sábado, 29 de outubro de 2022

Relacionamentos que edificam (Romanos 12:2)

 



"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Romanos 12:2

Quando lemos o capítulo 12 da carta de Paulo aos Romanos, vemos a sua exortação e apelo à igreja, para que seus irmãos em Cristo consagrem a sua vida a Deus. O capítulo, como um todo, é um apelo para que o filho de Deus seja humilde na sua vida cotidiana e reflita em como fazer o seu dia a dia neste mundo caído um exercício constante da busca pela vontade de Deus. A luz deste texto, precisamos falar de relacionamentos que edificam.

1º O seu relacionamento com Deus

Quando falamos de relacionamentos que edificam, não há como não começar pelo mais importante deles: o relacionamento com Deus. Este versículo nos ensina a necessidade de experimentar mais de Deus e Sua vontade boa, perfeita e agradável, e, na mesma medida, afastar-se do doce veneno do pecado e oportunidades que o mundo oferece. Paulo está falando de relacionamento, na medida em que roga que apresentemos nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; mas também está falando dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções. Toda ação, seja em direção a Deus ou não, começa naquilo que pensamos. 

Então o primeiro passo para construir relacionamentos que edificam, e construir um relacionamento com Deus. Você precisa entender que a coisa mais importante do mundo é caminhar com o Deus que te ama, e o relacionamento que efetivamente você não pode viver sem é o relacionamento com o Senhor Jesus. Você precisa compreender que Jesus sempre esteve e sempre estará comprometido com você, mesmo quando você nunca tinha ouvido falar dEle. 

Jesus Cristo leva o relacionamento com você tão a sério, que Ele ofereceu a própria vida por isso. Cristo tem um amor e compromisso tão sério com você que se dispôs a morrer para isso! Você PRECISA compreender que o relacionamento que mais vai edificar a sua vida é e sempre será o seu relacionamento com Deus. Você precisa pensar como suas ações e palavras afetam as pessoas a sua volta, mas acima de tudo, você precisa pensar em como afeta o seu relacionamento com Jesus.

Não se conformar com o mundo é a receita que Paulo apresenta para que você possa experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Isso significa que se você quiser experimentar mais de Deus, você precisa se afastar cada dia mais das coisas que te afastam dEle. Veja que o versículo não está dizendo que Deus te abandona, porque isso não é verdade. Ele diz que você será capaz de experimentar essa relação, e sentir o quanto ela é boa pra você.

Você vai perceber que ter amigos e família é bom. mas ter amigos e família caminhando com Jesus é perfeito. Você vai perceber que as dores e dificuldades são menos dolorosas, e que mesmo nos piores momentos ainda é possível sorrir. Você vai perceber que todas as pessoas a sua volta podem estar enlouquecendo e perdendo a cabeça, mas você continua firme nas promessas do Senhor.

2º O seu relacionamento com você

Você também precisa compreender o quanto é importante refletir a forma como você se relaciona consigo mesmo, afinal, tirando Deus, é a outra única pessoa que vai estar ao seu lado 24h por dia. Veja que Paulo adverte que o cristão não deve se conformar ao mundo, e, ao invés de mandar nós corrermos para as colinas ou nos escondermos numa caverna, ele manda que façamos uma transformação nas nossas mentes. Aprender a se relacionar consigo mesmo, refletindo seus sentimentos, motivações, ações, planos e projetos é extremamente importante.

Você precisa renovar o seu entendimento primeiro, antes de tentar ajudar as pessoas a sua volta. É aquela velha questão do homem que tenta apontar um cisco no olho do seu irmão, tendo uma estaca cravada no seu próprio olho. Se você precisa investir no seu relacionamento com Deus, precisa estar atento em como a sua forma de pensar pode beneficiar ou prejudicar isso!

Por um lado, você precisa sempre estar atento para que a sua estima não seja tão alta que te torne uma pessoa soberba e desumilde. Você precisa compreender que é um pecador sim, que erra tanto quanto os outros a sua volta, e, às vezes, tem pecados mais escandalosos que o de algumas pessoas que não tem Jesus Cristo. Você, estando de pé, precisa tomar cuidado para que não caia.

Por outro lado, você não pode estar ancorado nos seus erros e decisões do passado, afinal, a cada dia que passa Cristo renova as misericórdias dEle em nossas vidas. Quem você foi, as palavras que disse, e os erros que cometeu não devem te impedir de seguir em frente com Jesus. Você precisa refletir nas suas ações sim, mas não ficar preso a elas, lamentando ou justificando a sua omissão no fato de ser um pecador. Na igreja, todos nós somos.

