sábado, 29 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 03 (João 4:27-38)

E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?

Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:

Vinde, vide um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?

Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele.

E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come.

Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.

Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer?

Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.

Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.

Lucas 4:27-38




Os discípulos que haviam saído para comprar comida retornaram do mercado e se surpreenderam de encontrar Jesus conversando com uma mulher. A razão pela qual os discípulos ficaram surpresos já foi apresentada nos sermões anteriores, podendo se considerar não apenas o fato de Jesus estar falando publicamente com uma mulher, mas também pelo fato de sendo ele um mestre judeu, estava conversando com uma samaritana. Entretanto, nenhum deles se dispõe à questionar o mestre sobre o que falava com ela ou qualquer coisa do tipo.

Precisamos compreender que os discípulos também eram judeus, sendo razoável compreender que suas relações com os samaritanos também não fossem além das relações comerciais e estritamente necessárias. Por outro lado, ver Cristo dialogando publicamente com uma mulher samaritana ia muito além do que poderia ser considerado normal.

Entretanto, naquele momento nenhum dos discípulos se arrisca a fazer qualquer questionamento, mesmo que as ações de Jesus levantassem curiosidade. Pode ser que naquele momento os discípulos tenham se dado conta que o Senhor sentar-se para conversar com uma mulher samaritana era tão inesperado quanto que ele escolhesse para seus discípulos um pescador e um cobrador de impostos. Tão inusitado quanto confiar o tesouro do evangelho para homens pobres e incultos, ao invés de trazer para seu lado fariseus e doutores da Lei.

Já de início temos a primeira lição: Muitas vezes ao caminhar com Cristo nos deparamos com questões e situações que não somos capazes de compreender. 

Nestas oportunidades, devemos agir da mesma forma que os discípulos, e com extrema humildade aguardar até que o Senhor decida nos revelar a Sua sabedoria e nos iluminar com o entendimento vindo do Espírito Santo. 

Há mesmo na própria Palavra passagens e trechos que num primeiro momento podemos ser incapazes de compreender, ou até mesmo ficar chocados com relatos como o de filhas que embebedaram seu pai para terem filhos, povos inteiros sendo dizimados, profetas sumonando ursas para atacar jovens ou coisas do tipo. 

Neste momento, a barbaridade dos relatos bíblicos, a extensão de fé que é esperada do cristão diante de situações complexas ou mesmo situações que nos expõem à risco de morte podem nos causar indignação. Entretanto, conforme pedimos orientação ao Espírito Santo e maturidade e humildade para nos submetermos à Palavra, percebemos que aquele primeiro choque decorre, na verdade, da nossa própria incapacidade de pensar à luz da Palavra e pela falta de experiência na vida cristã.

Ao mesmo tempo em que os discípulos estão retornando, a mulher sai imediatamente em direção à cidade da qual eles haviam acabado de chegar. A resposta da mulher à afirmação de Jesus de que Ele era o Messias foi a imediata fé, da qual não decorreu qualquer resposta ou pronunciamento apaixonado. A maior demonstração de uma fé genuína foi a vontade imediata de partilhar as boas novas que havia acabado de receber.

Eis a segunda lição: devemos ter o mesmo zelo evangelístico que a mulher samaritana. 

Importante ressaltar que a única coisa que aquela mulher ouviu da parte de Jesus é que Ele era o Messias. Jesus não havia ensinado nada como fizera no sermão da montanha, não explicou para aquela mulher o Pentateuco que ela possuía, não abordou as grandes profecias do Antigo Testamento acerca da Sua vinda. Ele havia apenas declarado para aquela mulher quem Ele era, e para ela, que havia acabado de testemunhar o Seu poder, foi o suficiente.

Aquela mulher então parte em direção à cidade, e convida aos demais a testemunhar da presença santa de Jesus Cristo. Ela não se presta a tentar convencer qualquer homem acerca de quem Cristo era, e os convida para desfrutar da presença do Mestre e desenvolver um relacionamento pessoal com Ele, dando o testemunho de tudo que Jesus havia revelado sobre a vida dela, demonstrando Seu próprio poder. 

Aquela mulher não tinha qualquer instrução para dar, e para piorar, era detentora de um passado sórdido, e provavelmente conhecido por toda a cidade. Não era só mulher, o que por si só já descredenciaria a sua palavra; mas também era adúltera, o que fazia dela uma pessoa socialmente reprovável, e até mesmo passível de apedrejamento.

