Federal.

Em nosso país a discussão gira em torno da descriminalização do aborto realizado em até 12 semanas de gestação. O autor da proposta é o PSOL na ADPF 442, em oposição à criminalização do aborto voluntário prevista nos artigos 124 e 126 do Código Penal, alegando desrespeito à diversos princípios fundamentais.

Precisamos ter em mente que não se trata do eufemismo de legalizar o aborto no sentido de trazer tratamento jurídico ao tema, mas de tornar o aborto uma prática legal de forma voluntária, por decisão da mulher de querer levar a gestação a frente ou não. Isto porque o tema já possui tratamento legal.

1.   O aborto voluntário é considerado crime para a mulher (Art. 124 do CP) e para quem realiza (Art. 126 do CP).

A alegação de que se busca a legalização e descriminalização do aborto para amparar as mulheres vítimas de crimes sexuais ou em risco de vida é uma falácia, visto que já há previsão de não haver crime nestas hipóteses (Art. 128 do CP).  Nestes casos preserva-se tanto a mulher que nem é necessária investigação criminal, bastando a declaração de ter sido vítima para que um médico seja obrigado a realizar o procedimento (Portaria 1.508/2005 c/c  Julgamento do Proc 2007.51.01.017986-4 no TRF2).

De volta ao texto! Ao sexto mês da gestação de Isabel, Maria recebe o anúncio do anjo de que daria a luz ao Filho de Deus, Jesus Cristo. Após isto ela visita sua prima, esposa de Zacarias e mãe de João Batista, ao que procede:

  1. Manifestação de alegria de João Batista no ventre da mãe ao ouvir a saudação de Maria;
  2. Isabel é tomada pelo Espírito Santo e louva pela vida de Maria e do menino;
  3. A própria Maria louva ao Senhor.
No que diz respeito ao ensino que se pode tirar do ocorrido, podemos chegar a conclusão de que:

  1. A presença do Senhor deve causar alegria e louvor naqueles que O aguardam e amam. Isso fica evidente pela alegria do bebê e pelo louvor de Maria, que salmodia em adoração.
  2. É Deus quem convence o homem acerca da divindade de Jesus Cristo, como fica explícito pelo fato da declaração de Isabel ser fruto da ação do Espírito, assim como ocorre com Pedro em Mateus 16:16-17, a quem é revelado pelo Pai que Jesus é o Cristo.

Porque o aborto é antibíblico?

No que diz respeito ao tema proposto, os versículos acima servem de base para afirmar de forma autoritativa que o cristão não pode se posicionar a favor do aborto, pelos seguintes argumentos:

Primeiro, Jesus é adorado já no ventre da mãe, sendo chamado Senhor por Isabel, como vemos no versículo 43. Maria havia acabado de receber a notícia da gestação, de forma que para nós a discussão acerca de tempo de gestação para praticar o aborto sequer deveria ocorrer. A vida no ventre é vida, tenha ela semanas ou meses de desenvolvimento intra-uterino!

Aliás, vida esta sente e se alegra na graça de Deus, como o próprio João Batista que pula de alegria no ventre da sua mãe, sendo ainda um bebê de seis meses!!! Não só é vida, mas assim como nós, vida que tem sede de Deus!

Outras passagens na Palavra nos trazem informações preciosas acerca do início da vida já no feto, como por exemplo:

No tocante a João Batista, é declarado no versículo 15 do mesmo capítulo que ele seria cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe. Ora, ser preenchido e habitado pelo Espírito é uma possibilidade dada apenas ao ser humano, alma vivente! Não é dito que ele seria apto a ser cheio do Espírito a partir da terceira semana, quarta ou sétima! Estamos falando não apenas de João ser considerado humano antes da sua concepção, como também da declaração de sua humanidade  antes mesmo do ato de amor conjugal no qual ele seria gerado! Como pode o homem medir a vida por semanas, se Deus determina como vida antes que venha a ser?

No mesmo sentido, no Salmo 51:5 Davi aborda ter como característica o pecado desde a sua concepção, o que significa declarar sua humanidade desde a mesma, marcada pela natureza pecaminosa antes mesmo da sua formação. Assim como a possibilidade de ser habitado pelo Espírito Santo, a natureza caída é inerente ao ser humano!

O salmista louva ao Senhor por sua onisciência, considerando maravilhoso o fato de ter sido inserido no ventre de sua mãe, e que sua formação era determinadas pelo Senhor antes mesmo da gestação começar (Salmo 139:13-16). Tendo o Senhor decretado vida antes de que vida houvesse, não há homem com prerrogativa pra dizer o contrário. 

Em Jeremias 1:4-5 o Senhor declara que conhecia o profeta antes que eles estivesse formado no ventre da mãe, e que o elegeu profeta desde antes do seu nascimento. Os filhos são considerados herança do Senhor, e o fruto do ventre é considerado galardão para o homem cuja a casa é edificada pelo Senhor (Salmos 127:3).

