quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O que dizer sobre "Teologia da Revelação"

Depois de muito tempo sem conseguir escrever nada, estou de volta. O seminário tem suas próprias demandas no tocante ao que devo ler para acompanhar a grade curricular, de forma que tive que abandonar todas as minhas leituras e projetos de análise de livros. O mais próximo do tema do livro com o seminário foi a matéria de Cristologia e Trindade, ao falar de Trindade Econômica! Graças a Deus o primeiro semestre está terminando, e agora recomeço os meus projetos. 

O último livro que tive a oportunidade de ler foi Teologia da Revelação, de Timothy Ward, presbítero da Holy Trinity Church, em Hinckley, na Inglaterra. É o primeiro livro do autor que eu leio, e aparentemente todos os demais seguem essa linha de estudo da Palavra. Se forem tão bons quanto este, terei prazer em ler e utilizar cada um deles no meu Trabalho de Conclusão de Curso do seminário! Comprei-o por recomendação do professor Leclerc Victer, que o indicou como leitura complementar nas disciplinas de Panorama Bíblico do Antigo e do Novo Testamento.



Não, Teologia da Revelação não fala daquela irmã da igreja que os jovens tem medo quando vem na direção deles. A revelação trazida pelo autor é a Palavra de Deus. O livro aborda o conceito de revelação especial, sendo esta o próprio Cristo, o Verbo, e a Palavra inspirada pela qual todo homem toma ciência do Senhor Jesus e Sua obra redentora.

Acabei mergulhando de cabeça no texto, até mesmo pelo fato da proposta do livro ser exatamente algo que eu procurava: a doutrina das Escrituras de forma fundamentada na própria Palavra! Nada contra todos os demais autores que tive contato, mas o Timothy foi no centro da questão. Bibliologia é um ramo da sistemática considerado chato! E de quem é a culpa? Nossa, e ele explica o motivo.

O autor aponta que nosso maior problema, que torna este ramo da teologia pouco explorado e por vezes indesejado para a igreja, é que a nossa abordagem atual vai direto nos conceitos fechados e indiscutíveis, sem ao menos buscar um embasamento bíblico profundo. Sabemos conceituar perfeitamente que a Palavra tem autoridade, que é inerrante, suficiente e infalível. Mas sabemos fundamentar esses conceitos? Pela falta de reflexão do tema, o autor aponta que nossas EBDs tratam a questão da revelação especial como um conhecimento acessório, um pressuposto para se trabalhar questões que "realmente" falam de Deus, e para embasar a apologética. 

O objetivo do autor (alcançado sem dúvida alguma) é apresentar a revelação como um conhecimento direto de Deus, e não apenas um acessório. Desta forma, ele analisa as Escrituras dentro da relação trinitária, apresentando a forma como Pai, Filho e Espírito Santo agiram para a formação e entendimento do texto bíblico que temos hoje. Falar da bíblia não é dar um panorama para se falar de Deus; falar da bíblia é falar do próprio Deus que nela se revela!

O autor aborda sim os atributos das Escrituras, mas o faz de forma pormenorizada e fundamentada, não limitando-se a extrair conceitos sem levar o leitor a refletir no texto bíblico. Merece destaque o uso da Teoria dos Atos de Fala, o que me incentivou a estudar a tese em Filosofia da Linguagem de J. L. Austin, pela qual o autor esclarece que quando nos deparamos com o texto bíblico ver Deus falar é o mesmo que ver Deus agir. Por esta razão as Escrituras não podem ser postas como acessório, pois não se trata de registro histórico, mas do próprio Deus falando conosco! A inobservância do texto bíblico, neste caso, nada mais é do que desobediência ao próprio Senhor!

Por último, o autor apresenta a forma como a doutrina das Escrituras se aplica na vida cristã, demonstrando mais uma vez que bibliologia não é um conhecimento acessório, e sim prático, dinâmico e necessário para a vida e relacionamento com Deus e com a igreja! 

Recomendação pessoal: para qualquer cristão que deseje ter uma perspectiva sobre a bíblia que comece em Deus, estudantes de teologia que busquem material para falar dos atributos das Escrituras, ou mesmo da própria economia trinitário, no tocante a Trindade na revelação, pois o autor aborda muito bem o papel do Pai, Filho e Espírito Santo em sua formação e preservação até o presente momento. Por favor, professores de escola dominical, façam uma bateria de estudos com esse livro em vossas igrejas, pois é extremamente pertinente e salutar para todos!

Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...