As nossas limitações podem nos impedir de entrar em debates teológicos e nos fazer perceber que somos incapazes de convencer alguém acerca da existência de Deus e da divindade de Jesus Cristo. E de fato, nós somos incapazes. As pessoas podem zombar de nós por nosso passado e história, e até mesmo tripudiar tudo aquilo que nós falamos simplesmente por ter sido dito por nós mesmos. Da mesma forma que a mulher samaritana poderia ser desconsiderada por ser uma mulher adúltera, podemos ser desconsiderados por sermos ex-traficantes, ex-adúlteros, devassos, maliciosos ou criminosos. Nem por isso podemos nos acovardar e deixar de pregar a Palavra. Se nossa própria regeneração não é suficiente para apontar Jesus para uma pessoa, façamos como a mulher samaritana, e convidemos as pessoas a elas mesmas terem contato com Jesus.

Aquelas pessoas então vão em direção à Jesus, diante do anúncio da mulher samaritana de que Ele era o Messias esperado. Neste meio tempo, os discípulos solicitam a Jesus que pare o que estava fazendo para se alimentar. Até aquele momento Jesus não havia se alimentado, e possivelmente não havia matado a Sua sede, tendo em vista que a mulher samaritana deixou seu cântaro e correu para cidade. 

A resposta de Jesus foi que Ele tinha comida para se alimentar naquele momento, mas os discípulos não conheciam. E de fato os discípulos não compreendiam o que Jesus falavam, tendo em vista que ficaram se questionando se alguém havia levado comida para eles enquanto estiveram fora, e por isso não era mais necessário comer. Nesse momento, Jesus os responde que a comida dele era fazer a vontade do Pai e realizar a obra à qual seu ministério estava proposta.

Jesus está  nos dando a terceira lição: Fazer a vontade de Deus é uma necessidade maior do que as nossas próprias necessidades pessoais. 

Jesus não está impondo aos seus discípulos que fizessem rigorosos jejuns de comida ou bebida, nem estava estabelecendo que deveriam ficar sem comer. Jesus está mostrando para seus discípulos que a necessidade dos samaritanos era espiritual e urgente, enquanto as dele eram secundárias. Como humano, Jesus poderia ficar dias sem comer ou beber, como outrora fizera no deserto enquanto fora tentado por Satanás, sem com isso morrer. Os samaritanos, por outro lado, estavam mortos em delitos e pecados, e precisavam urgentemente nascer de novo. Os discípulos queriam que Jesus deixasse aquelas pessoas esperando enquanto ele comia, mas para Jesus, alimentar espiritualmente as  pessoas era mais importante. 

Precisamos ter esse senso de urgência que coloca a missão do cristão acima das suas volições e anseios. Na prática muitas vezes vemos o chamado cristão para o evangelismo e pregação ser colocado de lado em decorrência de necessidades aparentemente mais urgentes como trabalhar, concluir uma carreira acadêmica, gerir nossos relacionamentos pessoais, ter momentos de lazer, etc.

É para nos fazer refletir o que é mais importante quando estamos a caminho de um passeio no fim de semana e recebemos uma ligação de uma pessoa precisando da nossa companhia; para refletir quando separamos dinheiro para pedir uma pizza e tomamos conhecimento das necessidades de um missionário; ou aquele momento em que estamos atrasados ou apressados para qualquer coisa e uma pessoa em situação de rua pede nossa atenção. Você para, olha a pessoa nos olhos enquanto ela fala, mesmo sabendo que muitas vezes ela só quer pedir dinheiro? Ou então você a interrompe com rispidez ou joga dinheiro imediatamente em suas mãos, como se fosse essa a única necessidade daquela pessoa?

Certa vez presenciei durante um culto a entrada de um morador de rua na igreja, e durante a ministração do louvor um dos cantores que estava no púlpito pediu para demonstrarmos nossa alegria e comunhão através de cumprimentos e abraços. Entristeci-me ao constatar que mesmo as pessoas na mesma fileira de cadeiras daquele senhor não se dispuseram sequer a apertar a mão daquele homem. 