Assim, você precisa renovar o seu entendimento acerca de si mesmo, das pessoas e do mundo a sua volta, olhando para Palavra de Deus e pensando em como você pode fazer para viver e experimentar a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor em todas as coisas. Você precisa focar menos nos problemas e mais na solução, que é Jesus. Lembrar do amor dEle, e da forma como pra Ele, que é Deus, o seu passado não importa.

3º O seu relacionamento com o mundo e com o outro

Colocar o seu relacionamento com o mundo como um "relacionamento que edifica" é um convite e desafio necessário na vida de cada um de nós. Não se trata do mundo nos edificar, mas de nós, renovados em nosso entendimento, fazer dele um lugar melhor. Afinal, a boa, perfeita e agradável vontade de Deus pode ser experimentada ainda neste tempo, através da presença da igreja e do Espírito Santo no mundo.

Sim, o mundo é cruel, jaz no maligno e hostiliza a vontade de Deus. Quanto mais santa e correta for uma coisa, mas o mundo vai odiar ela. Entretanto, a sua ação pode mudar a vida das pessoas a sua volta. Não é você que tem que ser influenciado pelas falas e ideias erradas que o mundo tem a oferecer; Deus espera que você seja a influência. E ainda que não possa convencer uma única pessoa que seja, Ele espera que você possa se manter digno diante dEle e não ceder. Sacode o pó das suas vestes e segue firme.

Você precisa entender que a aprovação de ninguém vale a pena a desaprovação de Deus. Um namorado, amigos, carreira e mesmo popularidade e influência social não valem a pena uma vida distante de Deus. Você precisa colocar Jesus em todos os seus relacionamentos. Afinal, se Deus é o caminho, a sua carreira e passos tem que ser nEle; se é a Verdade, qualquer amizade só vai ser verdadeira com a benção dEle; se é a Vida, não dá pra viver sem Ele de forma alguma.

Se você quiser ter um relacionamento de verdade com uma pessoa, Cristo precisa estar nessa relação. Você precisa viver relacionamentos que edificam a sua vida com Cristo, mas que também edificam a vida das pessoas a sua volta. Você é a luz em meio as trevas do mundo, a pessoa que Jesus separou pra viver a pregar a vontade dEle a todos que ainda precisam ouvir. Veja que todo o capítulo 12 fala sobre isso, e sobre a forma como você ama, perdoa, se alegra e se entristece com as pessoas a sua volta. Não se relacione com alguém simplesmente para se relacionar: se relacione com uma pessoa, sabendo que a sua presença na vida dele deve trazer a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Você pode ser o instrumento de salvação que Deus para a vida de alguém.

domingo, 14 de agosto de 2022

Olhar para trás e dar um passo a frente - 167 anos de Congregacionalismo Brasileiro

Em 19 de agosto de 2022 comemoramos os 167 anos do Congregacionalismo Brasileiro, e como faço em todas as demais datas comemorativas, aproveito para fazer uma retrospectiva da história e avaliar tanto se tenho motivos para estar comemorando, quanto qual a lição que os meus irmãos deixaram para mim, que eu possa aplicar hoje.

Acredito que essa análise é extremamente necessária, e quando olhamos para trás, podemos claramente  vê-la na própria razão de ser congregacional. Foi a análise feita por parte de um grupo de puritanos inseridos na Igreja Anglicana sobre si e sobre a estrutura da Igreja, compelindo-os a lutar pelo direito de ter igrejas autônomas e independentes. No fim, ser congregacional sempre será a liberdade de olhar para sua igreja, associação ou União de Igrejas e tentar mudar a história ativamente através da sua voz e voto.

A data que comemoramos não é a do surgimento das primeiras igrejas evangélicas congregacionais no mundo, e sim o início do congregacionalismo no Brasil. Não é uma história que inicia com uma grande igreja e um templo chamativo: ela começa com um casal, uma pequena escola dominical e serviços de culto doméstico, oração e estudos bíblicos. A nossa história começa em 19 de agosto de 1855, com a fundação de uma escola dominical em Petrópolis, sob a direção de Robert Kalley e Sara Kalley.

Assim como foi no começo, precisa ser hoje. A sua história e contribuição para nossa denominação começa no seu pequeno grupo de influência, nas pessoas a sua volta que você consegue alcançar através do seu ensino, e principalmente do seu exemplo. Antes de formar uma igreja estruturada, o casal Kalley estruturou pessoas para fazerem parte do Corpo de Cristo, dando a elas o ensino da Palavra, e meios para acessá-la.

A primeira igreja congregacional só vai surgir quase três anos depois, em 11/07/1858, no Rio de Janeiro, chamada de Igreja Evangélica Fluminense, onde ocorreu o primeiro batismo de um brasileiro: Pedro Nolasco de Andrade. 

