segunda-feira, 29 de março de 2021

Resumo do livro "Congregacionalismo Brasileiro"

Editado pelo Departamento de Educação Religiosa e Publicações – DERP da União de Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.



Os congregacionais foram chamados originalmente de “independentes”, por volta do final do século XVI e início do século XVII, durante a Reforma Inglesa. Trata-se de um modelo de comunidades autônomas que surge de movimentos históricos como o de Wycliffe, os lolardos, menonitas e anabatistas.

É certo que quando falamos de modelos de estruturação eclesiástica, podemos nos deparar com três regimes gerais: (1) Episcopal; (2) Congregacionalista; (3) Presbiteriano.

No tocante ao Congregacionalismo, trata-se do modelo onde cada comunidade local é uma igreja completa e autônoma, não sujeita a qualquer entidade além da própria assembleia de membros. Assim, as igrejas se unem para cooperação e consulta, e não por hierarquia e submissão de algumas igrejas a outras. Na forma, adota uma democracia, porém na prática é uma teocracia, pois é Cristo o Cabeça da igreja.

Trata-se de um tipo de organização político-administrativa resultante da prática dos princípios teológicos fundamentais descobertos pela Reforma Protestante. Suas primeiras manifestações históricas ocorreram em Londres, com a prisão e condenação de grupos em 1567 e 1568. É certo que em 1561 já havia aparecido na cidade de Londres uma declaração de fé.

O congregacionalismo brasileiro se dá através de Robert Reid Kalley, que era de origem presbiteriana, mas ao criar a primeira Igreja Evangélica do Brasil se distanciou da tradição presbiteriana na matéria eclesiástica e introduziu uma constituição do tipo Congregacionalista na igreja.

Kalley também evitou adotar a nomenclatura “Congregacional”, que não tinha boa reputação por causa do liberalismo das igrejas americanas no final do século XIX. Por essa razão adotou unicamente a nomenclatura “Evagélica” na fundação das duas primeiras igrejas: a Igreja Evangélica Fluminense (Rio de Janeiro - 1858) e a Igreja Evangélica Pernambucana (Recife – 1873). Quando 13 igrejas brasileiras se uniram às 5 igrejas de Portugal formaram uma entidade denominacional chamada Aliança das Igrejas Evangélicas Indenominacionais.

Se por um lado Kalley não queria ser ligado às demais denominações existentes, também se recusava a atribuir “Congregacional” à sua nomenclatura, diante do erro teológico das comunidades que traziam o nome. O pastor não queria que as igrejas fossem consideradas como parte do grupo de liberais da época. É certo que a designação de “Congregacionais” foi adotada definitivamente em 1916.

Quando falamos de Congregacionalismo as seguintes obras devem ser consideradas: Os Axiomas da Religião (Dr. E. Y. Mullins); A Manual of Congregational Principles (Dr. R. W. Dale); Nossos Princípios: Um Manual da Igreja Congregacionalista (Rev. G. B. Johnson); Creeds and Plataforms of Congregationalism (W. Walker); Evangelical & Congregational (The Evangelical Fellowship of Congregational Churches - EFCC).


 PRINCÍPIOS CONGREGACIONAIS 

A) Igreja:

 

A comunidade de crentes de todos os tempos que Cristo irá apresentar ao Pai. Historicamente e no tempo, é a comunidade dos que professam a fé em Cristo, segundo a Palavra. O termo também pode ser adotado para designar um grupo de igrejas locais, em semelhança com Atos 9:31. O modelo bíblico é a da comunidade local, onde cada igreja é autônoma, completa e independente, ligadas umas as outras pela fé e amor.


B) Autonomia e Soberania das igrejas locais:

As igrejas são autônomas, pois podem se administrar por suas próprias leis, sendo administrativamente independentes. Também são soberanas, pois não estão subordinadas a qualquer poder coercitivo fora de si mesmas. A assembleia de membros é o poder supremo de direção da igreja, e nenhuma autoridade denominacional pode exercer sobre a igreja qualquer parcela de comando ou poder legislativo.

No congregacionalismo, independência não significa isolamento, e sim autonomia, liberdade de consciência e de governo. Como Cristo está presente em cada igreja integralmente, dirigindo-as pelo Espírito, entende-se pela capacidade de tomar decisões de acordo com a vontade do próprio Senhor Jesus, sem excluir a possibilidade de erro quando a igreja se encontra fraca ou afastada do Senhor.

