sábado, 27 de fevereiro de 2021

Não seja hipócrita com a sua salvação (Romanos 6:1-2)

 "Que diremos pois?  Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?

De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?"

_____________________________________

O Palavra nos ensina sobre a suficiência e necessidade do sacrifício de Cristo. Como o Filho de Deus ofereceu o sacrifício definitivo em prol das suas ovelhas, capaz de remir cada pecado, de cada indivíduo, em cada geração até o Seu retorno. Isso implica, inclusive, na segurança do perfeito perdão dos pecados que sequer sabemos que iremos cometer.

Como exemplo desta verdade, Jesus nos é apresentado como aquele que perdoou os pecados cometidos pela mulher adúltera (João 8:11), da mesma forma que perdoou a covardia de Pedro, sabendo de antemão que seria negado por ele (João 21:15-22).

Cristo leva sobre si todos os nossos pecados no momento da crucificação, recebendo em Si mesmo o peso da Ira de Deus que deveria ser despejada individualmente a cada um de nós. O peso da dívida eterna, multiplicado por milhões ou bilhões de cristãos que viriam a entregar sua vida a ele no curso da história. O sofrimento justo de tantas pessoas sendo derramado ao mesmo tempo sobre um único indivíduo!

Nisto compreendemos quando Paulo nos ensina que onde abundou o pecado, a graça foi super abundante! No momento em que o pecado se fez mais presente, sendo todo imputado à um único indivíduo, a graça foi superabundante, derramando o perdão de Deus  pelos séculos dos séculos.

Então um pensamento pode ter surgido na sua mente neste exato momento: Isto quer dizer que não importa o pecado que eu cometerei, jamais perderei a minha salvação! Acredite! Esse pensamento vai surgir na sua mente em diversas ocasiões.

Todos os dias da sua vida você é tentado, e em algumas oportunidades você vai se pegar diante da consciência de que está cometendo um pecado, ou prestes a cometer. É neste momento que você pode trazer a memória a segurança da sua salvação. Você pode pegar-se pensando coisas do tipo "Não importa o que eu farei hoje, Cristo continua me amando."; ou mesmo decidindo pecar com a vã ilusão de que depois você se acerta com Deus. Se esse pensamento tem justificado a maioria das suas ações, eu preciso avisar que você tem sido um hipócrita diante de Deus. 

Você é hipócrita quando sonega impostos, esconde bens e fortunas da Receita Federal, e depois se apresenta diante de Deus com a justificativa que se o país não fosse tão corrupto e desfavorável ao empreendedor você não precisaria agir assim pra conseguir ter mais estabilidade financeira. E no final da noite descansar sabendo que foi perdoado, mas sem nenhuma intenção de regularizar as contas da sua empresa.

Podemos ser hipócritas diante da pornografia, da imoralidade sexual e do adultério, e tirar texto bíblico do contexto para afirmar que "a carne é fraca". E se pegar diante de Deus culpado e justificando alguma solidão, insegurança ou falta de afeto com a qual Satanás teria te tentado, mas ao mesmo tempo cedendo ao pecado, porque sabe da segurança da sua salvação. Você aceita lidar com o sentimento de culpa momentâneo que aquele prazer vai te gerar, mas sabe que os dias vão passar, que o silêncio de Deus vai terminar, e ele graciosamente vai derramar seu amor sobre você novamente! Hipócrita.

Você é hipócrita quando ora por sua igreja, por seus irmãos, por sua família, ou por quem quer que for, e logo após isso os mesmo lábios destilam palavras venenosas e fofoca. Alguém te procura, abre a sua vida, confessa seus pecados e te pede oração e auxílio em secreto. Então você fica afoito com aquela informação, e corre para partilhar com o seu grupo de oração, com sua esposa, melhor amigo, ou quem quer que seja, mesmo sabendo do grande risco daquela informação vazar. E no final da noite você pede perdão e descansa na segurança da sua salvação, tentando dizer a si mesmo que não foi fofoca, mesmo sabendo que quebrou a confiança do seu irmão, ainda que com a "boa intenção de aumentar as orações em favor de um aflito". Então você usa a sua condição de salvo e o seu dever cristão de servo como uma liberalidade para fofocar. Hipocrisia.

Nestas e em outras diversas oportunidades, você está usando a segurança da sua salvação como prerrogativa para se livrar do sentimento de culpa do pecado que você sabe que está cometendo. Você está tentando tomar para si algo que não lhe pertence!