Via-se que não era "só mais um bêbado", pois o homem estava lúcido, não cheirava a álcool, mas apresentava mal cheiro intenso, e percebia-se não só pelo odor como aspecto que ele de fato habitava nas ruas. Ele estava na última fileira da igreja, eu na terceira, e me desloquei até ele, apertei sua mão, olhei nos seus olhos e perguntei seu nome. Ele, com extrema alegria me disse seu nome... Gustavo. Então ele agradeceu por eu ter perguntado o nome dele, sorriu, e o culto seguiu normalmente.

E se minhas roupas tivessem sujado? - Em casa eu as poderia lavar.

Ele estava sujo, poderia me contaminar com alguma bactéria ou vírus. - Eu poderia discretamente lavar as mãos em algum momento, sem levá-las à boca ou olhos.

Eu poderia ficar fedendo? -  Dificilmente, mas caso ocorresse, seria por muito pouco tempo comparado àquele homem.

Mas aquele culto poderia ser a última oportunidade daquele homem experimentar o calor da comunhão do corpo de Cristo. Poderia ser a oportunidade dele sair dali quebrantado pela Palavra e pelo acolhimento, ao invés de sair decepcionado, nos acusando de tratá-lo como se fosse menos humano que qualquer um. A necessidade daquele homem era maior do que qualquer coisa que nós pudéssemos alegar para nos mantermos afastados dele naquele momento.

Isso se confirma pela afirmação de Jesus, ao comparar o que estava ocorrendo com a ceifa que estava para acontecer. O tempo de ceifar as colheitas estava previsto para ocorrer daqui há quatro meses, e Jesus se aproveita disso para chamar a atenção dos seus discípulos.

Neste momento ele nos traz o quarto ensinamento: O tempo da colheita é agora.

Enquanto eles esperavam quatro meses pela colheita, ela já estava pronta para ser realizada. Jesus estava dizendo que a sua fome era de realizar a vontade do Pai, a semente que havia sido lançada no coração daqueles samaritanos já estava pronta para ser colhida naquele momento. Aquela era a hora de pregar o Reino de Deus e promover os batismos. 

A mensagem da mulher samaritana não demandaria meses para surtir efeitos, através do ensino da Palavra programático, de enviar um discípulo para passar meses com os samaritanos... O momento era aquele. Aliás, a semente em si já fora plantada desde o Pentateuco que os samaritanos consideravam como texto bíblico. A chegada de Jesus em Sicar era o momento da colheita dos frutos decorrente da Lei que previa a vinda do Messias. Quando Jesus declara que Ele era o Messias, estava realizando a colheita decorrente da semente plantada na Palavra. 

E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem.

Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa.

Eu vou enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.

Por fim, Jesus nos dá o quinto ensinamento: a função dos seus discípulos deve ser pregar o Reino, vejam o resultado ou não.

Quando Cristo declara que seus discípulos ceifam o que não plantaram, Ele está declarando a verdade do Evangelho pela qual compete a cada cristão pregar Jesus Cristo, e ter isso como sua única preocupação. Os discípulos estavam colhendo os frutos da pregação da Lei e dos profetas, e nós, hoje, colhemos os frutos que muitas vezes não fomos os responsáveis por plantar. Eles continuaram o trabalho que não haviam começado, e nós também fazemos isso.

Jesus também está falando sobre galardão que é ajuntado para vida eterna, deixando claro que tanto aquele que semeia quanto aquele que colhe se regozijam  nos frutos para vida eterna. O galardão portanto é apresentado como um benefício dado por Deus aos homens por sua graciosa vontade de ser abençoador e galardoador daqueles a quem ama. Não há uma distinção entre quem planta e quem  colhe, e no fim das contas, todos devemos administrar nossos talentos com dedicação e alegria.





domingo, 23 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 02 (João 4:14-26)

Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.

Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá.

A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;

Porque tiveste cinco marido, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste bem: Não tenho marido;

Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.

Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte e nem em Jerusalém adorareis o Pai.

Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.

Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.

João 4:14-26



No sermão anterior ressaltamos a aproximação de Jesus da mulher samaritana, e como ele não perdeu a oportunidade para falar-lhe acerca do Reino de Deus. Vimos que Jesus desperta a curiosidade da samaritana ao mostrar para ela que as coisas desse mundo não satisfazem e são passageiras. Que a água do poço de Jacó não poderia satisfazer os desejos do seu coração.