 

C) Comunidades de igrejas locais: 

O que caracteriza uma comunidade como igreja local é ser dirigida por Deus e ser obediente a Ele. Seguindo esta lógica, a união das igrejas com Cristo cria necessariamente a união das igrejas entre si, no sentido simples de companheirismo e ajuntamento. Assim: (1) cada igreja respeita o caráter e atos das demais; (2) cada igreja deve promover o bem estar das demais; (3) cada igreja deve buscar fortalecimento junto às outras nas tarefas comuns ao Evangelho.

Torna-se natural e conveniente a constituição de federações e associações pelas quais expressem tal comunhão e companheirismo.  Essas entidades não tem caráter eclesiástico, ou qualquer poder legislativo sobre as igrejas. Uma União, Associação, Federação, Confederação, Concílio ou Convenção de Igrejas não é uma igreja em si mesma, de forma que não batiza, não recebe, não disciplina, não exclui membros de igrejas, não dirige assembléias das igrejas locais e nem administra os seus bens.

Essas comunidades de igrejas locais também não ordenam ministros por seu próprio poder, mas a pedido das igrejas. Esse ministro pode ser pastor, ainda que não assuma a direção de uma igreja, ou nunca venha a exercer.

 

D) Oficiais Eclesiásticos: 

Os oficiais são denominados pastores, presbíteros e diáconos. O pastor exerce as funções de presidente da igreja, sendo responsável pela doutrina; os presbíteros e diáconos são oficiais de função restrita à igreja que os elegeu  e ordenou. As igrejas locais possuem prerrogativa para consagrar obreiros para atividades específicas do seu ministério, além dos oficiais acima, sempre que julgar conveniente e útil.


E) Recepção e Disciplina de Membros de uma Comunidade Local: 

Membros de uma igreja local são recebidos por batismo, transferência ou por jurisdição (caso em que não é possível conseguir a Carta de Transferência da igreja anterior). A fim de evitar proselitismo e zelar pelo respeito entre igrejas, não é  recomendado receber uma pessoa sob disciplina em outra igreja, a menos que haja reconciliação.

As igrejas locais devem disciplinar seus membros de forma amorosa, com o objetivo de restaurar o disciplinado.

O autor defende que disciplina, transferência ou reconciliação de membros é de competência da assembleia eclesiástica. Entretanto, o que vemos na prática é a aplicação da disciplina sem a submissão à assembleia da igreja, a fim de preservar ao  máximo o disciplinado. A maior parte das disciplinas atualmente são aplicadas em gabinete pelo pastor da igreja, ou mediante decisão colegiada do corpo  de oficiais.

 

F) Ordenações Eclesiásticas:

As igrejas congregacionais não são sacramentalistas, e consideram Eucaristia e Batismo como símbolos da continuidade da comunhão dos crentes com Deus e a igreja. Tais ordenanças não conferem qualquer graça especial que já não tenha sido derramada sobre o cristão. Isso não anula a possibilidade de que  tais ocasiões se tornem motivo de bênçãos pessoais e coletivas  para igreja.

Quanto ao batismo, as igrejas congregacionais reconhecem a validade do batismo por imersão ou afusão, entretanto, praticam exclusivamente o batismo por aspersão. Como o batismo é um sinal de fé adulta e consciente, as igrejas congregacionais não praticam o pedobatismo.

 

A HISTÓRIA CONGREGACIONAL DO BRASIL

 

A) Primeiro Período – Maio de 1855 a Julho de 1876: período correspondente à estada do casal Kalley no Brasil, com a implantação do trabalho. Funda-se a Escola Dominical em Petrópolis (19/05/1855). Em 08 de novembro de 1857 é fundada a Igreja Evangélica Fluminense, e efetuado o batismo do primeiro brasileiro: Pedro Nolasco de Andrade. Período de grande perseguição, no qual Kalley conseguiu o reconhecimento da liberdade de culto, casamento de não católicos, registro civil, óbitos e possibilidade de sepultamento em cemitérios públicos. Em 10 de julho de 1876 o casal  parte definitivamente para Escócia, oito dias após a aceitação do texto dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo.

B) Segundo Período – 1876 a 1913: período do desenvolvimento eclesiástico e instalação da Convenção das Igrejas do Brasil e Portugal. Fundação da Sociedade de Evangelização e do O Cristão.