6.   O homem foi feito segundo a imagem de Deus, não havendo permissão para que ninguém tire a vida do outro (Gênesis 9:6), o que é expresso no sexto mandamento de não matar (Êxodo 20:13). O judeu sabia que para Deus matar um bebê no ventre ou um homem seria assassinato com a mesma relevância e punibilidade aos olhos do Senhor! A terminologia pouco importava! Êxodo 21:22-25 aborda a igualdade da punição, abordando a hipótese em que durante uma briga uma mulher grávida fosse ferida e abortasse. Tal aborto geraria a possibilidade de matar o responsável. Logo, ao se declarar que uma vida paga por outra vida, a bíblia reconhece que o feto é um ser vivo antes do nascimento, visto que tal passagem está inserida no contexto em que se fala da proporcionalidade da pena ao agravo.

Afirmo com toda segurança: Com base no conceito bíblico de vida, o aborto é um pecado.  O pecado de matar, tirar uma vida, cometer assassinato! O homem não tem direito de tirar uma vida, e prestará contas ao Senhor por aqueles aos quais derramar o sangue. Um cristão não tem qualquer direito de odiar Caim por matar seu irmão movido por inveja, se apoia ou realiza o aborto pela incapacidade de amar o próximo  (tão próximo que habita o ventre) ou por egoísmo. 

Para nós cristãos, Deus é o único com a prerrogativa para dar ou tirar a vida humana. NEle "vivemos, nos movemos e existimos", e quando o Senhor "lhes retira o fôlego, morrem e voltam ao pó".

Encerro com uma frase de Tertuliano (Apologia IX): “Em nosso caso, sendo o assassinato totalmente proibido, não podemos destruir nem mesmo o feto no ventre... Impedir um nascimento é tão somente um homicídio mais rápido; não há diferença entre tirar-se a vida do que é nascido ou do que virá a nascer. Já é homem, aquele que se tornará em um; na semente, já tendes o fruto”.

Soberania divina e dignidade humana

É preciso compreender que quando se trata do aborto, duas questões importantes precisam ser levadas em consideração, sendo elas a soberania divina e a dignidade humana. O cristão precisa compreender que o debate sobre o aborto diz respeito em primeiro lugar à soberania de Deus sobre a vida das pessoas, e, em segundo lugar, à dignidade humana como uma realidade a ser defendida desde o ventre, independentemente do grau de desenvolvimento do embrião no ventre de uma mulher.

No tocante à dignidade humana, esta é utilizada tanto como argumento pró quanto contra o aborto. Aqueles que o defendem, vão ressaltar a dignidade da mulher, como sujeita de direitos e detentora do poder de escolha sobre o seu próprio corpo e vida; aqueles que se opõem destacarão  os direitos do nascituro, entre eles o de ter a vida preservada, considerando a sua incapacidade de pleitear seus próprios direitos.

Entretanto, devemos considerar o aborto à luz do pressuposto de que a vida, planejada ou não, desejada ou não, é prerrogativa do Senhor. É Deus como soberano Senhor do Universo quem decreta a imoralidade do aborto, e a falta de amor ao próximo que ele evidencia. 

É necessário, no fim das contas, considerar o valor da vida humana tendo em consideração o próprio Deus cria cada pessoa, e a partir da sua concepção, cada indivíduo carrega em si a imagem e semelhança de Deus.

Fundamentação Bíblica 

  • Gênesis 9:6
  • Êxodo 20:13
  • Êxodo 21:22-25
  • Jó 1:21
  • Salmos 51:5
  • Salmos 104:29
  • Salmos 139
  • Jeremias 1:4-5
  • Atos 17:28-30
Busque mais conhecimento sobre o assunto
  • Juramento Hipocrático
  • Declaração de Genebra
  • Infant Life Act (1929)
  • Abortion Act (1967)
  • Roe versus Wade (1973)
  • Primeira Conferência Internacional sobre o Aborto (1967) - "Não conseguimos encontrar o ponto no tempo entre a união do espoermatozóide com o óvulo e o nascimento de uma criança no qual não possamos dizer que essa não é uma vida humana."
  • Ronald Dworkin - Domínio da Vida
  • Credo Apostólico - Acerca da vida de Jesus iniciando na concepção pelo Espírito Santo
  • Declaração dos Direitos da Criança (1959)


domingo, 1 de julho de 2018

A necessidade de estar sempre aprendendo.


Antes de ensinar é preciso ser aluno. Aliás, a menos que você queira empacar na vida, ser aluno é necessário. 

Você começa com uma ideia, um tema ou objetivo, e de repente há ao menos três livros e duas apostilas empilhadas na sua mesa! Aqui estão meus professores. Eu faço minhas anotações, pois depois quem ensinará será eu.

Eu nunca vi metade dos meus professores, e boa parte deles morreu em questão de anos ou séculos! Sobre a minha mesa já tiveram professores que falavam muito, e os que falavam pouco; os que vão direto ao ponto e os que enrolam; até mesmo professores que não me ensinaram nada, mas que era preciso ouvir, mesmo que pra discordar.

No que diz respeito ao estudo teológico de um homem, eu penso que estudar é uma manifestação de amor a Deus e ao próximo. Louvamos ao Senhor quando nos empenhamos em aprender a fazer aquilo que O agrada; edificamos o próximo com aquilo que aprendemos.

Se empenhe em ser um bom aluno das disciplinas seculares, das Escrituras e de outros alunos que te antecederam. Pois mediante o Espírito Santo, o teu ensino pode conduzir alguém pra perto de Cristo. Consequentemente, a falta dele poderá deixar seus alunos (ou mesmo você) perdidos no meio do caminho. Não despreze a necessidade de aprender.


Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...