A culpa só pode ser superada diante do verdadeiro arrependimento pelos pecados cometidos. Se não há de fato compreensão do pecado, sentimento de necessidade de mudança, intenção de mudar e principalmente amor por Jesus, é desejável que a culpa nos corroa e ajude a mortificar nossa carne! Ausência de culpa sem arrependimento é como usar Cataflam: você vai se ver livre da dor, mas não da lesão.

O que devemos fazer para não ser hipócritas em nome de Jesus?

Em primeiro lugar, reflita sobre as palavras do sermão de hoje, e tente pensar consigo mesmo se não há questões na sua vida com as quais você tem agido com hipocrisia. Não estou falando dos hipócritas que pregam sobre algo que não vivem, os quais podem muito bem ser apontados por qualquer cristão e pela igreja. A hipocrisia diante da segurança da salvação é um pecado que apenas você pode esquadrinhar.

Quando você adultera, seu irmão vê apenas o adultério. Quando você sonega impostos, seu irmão vê apenas a sonegação. Com todos os pecados é assim! Vemos apenas a ação, porém nunca vemos a intenção. Só você é capaz de saber tentou se livrar da culpa do pecado descansando na segurança da sua salvação. Só você sabe o que pensou na hora da tentação e na hora da consumação. Só você sabe o que fez para tentar dormir tranquilo a noite.

Em segundo lugar, diante da tentação e do pecado, tenha em mente o preço da cruz. Quando você pensar na segurança da sua salvação, pense no alto preço que foi pago para isso. Olhe para Jesus sendo perseguido pelos fariseus, sendo traído por um discípulo que comia à mesa com ele. Pense nele sendo raptado na calada da noite, como um bandido. Lembre que ele foi torturado, escarnecido por soldados, açoitado, humilhado.

Pense na agonia do Getsêmani. Pense em Jesus quase morto e arrastando uma cruz de no mínimo 30kg até o local da sua morte. Pense em seus pulsos e pernas sendo perfurados por pregos, e na gravidade o sufocando lentamente. Pense na tristeza de estar só neste momento, pois todos seus discípulos fugiram. Pense em ver sua mãe em choque contemplando o filho crucificado.

Pense que se Jesus foi capaz disso tudo por você, você também é capaz de vencer o pecado por Ele! Sim, haverão lutas que perderemos, mas não tente justificar que não é capaz de ficar sem pecar a vida toda! Você não precisa da sua vida toda agora, e tudo se restringe a este momento! Vença o pecado diariamente! Peça forças hoje, para vencer os pecados de hoje! É assim que se vive a santificação! UM DIA DE CADA VEZ, TODOS OS DIAS.

Eu sei que na hora o pecado parece mais forte, a vontade irresistível e o prazer indispensável. Mas pense em Jesus, que suportou todo o sofrimento no momento com olhos na eternidade. Ele não focou na dor e ofensa, e sim na glória de ver a sua igreja redimida pela eternidade no Seu sangue! Faça o mesmo! 

Então eu te pergunto: Permaneceremos no pecado, para que a graça seja derramada?

Não? Então não seja hipócrita com a segurança da sua salvação!


Extraída de: https://www.abimaelcosta.com.br/2018/04/quando-hipocrisia-e-mascara-dos-abutres.html


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Abordagem do artigo "A Comissão Pastoral da Terra e a Laudato Si"

A superação do paradigma da civilização capitalista e a abertura ao do paradigma ecológico

Ruben Siqueira

 


O artigo aborda a relação da CPT com o documento redigido pelo papa, denominado Laudato Si. O texto e conteúdo do documento chamam a tenção por diversos motivos, os quais elencarei nos parágrafos abaixo.

Em primeiro lugar, destaco a grande possibilidade de cristãos protestantes unirem-se a católicos, associações paraeclesiásticas e mesmo grupos gentílicos que defesa e promoção do meio ambiente. Isto porque a Ecologia é um assunto de trato comum, cujas obrigações humanas e mandato cultural estrapolam barreiras dogmáticas.

Afinal, o cuidar da terra foi um mandato dado à humanidade, que tomada pelo pecado, exerce exploração dos recursos naturais de forma desenfreada. No texto em questão, os efeitos do pecado recebem o nome de “paradigma da civilização capitalista”, o qual entra em conflito com o paradigma ecológico.