C) Terceiro Período – 1913 a 1942: período da expansão nacional e da união da Primeira Convenção das Igrejas do Brasil e Portugal com a Igreja Cristã Evangélica. Período de instalação do Seminário Evangélico Congregacional, em 03 de março de 1914. O Cristão  se torna o órgão oficial da Denominação.

D) Quarto Período – 1942 a 1969: a União das Igrejas Evangélicas do Brasil e a Igreja Cristã Evangélica do Brasil se fundiram como União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil, na 13ª Convenção (1942). Fundação do Instituto Bíblico da Pedra em 1944, onde passou a funcionar o internato do Seminário Congregacional. A União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil surge como um grupo dissidente da União de 1942, em discordância à pratica de dois modos de batismo, diversidade no modo de governo e discordância no tocante à segurança da salvação. Em 1969 os dois grupos congregacionais se unem novamente como a UIECB.

 E) Quinto Período – 1969 aos dias atuais: período de consolidação nacional com a aprovação da Constituição de 1969 e instituição da atual União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

 

OS 28 ARTIGOS DA BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO

 Trata-se de 28 artigos, com embasamento bíblico, nos quais a síntese da teologia cristã pode ser apresentada para qualquer cristão, os quais abordam:

 

1º.  Do Testemunho da Natureza quanto à Existência de Deus;

2º.  Do Testemunho da Revelação a Respeito de Deus e do Homem;

3º.  Da Natureza dessa Revelação;

4º.  Da Natureza de Deus;

5º.  Da Trindade na Unidade;

6º.  Da  Criação do Homem;

7º.  Da Queda do Homem;

8º.  Da Consequência da Queda;

9º.  Da Imortalidade da Alma;

10º.  Da Consciência e do Juízo Final;

11º.  Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus;

12º.  Da Origem da Salvação;

13º.  Do Autor da Salvação;

14º.  Da Obra do Espírito Santo no Pecador;

15º.  Do Impenitente;

16º.  Da Única Esperança de Salvação;

17º.  Da Obra do Espírito Santo no Crente;

18º.  Da União do Crente com Cristo e do Poder para o Seu Serviço;

19º.  Da União do Corpo de Cristo;

20º.  Dos Deveres dos Crentes;

21º.  Da Obediência dos Crentes;

22º.  Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito;

23º.  Da Relação de Deus para com o Seu Povo;

24º.  Da Lei Cerimonial e dos Ritos Cristãos;

25º.  Do Batismo com Água;

26º.  Da Ceia do Senhor;

27º.  Da Segunda Vinda do Senhor;

28º.  Da Ressurreição para Vida ou para a Condenação.

Kalley entendeu a necessidade de elaborar uma súmula das doutrinas fundamentais para instrução dos neófitos e para os membros da Igreja Evangélica Fluminense. Por tal razão, em 02/10/1874, apresentou a necessidade de artigos de fé que resumissem as doutrinas fundamentais do Cristianismo.

 


sábado, 20 de março de 2021

Quando Jesus foi crucificado?


 

Por qual razão comemoramos o Domingo de Páscoa, se a Palavra nos ensina que Jesus permaneceria morto por 3 dias e 3 noites, nos termos de Mateus 12:40, onde o próprio Jesus anuncia o sinal de Jonas!

Quando olhamos o relato bíblico, vemos que Jesus foi crucificado não deveria permanecer crucificado no sábado (João 19:31). Ora, se ele não poderia ficar crucificado no sábado, quer dizer que a crucificação foi numa sexta-feira! E pior ainda: Entre sábado e domingo se passam apenas um dia! Este, por muito tempo, foi o entendimento que alguns estudiosos fizeram uso.

Entretanto, conforme a imagem acima, e as informações do artigo anterior, Jesus Cristo foi crucificado no Dia da Preparação, que antecede o grande Shabat! Não era, portanto, o sábado do calendário ordinário, mas o "Grande Shabat" das festividades de Levítico 23!

