domingo, 14 de novembro de 2021

Aniversário da Igreja Congregacional de Pedra Bonita


Desejo aos irmãos da Igreja Evangélica Congregacional de Pedra Bonita a  alegria e direcionamento que apenas o Espírito Santo é capaz de nos dar! Parabéns  por mais um ano dedicado ao Senhor Jesus!!!

Quando lemos Romanos 8 estamos diante de uma mensagem emocionante e inspiradora de esperança e paciência. Mas também nos apresenta a certeza de outras coisas que num primeiro momento nos parecem ruins, como oposições, acusações e condenações.

É certo que ao abordar estas coisas, Paulo quer mostrar para igreja que mesmo o seu sofrimento coopera para o bem daqueles que verdadeiramente amam a Deus. Desta forma, a igreja de Cristo deve estar ciente de que foi chamada por Deus, e cada um dos seus membros tem um propósito santo.

Mesmo que as vezes não sejamos capazes de entender, há sim um propósito para nossos dilemas, conflitos e experiências de vida. Todas elas nos conduzem, em vida, para o Senhor da Igreja. Pensando nisso, qual é o propósito dos membros de uma igreja?

Compreender o propósito de uma igreja, é antes de tudo compreender a nossa condição diante do Senhor! Éramos seus inimigos, indignos de nos apresentar diante do Senhor por causa dos nossos pecados. Éramos, por natureza, desobedientes, egoístas e amantes da idolatria.

Os homens caminham dia após dia em direção à destruição e oposição a tudo que vem de Deus, e é santo. A própria natureza sofre as consequências do nosso pecado. Tudo a nossa frente é destrutivo e autodestrutivo. Por vezes nós lemos notícias de crimes tão horrendos e sofrimentos tão intensos, que fazem o mundo lá fora questionar se Deus realmente existe!

Deus, por outro lado, em Sua imensa bondade, decidiu chamar homens, mulheres, crianças e adolescentes para Si, os escolhendo desde a eternidade com um propósito. Esse é o propósito  dos membros de uma igreja: ser a imagem de Jesus Cristo no mundo! 

Nós, a igreja de Cristo, recebemos a maravilhosa missão de pregar sobre a misericórdia de Deus através do Seu Filho Jesus Cristo, o qual é o primogênito de muitos irmãos; o cabeça da igreja; aquele que vem antes de tudo; aquele por meio do qual todas as coisas existem, e sem o qual nada existiria.

A primeira razão que a igreja de Pedra Bonita tem para comemorar seu aniversário, é que o próprio Jesus Cristo a selecionou desde a eternidade para levar a mensagem da cruz pelo bairro de Aldeia da Prata e por todo o mundo! Deve comemorar, pois um dia Deus chamou cada um de vocês, membros da igreja, e deu um propósito abençoado.

Devem comemorar, pois seus pecados foram perdoados e justificados pelo Senhor Jesus Cristo, e hoje caminham em direção ao novo céu e terra, no qual louvará diante do Senhor, sem pecado, mas de maneira glorificada e pura.

Portanto, repito a pergunta do apóstolo: Diante de tudo isso que já falamos, se Deus é por nós, quem será contra nós?

Essa é a segunda razão pela qual devemos comemorar o aniversário da igreja! Pedra Bonita é alvo do amor e proteção do próprio Deus! É o próprio Deus que a sustenta diariamente, protegendo-a e edificando-a. Deus exorta e consola a igreja, e distribui gratuitamente o Seu amor e os Seus dons espirituais!

Deus amou tanto cada membro da Sua igreja, que deu Seu próprio Filho por ela! Fazendo isso, ele nos deu todas as coisas, e a maior delas foi a salvação! A igreja deve comemorar que não há nada mais que ela possa receber de especial, pois todas as coisas já foram dadas para ela gratuitamente e por amor!

A terceira razão pela qual devemos comemorar, é que ela não precisa temer acusações! Ora, irmãos, se o próprio Deus nos considera justos, não importa o que o resto do mundo diga sobre nós! Não devemos temer ser acusados de qualquer coisa quando pregamos e  vivemos a Palavra, pois o único a quem importa temer é o próprio Senhor!

E sendo acusados, se viermos a ser julgados e condenados por tribunais dos homens e pela opinião pública, louvado seja o Senhor!

