sábado, 29 de abril de 2023

Cosmovisão cristã sob a perspectiva do Reino de Deus

 

A cosmovisão cristã é a forma como você interpreta a realidade, fenômenos e acontecimentos a sua volta, tendo como premissa a Verdade do Evangelho. Como já declarado por Felipe Fontes, da Mackenzie:

"A cosmovisão cristã não é apenas um conjunto de ideias, mas é, antes de qualquer coisa, um conjunto de verdades com as quais estamos comprometidos. Por isso, é fácil vê-la na forma como vivemos e não só no que entendemos como verdade. Porque ela transcende a teoria."

Se a sua cosmovisão diz respeito a forma como você interpreta o mundo, ela não é meramente um ideal subjetivo, mas se reflete principalmente nas suas ações. Se reflete na forma como você se posiciona socialmente, politicamente, filosoficamente. Se reflete na forma como você interpreta um dogma  ou recebe uma informação. A sua cosmovisão vai definir em qual lado de um debate você vai estar posicionado, por quais pautas sociais você vai lutar, e mesmo a forma que você vai se comportar.

Quando falamos do conjunto de verdades que pautam a nossa cosmovisão, estamos falando das verdades bíblicas, as quais geralmente são sintetizadas em quatro pilares: criação, queda, redenção e consumação. Portanto:

  • Deus é o criador do universo e tudo que nele há (Gênesis 1:1);
  • Todos os homens são pecadores à semelhança de Adão (Romanos 3:23-26);
  • Cristo morreu e ressuscitou para reatar o relacionamento dos pecadores com Deus (Romanos 3:23-26);
  • Na consumação dos tempos Deus fará novos céus e terra para habitarmos com Ele (Isaías 65:17).
Os quatro pilares da cosmovisão cristã, na verdade, poderiam ser resumidas na cosmovisão do Reino de Deus. O cristão entende a realidade presente e as suas expectativas quanto ao futuro do ponto de vista de que Deus Reina sobre toda a criação. Há diversas passagens bíblicas que evidenciam o Reino de Deus não apenas como algo futuro, mas também como a realidade do povo cristão.

Essa visão do Reino de Deus como algo presente e agora nos torna responsáveis pelas coisas que acontecem a nossa volta. O Reino gera uma consciência transformadora e história, que nos revela a postura social, política e religiosa que precisamos viver. O próprio Cristo é quem declarou a contemporaneidade do Reino de Deus:

"Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está entre vós."

Lucas 17:20-21 

Quando dizemos que o Reino de Deus é eterno, declaramos que Cristo não vai se tornar o Rei apenas no fim dos tempos, mas que desde sempre Ele reina sobre todas as coisas. Uma teologia que ensine o homem apenas a olhar para o futuro com esperança escatológica é uma teologia ruim. Viver a cosmovisão cristã nada mais é do que buscar a Cristo diariamente através da política, ciência, vida religiosa, família, trabalho, etc.

Portanto, a cosmovisão do Reino de Deus parte das seguintes premissas:

  • Cristo reina por toda a eternidade, englobando passado, presente e futuro;
  • O Reino de Deus é experimentado onde a igreja de Cristo está presente;
  • Como Rei, os decretos do Senhor são experimentados através do impacto da moral de Deus na elaboração das leis.
  • O cristão não deve se omitir diante do crescimento da maldade e depravação, sob o argumento de que o mundo jaz no maligno, e não pertencemos a ele.
  • O cristão deve ser o padrão moral e exemplo para os demais a sua volta.
  • A igreja deve ser influente para além do seu culto e atividades internas.

Pra quem não entender a razão da imagem: sua cosmovisão é a lente pela qual você enxerga o mundo hehehe



quinta-feira, 6 de abril de 2023

Uma Páscoa para recordar a segurança que só Cristo concede

A Páscoa é uma data comemorativa para nós, cristãos, de extrema importância e complexidade. Ela é capaz de gerar os mais variados sentimentos naquele que reflete o que a Palavra registra sobre a morte e ressurreição de Jesus Cristo. O nosso Senhor, o Filho de Deus, levou sobre si as nossas dores e transgressões, sofrendo castigo que estava reservado para cada um de nós. Os últimos capítulos do evangelho de Mateus relatam a história do martírio de Jesus em nosso lugar, e a grande questão que fica é: como recordar com alegria e reverência uma data tão especial para nós, mas que envolve tanto sofrimento do nosso Senhor?

Jesus deixa para nós o verdadeiro exemplo de que a vida também é composta de momentos nos quais sorrimos e nos alegramos em meio ao sofrimento e ansiedades. São os sorrisos ensombrecidos que somos capazes de dar durante um momento de muita angústia. Quando somos capazes de nos contentar, mesmo que infimamente, em meio a lágrimas e tristezas. Na véspera da sua traição, tortura e morte, Jesus ceiava na companhia dos discípulos que amava; eu meio a dores físicas e emocionais ele conseguiu olhar com amor para sua própria mãe; e mesmo sob zombaria, ele clamou ao Pai pelo perdão daqueles que só desejavam a sua morte.