Leve em consideração que o calendário judaico é lunar, e os dias começam às 18:00 horas, com o pôr-do-sol. Desta forma, Jesus foi crucificado na Páscoa, sepultado na Festa dos Pães Ázimos e ressuscitou no fim do Shabat semanal e início da Festa das Primícias. Três dias e três noites se contam da seguinte forma:

  • 1º Dia - 18:00 horas da quarta-feira às 06:00 horas da quinta-feira
  • 2º Dia - 18:00 horas da quinta-feira às 06:00 horas da sexta-feira
  • 3º Dia - 18:00 horas da sexta-feira às 06:00 horas do sábado
  • 1ª Noite - 06:00 horas da quinta-feira às 18:00 horas da quinta-feira
  • 2ª Noite - 06:00 horas da sexta-feira às 18:00 horas da sexta-feira
  • 3ª Noite - 06:00 horas do sábado às 18:00 horas do sábado
Portanto, mais uma vez a veracidade das Escrituras pode ser comprovada, e Deus pode ser louvado! Jesus  cumpre sua promessa, e permanece morto por 72 horas, ressuscitando no primeiro dia da semana, o domingo, após o Shabat semanal!

Jesus - O Cordeiro Pascal

A Páscoa no Antigo Testamento é o memorial da libertação dos hebreus do Egito, representando a primeira reunião com o povo da aliança.




E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo:
Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.
Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família.
Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.
O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras.
E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.
E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem.
E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.
Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura.
E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.
Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.
E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor.
E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.
E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.


Quais são os pontos chaves da instrução?


1 - Cada homem deveria selecionar um cordeiro sem mancha ou defeito para sua família. Depois da escolha desse animal no décimo dia do mês, ele deveria ser observado durante cinco dias para certificar que não havia nada de errado com ele.

2 - Era necessário levar o cordeiro até a própria porta de casa e matá-lo. Recolhia-se o sangue numa bacia e depois o aspergia em ambos os lados do umbral e acimado umbral. Toda a entrada da casa fica coberta pelo sangue do cordeiro.

3 - O cordeiro inteiro deveria ser assado e consumido. Nada poderia sobrar para o dia seguinte. Ao preparar a refeição, nenhum osso deveria ser quebrado e o cordeiro deveria ser transpassado por espetos para que o corpo ficasse aberto.

4 - Enquanto comiam, Deus permitiu que o anjo da morte passasse pela terra. Ao passar de porta em porta, ele procurava entrar em cada casa. Se a entrada estivesse coberta pelo sangue, o anjo da morte não conseguia entrar Do contrário, o juízo viria sobre aquela família.

5 - Nenhum incircunciso deveria participar da refeição da Páscoa ou celebrar a festa (Êxodo 12:48). A circuncisão era o sinal externo de que o homem havia aceitado Deus como verdadeiro, e feito uma aliança de sangue com Ele.

A assim foi estabelecida a Páscoa do Senhor. O sangue do cordeiro  era a cobertura e proteção para o povo de Deus. 

Mas por que o sangue nos umbrais das portas apenas? Já que a ideia é evitar a entrada do anjo da morte, ele poderia entrar pela janela também!

Há um contexto histórico para o sangue ser aspergido nos umbrais das portas. O mais antigo altar primitivo à Deus e mesmo aos deuses falsos eram a soleira ou a entrada das casas. As pessoas sacrificavam aos deuses no altar da soleira, como forma de pedir proteção e convidar essa suposta divindade para entrar na casa. Era comum matar um animal na soleira para dar boas vindas à divindade da família, em seguida atravessar a soleira e entrar em casa.

O entendimento bíblico, portanto, ganha muito mais riqueza! Não se trata apenas de uma barreira de proteção feita com sangue; era um convite para Deus entrar na casa e proteger a família do anjo da morte! Deus entrava no lar com vida, enquanto o anjo trazia morte para os impiedosos!

Com base nisto, porque Jesus é o Cordeiro Pascal? Por que não há mais sacrifícios?

Sabemos muito bem que a Lei de Deus não foi revogada, mas que Cristo a cumpriu por nós, a fim de que pudéssemos nos apresentar justificados diante do Pai (Mateus 5:17-18). Milhares de cordeiros eram sacrificados e consumidos anualmente em Jerusalém, a fim de que a Páscoa fosse comemorada! Jesus, por outro lado, ofereceu um único sacrifício definitivo entregando a Si mesmo como o Cordeiro Pascal.

Sabemos que todo o sistema religioso e sacrificial do Antigo Testamento aponta para a obra redentora de Jesus Cristo. Se o único caminho para Deus é o próprio Senhor Jesus, o que fica muito claro para nós é que qualquer forma de justificação ou salvação provém dEle e aponta para Ele. Os símbolos do Antigo Testamento apontam para o que Jesus ainda faria no seu ministério terreno, e todos  que morreram antes disso foram justificados pela fé no Messias redentor (Hebreus 11).