Esse contraste é importante para nós, pois o poço de Jacó simbolizava a Antiga Aliança em contraste com a Nova Aliança em Jesus Cristo. As águas do poço saciavam a sede temporariamente, enquanto a água viva oferecida por Jesus era o derramar do Espírito Santo como torrentes sobre a terra seca, trazendo regeneração para vida eterna.

O dom do Espírito é uma fonte de água viva, ou seja, água corrente que nos conduz a vida eterna. Tomar dessa água mata a nossa sede pela eternidade, pois essa fonte jamais cessaria. 

Em primeiro lugar, Jesus confronta a mulher com seu próprio pecado.

Até esse momento a mulher ainda não tinha entendido que Jesus não estava falando de uma fonte de águas literal, de forma que solicita a Jesus que dê a ele dessa água, para que ela não precise mais buscar água no poço. Jesus então, solicita a mulher a presença do seu marido, lembrando-a da vida imoral que ela estava vivendo até então. 

Ainda assim, a mulher tenta ocultar a verdade, e responde a Jesus com uma meia verdade. Ela informa a Jesus que não tinha marido, mas não informa que vivia maritalmente com um homem que não era casado com ela. Talvez ela tivesse vergonha de admitir para um mestre judeu que estava vivendo de forma que desagradava a Deus. 

Jesus parabeniza a mulher por falar a verdade sobre não ser casada, mas deixa claro para ela que não adiantava omitir o seu pecado. Se essa mulher desejava a água viva, precisava reconhecer os seus pecados e a necessidade que ela tinha de Deus.

Em segundo lugar, Jesus ensina a mulher o que é a adoração verdadeira

A samaritana reconhece que Jesus tinha poder, e considera-o como um profeta. Jesus havia exposto a vida dela, e a fim de desconversar, a samaritana muda o foco da conversa para uma questão teológica. Para o samaritano, que só acreditava no Pentateuco, o local de adoração era uma questão controversa. Ela aproveita para tirar a sua dúvida, ao que podemos destacar os seguintes aspectos.

a) A adoração verdadeira não tem lugar específico

Os judeus haviam estabelecido Jerusalém como o local de adoração, enquanto os samaritanos tinham o costume de adorar nos montes. Jesus esclarece para essa mulher que era chegada a hora em que não importaria mais o local onde seria realizada a adoração. Aonde quer que o adorador esteja, ali será o local correto da adoração.

b) Adoração precisa ser feita com consciência

A adoração deveria ser feita em espírito e em verdade. Portanto, a adoração não se tratava de cerimônias ou locais sagrados. Não se tratava de cultos cheios de transe e coisas sem sentido. A adoração verdadeira é aquela realizada de forma consciente, por mais simples que seja. Jesus deixa isso evidente quando diz que os samaritanos  adoravam sem conhecer, mas que os judeus adoravam o que conheciam. Era necessário para mulher samaritana conhecer também, e saber que dos judeus vinha a salvação, pois o próprio Jesus Cristo era judeu.

c) A adoração deve ser feita exclusivamente a Deus

Jesus não parte da premissa que qualquer culta agrada a Deus, ou que qualquer outra criatura ou falso deus pudesse receber destaque ou atenção na adoração. Os verdadeiros adoradores são aqueles que adorarão a Cristo somente. Somente Deus deve ser adorado e somente a Ele o culto deve ser prestado.

d) Devemos adorar em espírito e em verdade: 

Jesus declara para aquela mulher que Deus é Espírito, e buscava verdadeiros adoradores que o adorassem em espírito e em verdade. O que Jesus quer deixar claro para essa mulher é que não era a liturgia e locais sagrados que importavam na adoração, tendo em vista que Deus não é preso a nenhum deles. O local de adoração não importava, pois Deus é onipresente; a liturgia também se tornava irrelevante; pois Deus é oniscente.

Não importava se os homens agiam corretamente na ordem do culto, se seus corações não estivessem sinceramente adorando ao Senhor. A devoção externa não era nada se espiritualmente aqueles que prestassem o culto estivessem mortos em delitos e pecados. Jesus está ensinando para essa mulher a verdadeira importância de crer e adorar a Deus, acima de qualquer liturgia e culto prestado. O Antigo Testamento possui diversas repreensões do Senhor, que demonstrou não se agradar com ofertas e holocaustos recebidos, por mais corretos que estivessem na sua execução. Isso porque o coração do povo estava distante dEle, ainda que seus lábios proferissem as santas palavras do texto bíblico.