Relembrar o sofrimento de Jesus é sempre um motivo de muita tristeza, mas pensar que tudo ocorreu da exata forma como Ele determinou, e que tudo foi feito intencionalmente em nosso benefício torna a lembrança também um motivo de alegria. Pensar que tudo foi feito por misericórdia de amor é motivo para glorificar e se alegrar no Senhor!

São os pequenos detalhes que fazem toda a diferença! É dito que ele "entregou o espírito" (Mateus 27:50), Sua vida não foi roubada, e sim dada de boa vontade para nos dar vida. A morte foi apenas uma etapa do plano do Senhor, e após o terceiro dia o Senhor ressuscitou, tendo reaparecido para os seus discípulos, orientado eles e prometido que estaria conosco até a consumação dos séculos. Cristo foi o sacrifício definitivo para perdoar os pecados de todos os homens que depositam nEle a sua fé. 

Então podemos encarar a Páscoa como a oportunidade de recordar a segurança que só Cristo concede. Se seguirmos os exemplos do nosso Senhor Jesus, seremos capazes sim de sofrer imaginando as dores que Cristo levou em nosso lugar, mas, ao mesmo tempo, seremos capazes de sorrir sabendo que o sepulcro amanheceu vazio. 

Cristo é o Cordeiro Pascal, que foi ferido e moído por nós. O Cordeiro que levou sobre si a iniqudade e nossas dores, embora não tenha aberto sua boca, como um cordeiro levado ao matadouro (Isaías 53:4-7 c/c Atos 8:34-35. É o dia de recordar a segurança que só Cristo pode trazer, e compreender que a morte já foi derrotada, e que o sepulcro está vazio. Em Cristo nascemos novamente, e um dia estaremos  pessoalmente na presença dEle. Sem pecados ou sua influência. Apenas a alegria de se estar diante de Deus.

A Páscoa traz a lembrança do sofrimento, mas também nos traz alegria da salvação e o exemplo maior do amor de Deus. A lembrança da agonia do Senhor na cruz, e da esperança, surpresa e felicidade de encontrar o sepulcro vazio, e constatar que de fato o Senhor cumpriu a promessa que nos daria a vida eterna.


domingo, 2 de abril de 2023

O que dar a quem pode te dar tudo?

 Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam.

Hebreus 11:6


Constantemente eu me pego pensando no qual desequilibrada é a relação do cristão com Jesus. Entenda como equilíbrio o estado no qual ambos os lados possuem o mesmo peso, de forma que a balança não pende para nenhum dos lados. É uma relação desequilibrada no tocante as partes envolvidas, tendo em vista que de um lado temos o Deus Todo Poderoso, ilimitado em conhecimento, poder, autoridade, santidade, bondade; enquanto do outro lado temos um homem, pequeno, breve, inconstante e incapaz de agradar ao Senhor em seu estado natural e pecaminoso.

Mas essa relação também  é desequilibrada quando pensamos no próprio objeto da nossa relação com Deus. O preço da nossa vida, o perdão dos nossos pecados, a restauração da santidade verdadeira e nossa capacidade de viver plenamente felizes por toda a eternidade ao lado do próprio Deus que nos criou está de um lado da balança, enquanto do nosso lado há apenas fé naquele que é capaz de todas estas coisas. Em termos simples, Jesus nos diz: "Eu posso te dar tudo!"; e nós respondemos "Eu posso acreditar nisso!". 

Há de fato esse desequilíbrio, que nos levaria a acreditar verdadeiramente que estamos em constante dívida com o Senhor Jesus. Entretanto, a carta aos Hebreus, e mais especificamente seus capítulos 10 e 11 nos mostram que estamos errados! Acreditar que você está em dívida com Jesus é negar o que Ele mesmo fez por você, afinal, Ele é Deus, e morreu na cruz no seu lugar exatamente para que a dívida do seu pecado fosse quitada. E somente nesse caso poderíamos falar de equilíbrio na nossa relação com Deus, pois de um lado temos o Senhor pronto para receber o preço dos nossos pecados, e do outro o Filho de Deus com plena capacidade de quitar a dívida por nós.

A questão que fica é: O que podemos dar para Jesus, se Ele próprio é quem pode nos dar todas as coisas?

Podemos (e devemos), dar ao Senhor a nossa fé.

Não são poucos os versículos espalhados pela bíblia sagrada no qual o nosso Senhor deixa claro que o que Ele deseja de nós é a fé. Em João 6:35 o Senhor declara: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.". Em João 11:25 ele declara: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá". Então o que nós de fato somos capazes de dar a Deus é a nossa própria fé.

E dar a nossa fé não é apenas uma questão de sentimentos, pois dela depende a nossa própria salvação.  Os textos lidos acima deixam bem claro que é necessário ter fé no Senhor Jesus para que não haja mais fome e sede, e para que viva eternamente, ainda que morto. 