Vamos voltar aos três primeiros pontos chaves da Páscoa Judaica?

1 - Cada homem deveria selecionar um cordeiro sem mancha ou defeito para sua família. Depois da escolha desse animal no décimo dia do mês, ele deveria ser observado durante cinco dias para certificar que não havia nada de errado com ele.

Jesus  foi separado para ser interrogado e sacrificado no exato mês, dia e hora que os judeus vinham tratando os cordeiros para a festa da Páscoa. O cordeiro precisava ser separado no décimo dia do mês, e Jesus entrou em Jerusalém  no décimo dia, a fim de iniciar os preparativos do seu próprio sacrifício. 

Jesus foi para Betânia no nono dia (João 12:1), e entrou em Jerusalém no dia seguinte, o décimo dia de Nissam (João 12:12-13).

O cordeiro era separado com antecedência para garantir que não tivesse mancha ou defeito, e por tal razão  ficava sob observação por 5 dias. Jesus, após sua chegada em Jerusalém, foi observado e posto a prova por 5 dias pelos líderes religiosos, os quais questionaram sua autoridade e interrogaram-lhe para que desse alguma resposta errada com a qual pudessem acusá-lo (Mateus 21:23-37/ Mateus 23).

Por fim, Jesus foi levado diante do governador de Roma, já que segundo a Lei nada puderam acusar. Após ser torturado e interrogado, Pilatos declarou sua inocência (João 19:4). Tudo isso ocorreu entre o décimo e o décimo quarto dia.

2 - Era necessário levar o cordeiro até a própria porta de casa e matá-lo. Recolhia-se o sangue numa bacia e depois o aspergia em ambos os lados do umbral e acimado umbral. Toda a entrada da casa fica coberta pelo sangue do cordeiro.

Era necessário que os judeus preparassem o sacrifício às nove horas da manhã do décimo quarto dia, e o cordeiro fosse morto às três horas da tarde para a Páscoa ser concluída antes das seis horas, quando um novo dia iniciaria. Na hora exata em que os judeus estavam preparando os cordeiros da Páscoa, Cristo foi crucificado por nós (Marcos 15:25).

Cristo é o Cordeiro Pascal, que foi ferido e moído por nós. O Cordeiro que levou sobre si a iniquidade e nossas dores, embora não tenha aberto sua boca, como um cordeiro levado ao matadouro (Isaías 53:4-7 c/c Atos 8:34-35).

O que nós entendemos como três horas da tarde, o judeu compreendia como hora nona. O que exatamente ocorreu na hora nona? Lembrei! Cristo morreu! Na hora nona, Jesus clamou, bradou, e entregou o Seu espírito, conforme (Marcos 15:34-37).




Com isto o véu do templo se rasgou de cima a baixo, simbolizando que a separação entre o homem e Deus não mais existia! A partir daquele momento Deus olha para seus filhos e não vê as transgressões! Ele vê o sangue de Jesus aspergido sobre nós, nos livrando da morte eterna e nos tornando justos diante de Deus! A comunhão é reestabelecida, e Deus entra em nossas vidas e nossos lares trazendo vida aos que estavam mortos em seus delitos e pecados!

3 - O cordeiro inteiro deveria ser assado e consumido. Nada poderia sobrar para o dia seguinte. Ao preparar a refeição, nenhum osso deveria ser quebrado e o cordeiro deveria ser transpassado por espetos para que o corpo ficasse aberto.

Cristo foi totalmente consumido no julgamento de Deus por nossos pecados. Não há um aspecto da vida de Jesus no qual Ele não tenha se entregue por cada um de nós. Cada palavra proferida, cada decisão tomada, cada milagre realizado! Em todo momento Ele estava sendo obediente até a morte, e morte de cruz!

Nada deveria ser deixado para o dia seguinte, e Jesus foi retirado da cruz antes das seis horas (João 19:31). Cristo não foi deixado na cruz até o dia seguinte. Seus ossos, como o do cordeiro sacrificado, não foram quebrados! Era costume quebrar as pernas dos crucificados, para que morressem asfixiados mais rápido, pois tal pena poderia durar dias! Jesus morreu em poucas horas, e após quebrarem as pernas dos ladrões, os guardas não precisaram quebrar as de Cristo (João 19:30-37).