Por último, Jesus desperta a fé verdadeira 

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

As palavras de Jesus despertam a mulher para fé verdadeira, e mesmo sabendo pouco acerca da Palavra, tendo em vista os limites da religião samaritana, ela se recorda do ponto principal da Lei. Ela se recordou que Deus prometeu enviar o Messias, o salvador prometido que anunciaria as novas coisas. 

Nesse momento Jesus se dá a conhecer a ela e revela que aquele Messias aguardado por judeus e samaritanos era Ele próprio. Não seria mais necessário aguardar para compreender como seria o caminho, pois o próprio Jesus já estava anunciando para ela como proceder e como obter a salvação. As palavras de Jesus confirmavam a Palavra escrita de tal forma que ao ouvir o Senhor falar, a mulher samaritana se recordou das promessas do texto bíblico acerca do Messias.

E como isso se aplica a nós?

Primeiro, não há como tomar dessa fonte de águas vivas sem uma confissão verdadeira dos nossos pecados.

Jesus oferece àquela mulher a fonte de águas vivas, mas antes disso confronta ela com seus próprios pecados. Para saciar a nossa sede, é preciso em primeiro lugar compreender que estamos sedentos de Deus. Um coração egoísta e autosatisfeito jamais vai entender que tem sede espiritual e precisa de Jesus. Um homem feliz em seus pecados recorrentes não vai querer tomar da água da vida se estiver bebendo de outras fontes às quais se recusa a abandonar.

Precisamos refletir no que há de errado em nossa vida, e buscar o perdão e correção. É necessário primeiro compreender que  necessitamos de Jesus em nossas vidas, do contrário, jamais receberemos o dom do Espírito. Se não cremos no que Jesus fez por nós, também não cremos na segurança da nossa salvação e nem no dom do Espírito que nos vivifica e purifica diariamente.

Segundo, o verdadeiro culto que prestamos ao Senhor é espiritual

Adorar ao Senhor não diz respeito ao que fazemos nas atividades da igreja no domingo e sim em viver sinceramente da forma que o agrada. Adoramos a Deus em espírito e em verdade, logo, adoramos a Deus com nossa vida espiritual. É a nossa disciplina no aprendizado e ensino da Palavra, a confissão dos nossos pecados, nossos momentos de oração, nosso desejo de glorificar a Deus em todas as coisas... O verdadeiro  culto que prestamos ao Senhor diz respeito à sinceridade e comprometimento que temos com o Senhor. Diz respeito às nossas intenções, e não às nossas ações. 

Terceiro, a fé verdadeira é aquela que confia em Jesus como o único salvador das nossas vidas

A razão pela qual as palavras de Jesus fizeram a mulher samaritana a lembrar da promessa do Messias é o que motiva a nossa fé. Podemos ter tanta confiança em Jesus Cristo como nosso salvador, porque basta olharmos para Sua vida que veremos o integral cumprimento da Palavra de Deus por ele. Se todo o necessário para redimir o pecado foi efetivamente realizado por Jesus, e cremos nisso, podemos também crer que todas as bençãos decorrente da obediência do nosso Senhor à Sua própria Palavra também foram efetivamente conquistadas.

Tanto a salvação quanto o dom do Espírito são realidades na nossa vida, que não podem ser perdidas ou questionadas se de fato cremos no que Cristo fez por nós. Isso decorre da própria autoridade da Palavra de Deus, que vincula ambas as coisas ao cumprimento da Lei efetuado pelo nosso Salvador. Não são das nossas ações que elas decorrem, mas das ações de Jesus Cristo. Confiamos que somos salvos e santos não porque somos capazes de nos salvar ou santificar, mas porque sabemos que Cristo foi capaz de conceder essas boas dádivas para nós. 

A fé verdadeira é aquela que não tenta conquistar a própria salvação ou subordina a qualidade da adoração de acordo com aquilo que se pode fazer ou adquirir; não é a fé que se mede por cargos ou boas ações; nem a fé que tenta constantemente ser medida pela capacidade de deixar de pecar. A fé verdadeira é aquela que olha pra Jesus, pras suas ações e palavras e declara: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".


sábado, 22 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 01 (João 4:1-14)

 E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João 

(Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos), 

Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.

E era-lhe necessário passar por Samaria.

Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.

E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta.

Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

Porque os seus discípulos tinha ido à cidade comprar comida.

Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).

Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?

És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?

Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede;

Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

João 4:1-14



No capítula anterior João Batista exalta o ministério de Jesus Cristo, ao saber através dos seus discípulos que ele vinha realizando batismos. Os batismos de Jesus já estavam causando discussões entre os judeus e os discípulos de João, e agora vemos que os fariseus haviam tomado conhecimento que Jesus estava realizando batismos com seus discípulos. O ministério de João Batista já incomodava os fariseus, que anteriormente já havia os exortado acerca da necessidade do arrependimento; o de Jesus, então, passara a ser ainda mais incômodo, na medida em que Jesus já havia feito mais discípulos e batismos que o próprio João.

A fim de evitar os fariseus, Jesus decide retornar a Galileia, passando por Samaria no caminho. A razão pela qual nosso Senhor fez isso, é porque ainda não era chegado o tempo de ser confrontado pelos fariseus, pois bem sabemos ser o grupo que detinha o poder político e financeiro para levar Jesus a julgamento e crucificação, como de fato ocorrera posteriormente. Cristo não temia os fariseus, mas ainda não era chegada a hora de confrontá-los. 

No caminho para Galileia, Jesus decide parar em Sicar para descansar o seu corpo e matar a sua sede enquanto seus discípulos saíram para comprar mantimento.  Neste meio tempo uma mulher vem até a fonte de Jacó e Jesus lhe pede água. Para compreender as aplicações dessa passagem, precisamos destacar algumas questões.

Em primeiro lugar, Jesus começa a conversar com uma mulher samaritana. 

Precisamos entender que no tempo de Jesus um homem não poderia conversar com uma mulher publicamente. As conversas com mulheres solteiras ocorriam em ambientes familiares, de forma supervisionada, e mesmo assim o homem pouco se direcionava para mulher. Já as mulheres casadas, só poderiam dialogar com outros homens com a presença e autorização do seu próprio marido. Um homem que abordava uma mulher para conversar em lugares públicos, como as fontes de água de uma cidade estava em busca de uma prostituta.

Os samaritanos eram um povo odiado pelos judeus, pois era composto por descendentes de judeus e povos pagãos com os quais não deveriam se unir. Era um povo responsável por contaminar o culto a Deus com cerimônias e práticas pagãs. Se já era inesperado que um homem judeu abordasse uma mulher na rua, muito mais se essa mulher fosse samaritana.

É por essa razão que a mulher responde a Jesus asperamente a Jesus, pois o ódio dos judeus pelos samaritanos era de conhecimento comum. A resposta agressiva dela ao pedido de Jesus não era resultado de má índole e de um tratar-se de uma pessoa ruim; e sim do pecado de um coração rancoroso e na defensiva. Após anos de estigma e preconceito muitas vezes podemos não perceber que nós mesmos nos colocamos em posição de estigmatizar e sermos preconceituosos. Repetimos todo comportamento agressivo que recebemos dos outros.

Em segundo lugar, Jesus se apresenta como aquele que pode saciar as verdadeiras necessidades das pessoas. 

Nosso Senhor tinha sede, mas diante da resposta daquela mulher samaritana, Ele deixa suas próprias necessidades temporariamente para saciar a maior necessidade daquela mulher. Enquanto Jesus precisava saciar sua sede de água, aquela mulher precisava saciar a sua sede da compaixão e do amor de Deus. Jesus tinha sede, e não recebeu água; aquela mulher recebeu da graça de Deus sem sequer saber que tinha sede dela.

A resposta de Jesus à mulher não é uma ameaça, como se estivesse lamentando o destino que ela sofreria por ter recusado água a ele. Afinal, Jesus conhecia aquela mulher e toda a sua vida, e o que ele desejava era instigar a mulher acerca de quem Ele era. Jesus estava apresentando a si mesmo como a fonte de águas vivas.

A mulher de início não entende do que Jesus está falando, e acredita que Ele está dizendo possuir uma fonte literal de águas melhor do que a fonte que saciou a sede do próprio Jacó! Ela duvida de Jesus, afinal, Ele sequer tinha um balde, e até poucos minutos antes havia pedido água para ela.  Ela questiona o nosso Senhor declarar poder oferecer água melhor do que aquela oferecida pelo próprio Jacó, do qual judeus e samaritanos descenderam diretamente ou por mistura com povos estrangeiros.