Não sei se você sabe, mas o nome "Congregacional" estava com a imagem um tanto manchada naquela época, razão pela qual tanto a Igreja Evangélica Fluminense, quanto a Igreja Evangélica Pernambucana, fundada em  19/10/1873 não receberam essa palavra no nome! Ainda assim, foram as duas primeiras igrejas congregacionais. Isto porque ser congregacional nunca foi sobre a palavra que aparece na placa da sua igreja, mas sobre a forma como nós vivemos como comunidade de fé. Ser congregacional é acreditar que Deus é soberano nas decisões locais e diárias de cada igreja, de maneira igual, não havendo hierarquia entre elas, mas uma abençoada relação de colaboração e comunhão.

Entretanto, não basta ter um modelo congregacional na organização da igreja. É preciso partilhar a mesma fé e doutrinas fundamentais do Cristianismo, que podem ser resumidas no documento oficial adotado pela nossa denominação: os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo, lançados em 02/07/1876. Os artigos são realmente curtos, mas nem por isso são rasos no seu conteúdo. A base de uma vida cristã e conhecimento saudável sobre Deus e Sua igreja estão contidas ali.

O número de igrejas foi crescendo, crescendo e cresceu mais um pouco, tanto no Brasil quanto em Portugal, razão pela qual, em 06/07/1913, igrejas brasileiras e portuguesas formaram a Aliança das Igrejas Evangélicas Indenominacionais (até agora o nome continua sendo evitado). Aquelas igrejas compreenderam que ser autônomas e independentes não as tornavam o foco exclusivo de comunhão e adoração ao Senhor. Em um exercício de humildade, tais igrejas se uniram em uma união de igrejas que visava buscar uniformidade na sua prática da fé e colaboração mútua, afinal, adoravam ao mesmo Senhor! Elas entendiam que deveriam honrar e glorificar ao nome do Senhor juntas, colaborando umas com as outras em benefício do Reino de Deus! 

Nós também precisamos viver essa comunhão que extrapola os limites geográficos da igreja local, e buscar estar juntos em nossas associações de igrejas e na UIECB. Falando diretamente a você que é jovem, tem UMEC, FEMEC e COMEC, em nível local, regional e nacional, respectivamente! Queremos seu envolvimento conosco na UICEB, junto com outros milhares de jovens que partilham a sua fé! Você não está sozinho, e você pode edificar e ser edificado por outros irmãos espalhados por todo o país! Você pode (e deve hein!) fazer a diferença na vida dos seus irmãos em Cristo, dentro da sua denominação! 

E não se deixe enganar por palavras e relatos pessimistas de que não há conformidade entre as igrejas na UIECB, que há muita discordância e brigas nas nossas assembleias deliberativas, e que por vezes pastores se afastam de colegas de ministério em decorrência desses problemas. Afinal, se você olhar para história da nossa denominação vai perceber que ser congregacional não é pensar igual em tudo, mas permanecer unido, apesar das diferenças, mesmo que por um breve período de tempo a relação com seu irmão pareça rompida. É entender que somos todos parte do mesmo Reino, e um Reino no qual não há divisão.

É por isso nossa história e composta de uniões, separações e reaproximações. Em 1942, por exemplo, nós nos unimos com a Igreja Cristã Evangélica do Brasil e formamos a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil (UIECCB). Por discordância nas práticas de batismo, questões acerca da segurança da salvação e modo de governo, um grupo de 51 igrejas se separou 1960 e formou a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (UIECB). Mas calma, que essa ainda não é a nossa!

Em 1968 as igrejas que permaneceram na UIECCB desfizeram a união de igrejas e ficaram sendo representadas pela Igreja Evangélica Congregacional do Brasil. No fim de tudo, os dois grupos se uniram novamente, em 1969 e formaram a nossa UIECB!

E esse é um breve resumo da nossa história! Uma história de altos e baixos, onde pessoas foram perseguidas por sua fé, direitos precisaram ser conquistados e igrejas se uniram e separam. Por outro lado, o nome do Senhor foi pregado com amor e zelo, e mais e mais igrejas continuaram a surgir. Essa não é apenas a história da nossa denominação. É a história da sua igreja, e também a sua história.

Rogo ao meu Senhor Jesus Cristo que você possa desenvolver a atitude e coragem necessária para viver a sua história conosco, exercendo os dons e talentos que o Senhor te deu, em benefício da sua igreja, em primeiro lugar, mas também da sua Associação Regional e União de Igrejas.

Que Deus nos abençoe em mais um ano!



Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...