Com base nessas informações, vemos que Jesus é o Cordeiro Pascal que foi sacrificado por nós (1 Coríntios 5:7), sem manchas ou defeitos, revelado em favor de nós, e ressuscitado pelo Pai dentre os mortos para nos trazer fé e esperança (1 Pedro 1:18-21). Ele foi crucificado, com seus braços abertos e esticados, como um cordeiro transpassado por espetos!




No próximo artigo abordaremos a ressurreição de Jesus! 

segunda-feira, 1 de março de 2021

O que eu achei do "Manual para evangelismo de crianças"?

 




Maria Esi Boechat Leal: teóloga, pedagoga engajada com a APEC e  formada em Psicanálise Clínica pelo Seminário Teológico Congregacional do Estado do Rio de Janeiro - SETECERJ. Além disso tudo, ampla experiência no trabalho infantil em igrajas, atuando junto ao seu marido dos anos de 1975 a 2011.

Tia Esi se propôs a partilhar conosco um grande compilado de todo conhecimento adquirido no curso da sua história. Uma obra que se propõe a ser uma boa ferramenta em prol da evangelização e ensino de crianças em nossas igrejas! 

O  livro aborda a finalidade do trabalho com crianças, apresentando-as como carentes de Jesus e da salvação. É importante que os pais considerem seus filhos, por menores que sejam, como pecadores, pois os primeiros anos da vida são os melhores para se receber a mensagem. Ademais, uma criança que cresce dentro da igreja está mais protegida de diversas setas do maligno. O livro apresenta o professor bíblico como um evangelista de crianças, apresentando as bases bíblicas do trabalho com crianças.

Em primeiro lugar, a escrita é concisa. Parágrafos constituídos de frases curtas, apresentando o conteúdo em sua maior na forma de listas não numeradas. Essa talvez seja a característica mais marcante do livro, cujo conteúdo se apresenta de forma extremamente organizada e simples.

Trata-se de um verdadeiro manual. Fica evidente a experiência da autora e sua coerência bíblica, pois muitas das informações evidenciam uma pessoa com prática com crianças, sem com isso perder a precisão teológica. Não há contradição entre a teologia e experiências da autora, o que torna a obra segura para aplicação em nossas igrejas.

Podemos seguramente dividir o livro em 3 partes: (1) base bíblica e conselhos iniciais - Capítulos 1 a 4; (2) Sabedoria com trabalho infantil - Capítulos 4 a 7; Ferramentas para classes dominicais - Capítulos 8 e 9.

A sabedoria com trabalho infantil traz diversas dicas, conselhos técnicas para a prática do evangelismo infantil, como tipos de encontro com crianças, classes bíblicas, eventos e atividades que visam alcançar a criança para Cristo, dentro da sua capacidade de compreensão da mensagem. A autora reforça a necessidade de clareza e simplicidade da mensagem, visto que os trabalhos elencados começam a partir dos 2 anos de idade, na classe de maternal.

Considerações finais

É muito bom ver meus irmãos congregacionais produzindo bom material, com a finalidade de edificar nossas igrejas! A obra da Tia Esi nos apresenta a história de uma pessoa perseverando na missão que recebeu de Cristo! Anos e anos, e eu fico imaginando quantos obreiros, presbíteros e pastores tiveram a bênção de ouvir a mensagem do evangelho através dela!

Eu tenho a tendência a me apaixonar pelo trabalho infantil, pois fui alcançado por Cristo já na vida adulta, e quando olho para as crianças da minha igreja, sorridentes e estudando a bíblia, eu penso no quanto eu queria ter crescido aprendendo sobre Jesus!

Desejo que o Senhor levante mais e mais "Tias Esi" dentro de nossas igrejas!

Recomendaria o livro?

Com certeza!

Embora o estilo mais conciso da autora não seja a minha preferência, não deixa de ser bom! É de fácil assimilação pelos nossos professores dominicais, que muitas vezes são extremamente jovens e com pouco tempo para leitura além das suas atividades habituais!

Por ser de fácil consulta e compreensão, se torna uma ferramenta extraordinária para cursos de curta duração e capacitação dos nossos professores! Ademais, tem por detrás toda a base e experiência de alguém que caminhou junto com a APEC!

Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...