Jesus responde ao questionamento da mulher declarando que a água daquele poço, por mais excelente que fosse o seu dono, não deixava de ser água. Ela não promovia cura, não tinha propriedades milagrosas ou qualquer outra função diferente daquela que teve para o próprio Jacó: matar a sede. A água continuava a ser água, não importava de qual profeta ou patriarca ela pudesse ter sua origem.

Mas as águas de Jesus, diferente de todas as demais, podem saciar a sede por toda a eternidade. Isto porque fome e sede são sensações temporárias que decorrem de necessidades fisiológicas. Já o relacionamento com Deus é uma necessidade atual que permanece por toda a eternidade. Aquela mulher poderia saciar a sua sede temporariamente até os seus últimos momentos de vida; porém a sua sede do amor de Deus não poderia ser saciada jamais, a menos que ela tomasse das águas de Jesus Cristo.

A nossa morte espiritual faz do nosso coração solo infértil no qual a vida eterna jamais poderá nascer e fluir. Não existe vida em nós, e precisamos ser regados pelo Espírito Santo através da fé em Jesus Cristo. Jesus precisa fazer fluir em nós o Espírito que vivifica e santifica os homens, convencendo-os da justiça, do pecado e do juízo, para que enfim possam obter a vida eterna. Sem  que ocorra a regeneração, o homem permanece estéril e morto espiritualmente. Com a regeneração, as águas vivas do Senhor nos lavam dos nossos pecados e deixam nossos corações limpos para o Espírito Santo fazer morada. 

E como isso se aplica a nós?

1º Precisamos compreender que para Deus todos nós somos igualmente carentes da Sua Graça.

Ao pregar para uma mulher samaritana, Jesus passa por cima de todas as barreiras culturais e sociais, e demonstra que a salvação é necessária para homens e mulheres; ricos e pobres; judeus e samaritanos. Isto porque todos pecaram e carecem da glória de Deus. Todos os homens, sem distinção, precisam ser salvos e se arrependerem dos seus pecados.

2º Muitas vezes corremos o risco de refletir no outro o nosso sofrimento

Da mesma forma que a mulher samaritana era hostilizada pelos judeus por ser samaritana, ela passa a hostilizar o próprio Jesus por ser judeu. Precisamos estar atentos para descontar no próximo as nossas próprias frustrações, traumas e sentimentos. Quando nos colocamos na defensiva perdemos a oportunidade de ser benção na vida do nosso próximo.

3º Precisamos aproveitar todas as oportunidades para pregar a Palavra de Deus.

Esse episódio com a mulher samaritana ocorre antes do início do ministério de Jesus junto aos gentios. Entretanto, ainda que o objetivo principal de Jesus nesse momento fosse pregar para os judeus, Ele jamais deixaria de aproveitar a oportunidade que surgiu em sua passagem por Samaria para livrar as pessoas do domínio do pecado. 

O ministério do nosso Senhor Jesus é salvar vidas, e ainda que tencionasse pregar primeiro para judeus, jamais deixaria de estender a mão para gentios, tendo em vista que não fazia acepção de pessoas.  Isto se confirma posteriormente, quando vemos que diversos samaritanos são convertidos com a pregação do próprio Jesus.

domingo, 16 de julho de 2023

É preciso crer no Filho (João 3:36)

A excelência do ministério de Jesus (João 3:31-35)



 Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.

E aquilo que ele viu e ouviu isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.

Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro.

Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida.

O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.

João 3:31-35

O capítulo 3 aborda uma discussão que havia começado entre os discípulos de João e os judeus, acerca da purificação. Nesse contexto, os discípulos de João Batista relatam para o profeta que Jesus estava realizando batismos, e ele declara estar alegre com isso, assim como o amigo do noivo se alegra com sua felicidade durante o casamento, afinal, importava que de fato o ministério de Jesus Cristo se destacasse. Em sua defesa do ministério do nosso Senhor Jesus Cristo, o profeta João Batista nos deixa os seguintes ensinamentos:

Em primeiro lugar, Jesus Cristo é soberano e verdadeiro 

João inicia a perícope com a afirmação de que Jesus Cristo vem das alturas é por esta razão Ele está sobre todos. Ele faz uma verdadeira distinção acerca do que Jesus poderia fazer no tocante à purificação, e no que ele mesmo e qualquer outro homem poderiam fazer. Ele está afirmando que o ministério de Jesus Cristo está acima do dele próprio e de qualquer outro homem. Importava, portanto, que os homens buscassem o batismo de Jesus Cristo e de fato atentassem para os Seus ensinos.