Neste sentido, a segunda consideração é a própria necessidade da quebra de paradigmas. Ao estudar as interações do homem com o meio ambiente, deparei-me com a visão mais atual de exploração ambiental consciente, a qual considera os recursos não apenas ao tempo  presente, mas também para as próximas gerações. O dito paradigma ecológico é a mudança de cosmovisão de um modelo predatório que visa o lucro máximo para um modelo de consumo consciente de recursos.

Tal sistema apresentado no texto e nas faculdades de Administração possuem respaldo bíblico, caso o cristão deseje caminhar e encontrar um ponto de contato com os demais habitantes do planeta que não comungam da mesma fé: é a ordem do Senhor para governar sobre a criação e cuidar do Éden, conforme vemos no texto de Gênesis.

Em terceiro lugar, compreendendo a missão integral ensinada por Abraham Kuyper, cuidar do ambiente também é cuidar do indivíduo em todos os seus aspectos. Isto porque o homem é um ser social, cujas ações causam/sofrem conseqüências dos demais indivíduos a sua volta, tanto em escala micro como em escala macro. Neste sentido, o texto deixa bem claro que qualquer crise ambiental não ocorre alheia à uma crise social, visto que afetam a todos.

Geralmente se vincula a teologia de Kuyper à necessidade de cuidar dos hipossuficientes, e nem esta visão entra em confronto com o texto. Afinal, qualquer impacto ambiental é sentido primeiro pelas camadas mais baixas da sociedade. Geralmente é o pobre que sente o impacto das calamidades ambientais, das doenças, epidemias, catástrofes naturais, etc.

Ainda sobre a missão integral, é interessante a visão do Reino de Deus presente entre/através dos cristãos, de forma que somos responsáveis pelas coisas que acontecem agora. É ruim uma teologia que ensine o homem a ter os olhos apenas no reino escatológico, sem compreender que Cristo se faz presente  hoje através da Sua igreja!

A missão integral até recebe um nome específico no artigo: Ecologia Integral. Logo, a construção de uma cultura e cosmovisão de proteção ao ambiente.

Por fim, o artigo é de extrema necessidade, sendo necessário que façamos a leitura sem qualquer preconceito. Isto porque o texto em si é proposto como uma crítica ao capitalismo predatório. Repita-se: capitalismo PREDATÓRIO.

No país polarizado no qual vivemos, e mesmo em contexto de idolatria política (independente de espectro político), qualquer crítica ao capitalismo, ainda que justa, é o suficiente para rechaçar todo um trabalho, “jogando fora o bebê junto com a água”.  As críticas do artigo são corretas, e um capitalismo que explora o indivíduo e o ambiente de forma predatória merece e precisa ser combatido!

Encerramos com a final do artigo, contida na Laudato Si:

 

“A cultura ecológica não pode se reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático”

 (LS 111)


REFERÊNCIAS:

Revista Ecoteologia, 2ª Edição. Organização: Moema Miranda. Edição/diagramação: Osnilda Lima, fsp.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A Integridade da Pregação - John Knox

Bem... 

Recentemente precisei fazer uma resenha sobre o texto "A Integridade da Pregação", do autor John Knox, e confesso que foi um dos textos que menos me agradou. Não digo com isso que a obra é ruim, mas apenas um tanto enfadonha.

Não tive a oportunidade de ler outros textos do mesmo autor, mas a despeito da qualidade teológica das informações acerca da pregação bíblica, a leitura foi extremamente custosa. O texto em si possuía 33 páginas, mas levei um tempo considerável para conseguir terminar a leitura, simplesmente por não sentir vontade de continuar.

Por vezes me sentia andando em círculos durante a leitura, e embora os argumentos e parágrafos fossem longos, tudo que Knox queria apresentar poderia ser escrito  em poucas linhas. Pior ainda, por algumas vezes senti que estava diante de um emaranhado de palavras que no final sequer traziam uma definição satisfatória da ideia do capítulo.

Entretanto, confesso que minhas impressões pessoais da obra podem ser consequência direta da pouca apreciação que senti pela escrita do autor... Ou pelo menos da forma como o texto foi traduzido.

Feitas as considerações pessoais, o texto não deixa de trazer informações importantes e interessantes acerca da pregação! Destaco, neste sentido, a pregação ser considerada como uma oferta a Deus. E coloco abaixo a resenha que apresentei no seminário, tendo o referido texto como base!

Espero que possa ajudar vocês!


RESENHA:

Título do original THE INTEGRITY OF PREACHING. Abingdon Press, New York, 1.a edição, 1957. Edição em língua portuguesa, com colaboração do Fundo de Educação Teológica, pela Associação de Seminários Teológicos Evangélicos. São Paulo, 1964.