É impossível agradar a Deus sem fé em Jesus, pois a condição do homem sem a ação de Jesus Cristo na vida dele é de ser objeto da Ira de Deus. A gravidade dos nossos pecados faz com que não haja boa disposição do Senhor ao nos contemplar como criaturas rebeldes que diariamente vivemos como se Ele não importasse. 

É impossível agradar a Deus sem a fé em Jesus, porque antes de tudo é impossível estar diante de Deus e Sua santidade plena com a mancha dos nossos pecados. É preciso estar santificado e irrepreensível para estar diante de Deus, que é Santo.

Então o primeiro passo é acreditar que Ele existe

A mensagem sobre a fé não é sobre ter fé na humanidade, ter fé no nosso potencial para o bem, ter fé nas gerações futuras, e espiritualmente falando, nunca foi sobre ter fé com base em sinais e prodígios. Fé é desenvolver o conhecimento de Deus, acreditando que Ele existe, e, mais especificamente, caminhou entre nós, morreu por nós, ressuscitou por nós e ainda hoje intercede por nós junto ao Pai. É muito fácil para o homem acreditar que Jesus é uma figura histórica que marcou o mundo, deu bons exemplos e lições de como desenvolver a humanidade, mas isso não é tudo.

A verdade é que precisamos crer que Deus existe, e Jesus não era só um homem, mas também o próprio Deus conosco. Ele não pregava sobre o potencial do homem melhorar e conquistar a sua própria salvação, pelo contrário, ele sempre pregou o Reino de Deus, declarando a Si mesmo como o caminho, a verdade e a vida. Ele é categórico ao afirmar que NINGUÉM vai ao Pai senão por meio dEle. Ele não pede que os homens tenham fé na sua capacidade de fazer o bem e evoluir um tanto mais a cada geração que passa. Jesus ensina constantemente que é preciso depositar a sua fé no próprio Senhor, pois o mundo jaz no maligno.

O segundo passo é acreditar que Ele é galardoador daqueles que o buscam

O autor da carta aos Hebreus encerra o versículo sobre a impossibilidade de agradar a Deus dizendo não apenas que é necessário ter fé e acreditar que Deus existe, mas também que ele é galardoador daqueles que O buscam. Portanto é certo que Deus se agrada de você no seu reconhecimento das bênçãos que diariamente Ele o presenteia.

A fé é trabalhada não apenas como o acreditar que Deus existe, mas que Ele existe e cuida de você diariamente. É impossível agradar a Deus se você vive como se o Senhor estivesse distante, afinal, a fé não é liturgia e rito, e sim relacionamento. Quanto mais se conhece de Deus, mas fé nós desenvolvemos. É por isso que é impossível agradar a Deus sem uma fé que O reconhece como abençoador daqueles que O buscam, pois quanto mais próximo você está do Senhor, mais e mais você consegue ver as bênçãos dEle pra sua vida.

A fé compreende acreditar nas bênçãos do Senhor, porque o relacionamento do homem com Deus já começa com uma bênção, e a principal delas: a salvação. Se você não crê nessa bênção logo no começo, não vai conseguir ter fé e agradar ao Senhor. Jesus morreu na cruz te oferecendo o melhor e maior presente da sua vida. E não só te presenteou com essa salvação, como também com todas as demais coisas as quais você pode ser grato. Família, emprego, alimentos, proteção física, cura de doenças, felicidade, amor, etc. Você agrada a Deus reconhecendo que todas essas boas dádivas são presentes dEle para você.

Deus não quer apenas que você saiba que Ele existe, é Todo Poderoso e está irado com os homens pelos seus pecados. Muitas religiões acreditam na existência de uma divindade poderosa que abusa dos homens ou exige deles sacrifícios em troca de benefícios para aplacar a sua ira. Nosso amado Deus apenas exige que tenhamos fé na obra dEle em nosso benefício, e isso nos é imputado por justiça, como diz Romanos 4:3-5.

Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada por justiça.

Romanos 4:3-5

Você agrada a Deus tendo fé no que Ele fez por você, na Sua misericórdia contigo. Isso para o homem já é extremamente difícil, pois desejamos o controle e a certeza naquilo que fazemos. A salvação, por outro lado está totalmente fora do nosso controle, pois Cristo realizou toda a obra sozinho. Isso tira do homem o controle sobre o que de fato o leva para perto de Deus e o coloca na condição de uma criança totalmente dependente dos cuidados dos seus pais.

Então a resposta é simples: 

O que dar a quem pode te dar tudo? Apenas a sua fé. Acredite diariamente que Deus existe, e que Ele existe para você. Que as Suas misericórdias se renovam a cada dia. Que Ele te deu gratuitamente a salvação, e todas as demais bênçãos que você tem na sua vida. Agrade a Deus com fé, se aproximando e conhecendo mais dele, desenvolvendo um relacionamento mais íntimo com ele. Dê ao Senhor a única coisa que Ele exige de você.



Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...