O nosso Senhor é aquele que vem das alturas, e, estando acima de todos e testificando acerca das coisas que viu e ouviu do próprio Pai ele poderia de fato declarar aos homens toda a verdade acerca da purificação e da reconciliação com Deus. João Batista, por outro lado, era da terra e falava acerca das coisas da terra, ou seja, todo seu ministério se limitava àquilo que poderia fazer e ele mesmo testificar. João Batista poderia falar sobre as expectativas da chegada do Messias, sobre moral e ética, sobre pecado e arrependimento; mas jamais poderia fazer afirmações completas sobre o caminho para os céus, sobre a salvação, as expectativas de Deus para os homens e o novo nascimento.

João e os demais aguardavam a chegada do Messias que pisaria a cabeça da serpente e faria a reparação da relação com Deus rompida no Jardim do Éden. Pouco mais do que isso poderia ser asseverado, e havia muita confusão e teses de como isso seria realizado. Era comum, inclusive, acreditar que o Messias viria como um grande Rei que derrubaria os impérios e reis com mão forte. Acreditava-se que toda Israel herdaria o Reino dos Céus por ius sanguinis (direito de sangue).

Jesus Cristo então acaba com todas as dúvidas e especulações, declarando que Ele mesmo é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que o Reino dos Céus não é desse mundo. Ele ensina que quem nEle crer terá a vida eterna, independentemente de ser judeu ou gentio.

Em segundo lugar, o ministério de Jesus testificava a verdade de Deus

Havia ainda outra diferença entre o ministério de Jesus Cristo e o de João Batista, e dizia respeito ao testemunho da verdade de Deus. João declara para seus discípulos que ninguém aceitava o testemunho de Jesus Cristo, e isso encontra respaldo nas razões já citadas acima. Por outro lado, aqueles poucos que criam em Jesus certificavam que Deus é Verdadeiro.

Nessa distinção, negar o ministério de João Batista correspondia a negar as palavras do profeta, enquanto negar o ministério de Jesus Cristo correspondia à negar as palavras do próprio Deus. Ao homem que negasse João, outras oportunidades de testificar a verdade de Deus poderiam ser concedidas, tais quais a ação do próprio Espírito Santo através do ouvir a pregação de Jesus. Por outro lado, ouvir as palavras de Jesus Cristo e negar-lhe a verdade corresponde a efetiva e integral incredulidade. 

Essa distinção era de fato importante naquele contexto, pois alertava aos discípulos de João Batista que eles precisavam ser, antes de tudo, discípulos do próprio Jesus Cristo. Alertava que as palavras de João poderiam falhar, mas as de Jesus jamais falhariam. João poderia ter dúvidas, como de fato as teve posteriormente, mas Jesus Cristo era detentor da verdade de Deus e das certezas.

Em terceiro lugar, o ministério de Jesus é pleno e constante

A terceira distinção feita por João Batista corresponde à natureza do ministério do profeta, suas palavras e ações. Enquanto João Batista, como homem, recebia da autoridade do Espírito Santo em momentos específicos e para assuntos específicos, tais quais preparar o caminho para vinda do Messias; o próprio Jesus Cristo possui a plenitude do poder de Deus em todos os momentos.

João declara que Jesus não recebeu o Espírito por medida, em alusão à operação do Espírito Santo na vida dos homens. No Antigo Testamento nós vemos que a ação do Espírito num homem ocorreu em alguns momentos específicos da história, e de forma temporária. O Espírito Santo realizava uma determinada tarefa através do homem, e depois o deixava.

Jesus, por outro lado, não falava temporariamente através da ação do Espírito Santo, pois Ele mesmo possuía a autoridade para falar a Verdade. Ele veio dos céus, e não era um mero mediador da Palavra, um profeta como qualquer outro. João declara para seus discípulos que o Pai amava Jesus Cristo e entregou todas as coisas a Ele. Então Jesus não precisava aguardar o derramamento do Espírito Santo para dar autoridade em Seu ministério, pois Ele tem a autoridade sobre todas as coisas. Ele poderia ensinar o caminho ao Pai, a purificação e a salvação, pois ele mesmo detinha todas as coisas.

Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...