 

Nesta obra, o autor busca apresentar a importância da integridade na pregação, salientando, inicialmente o desvio que a pregação bíblica estava sofrendo. Havia, em seu contexto social e histórico, uma ênfase na cultura, experiências pessoais e opiniões dos pregadores, ao passo que a Palavra de Deus era posta de lado nas pregações.

Portanto, o autor inicia pontuando que a pregação bíblica não diz respeito ao modo da exposição, e sim quanto ao seu conteúdo. Neste sentido, é uma armadilha para qualquer pregador perder-se do sentido do texto, ao fazer uso das diversas ferramentas de hermenêutica e homilética. Com isto, não devemos negligenciar o uso de tais instrumentos, visto que dados por Deus. Entretanto, é necessário que o pregador não se distancie da Palavra, e nem analise-a de forma fria e descomprometida.

Tal conteúdo é nada mais nada menos do que a própria literatura de Deus, que nos transmite Sua presença e ação poderosa, de forma que é objetivo da pregação bíblica transmitir a mesma presença e ação poderosa do Senhor aos homens que estão ouvindo. Portanto, a bíblia não é apenas útil na pregação, conforme Knox, mas absolutamente indispensável.

O autor define a pregação bíblica por quatro pontos: (1) mantém proximidade com as ideias bíblicas essenciais; (2) se preocupa com o evento principal das Escrituras. Jesus Cristo; (3) dá respostas e nutre a vida essencial da Igreja; (4) a mensagem pregada é recorrente, e se repete na vida dos ouvintes e pregador.

Em seguida, o autor aborda a relevância da pregação bíblica, que deve ser aquela não apenas comprometida com o contexto do texto bíblico, mas também com o contexto presente, interrelacionando autenticidade histórica e relevância. Neste ponto, John Knox apresenta a importância de haver equilíbrio, para que o pregador não se torne nem desconexo com a sua realidade, e nem descontextualizado ao período bíblico.

Knox informa a necessidade de que para um texto seja utilizado, o pregador tenha conhecimento acerca do seu sentido original, pois o sentido básico do texto bíblico é o seu significado histórico. E, ainda que de fato possamos afirmar que as palavras dos autores bíblicos são mais fecundas do que o próprio conhecimento deles, Knox afirma que o principal autor dotado desta característica é o próprio Jesus Cristo. O problema é que não há como alegar que as palavras de Jesus são mais fecundas do que o seu próprio conhecimento, uma vez que Cristo é a própria revelação, e por diversas vezes demonstrou saber extraordinário e autoridade.

Ato contínuo, o autor informa que pregação é ensino, e que todos os apóstolos eram professores. Faz, entretanto, uma distinção entre profetas e professores, ao definir que nem todos os professores eram profetas, embora todos os profetas fossem professores.

Knox acerta ao defender que nem todos os assuntos, por mais edificantes que sejam, devem ser conteúdo de sermões. Os sermões precisam ter como característica a pessoalidade, consubstanciado pelos conhecimentos, preparo, personalidade e devoção daquele que ministra o conteúdo. Portanto, o sermão pode ser definido como expressão humana.

Essa ênfase na pessoalidade acaba se direcionando para o caráter de culto da pregação. Há uma ligação íntima e necessária entre pregação e culto, uma vez que o sermão é uma oferta a Deus, desde o preparo disciplinado até a exposição diante da congregação com temor e tremor. Conforme bem apontado pelo autor, é  no momento da pregação que o cristão sente de forma mais aguda a sua fraqueza, vazio e pecado.

Por fim, o autor encerra o seu texto definindo a pregação como um sacramento, tomando como base o fato dela também se caracterizar como uma oferta a Deus.

Assim sendo, com base no Novo Testamento, pode-se inferir que a pregação é também ação do Espírito Santo e dom espiritual. Segundo John Knox, à semelhança da Eucaristia, quando o pregador está proclamando o sermão, não há apenas palavras sendo ditas, como toda a ação descrita está sendo novamente efetuada para os ouvintes. Isso entra em concordância com o ensino de Knox ao declarar que a mensagem do evangelho é recorrente.

Conclui-se, portanto, que a pregação bíblica é aquela que mantém a integridade dos seus aspectos. É dotada de vida, poder, e ação direta do Espírito Santo, através de servos que vivem a própria mensagem pregada.




Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...