Cristo nos salvou e nos deu um propósito, é isto  é o que importa para nós! Todos os dias ele olha atentamente para Sua igreja  e intercede junto ao Pai por nós,  de forma que não somos condenados ao inferno por nossos pecados! 

Essa é a quarta razão pela qual devemos comemorar: O Filho de Deus está aqui nesse momento! Ele participa ativamente da vida e atividade da igreja. Ele não está distante de nós, mas está conosco a cada culto e louvor! Ele caminha lado a lado conosco e nos orienta nas nossas decisões! Ele participa ativamente da nossa santificação colocando-se ao lado do Pai e intercedendo pelo nosso bem! 

Por fim, a igreja deve comemorar porque nada a separará do amor de Cristo! Ele morreu  e ressuscitou por nós! Nem mesmo nossos pecados podem nos separar do amor de Deus, pois Ele nos amou e salvou quando ainda éramos Seus inimigos.

Nem nós, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus. Nem mesmo perseguições, ou  fome, ou ameaças e nem mesmo a morte podem nos separar de Jesus e do Seu amor verdadeiro! Em todo contexto possível a igreja de Jesus vai triunfar, crescer e existir, pois a vitória está em Cristo, que já triunfou.

Que a Igreja Congregacional de Pedra Bonita não esqueça jamais que a maior razão pela qual deve comemorar é poder amar e louvar ao Senhor Jesus Cristo!

Pedro Silva Drumond,
Seminarista da Igreja Evangélica Congregacional de Niterói, em atividade na Primeira Igreja Evangélica Congregacional de Marambaia.
 

sábado, 6 de novembro de 2021

Congresso Teen - 2021 - Brilhe para glória de Deus

 


1 - Qual o significado e a importância do amor ágape na Bíblia??

O amor ágape pode ser compreendido basicamente como o tipo de amor que Deus sente por sua criação e por sua Igreja. Devemos entender ágape como um amor abnegado, incondicional, que procede da vontade e determinação de amar!

Assim, é mais fácil compreender como Deus nos ama, mesmo sendo pecadores. O amor de Deus não é baseado puramente nos seus sentimentos pela humanidade, pois do contrário, ele viveria irado conosco. Quer dizer que, independente de qualquer coisa, Deus está determinado a nos amar!

Deus é tão determinado a nos amar e tem tanta vontade de nos salvar, que deu Seu Filho para morrer em nosso lugar (João 3:16)!!!

E qual a importância disso?

Em primeiro lugar, o amor ágape é um consolo nos momentos que pecamos, pois Deus nos conforta com a certeza de que os nossos erros não vão nos afastar do Senhor para sempre. Se Deus está sempre determinado a nos amar, e nos amou mesmo quando éramos Seus inimigos, isso significa que não há nada que vai nos separar do amor dEle!

Em segundo lugar, o amor ágape é um padrão que nós cristãos devemos buscar. O amor ágape não deve ser tratado como algo sempre impossível para igreja, mas como algo que nós devemos buscar. Se somos imitadores de Cristo, precisamos aprender a amar como Ele amava: ágape.

Isso tanto é verdade, que o amor ágape vai ser cobrado da igreja expressamente, como por exemplo, em Efésios 5:25: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela".

2 - Deus perdoa todo e qualquer pecado?

NÃO!

Existe o pecado que não pode ser perdoado, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo, como o próprio Jesus declarou em Marcos 3:28-30 e Lucas 12:10.

Devemos, entretanto, levar esses textos em consideração junto com textos como o de Atos 16:31 e João 6:40, no qual fica claro que a fé no Filho garante a salvação do homem. Logo, não são considerados como blasfêmia contra o Espírito Santo:

  • Negar Jesus Cristo durante um tempo;
  • Negar por um tempo a graça de Deus;
  • Negar a divindade do Espírito Santo durante algum tempo;
  • Pecar contra o Espírito Santo;
Como definir Blasfêmia contra o Espírito Santo? A blasfêmia contra o Espírito Santo é a atribuição consciente da obra do Espírito Santo à Satanás; é negar a obra de Cristo por Cristo, atribuindo o que ele fez ao diabo. Dizer que Jesus era aliado do inimigo de Deus.

Não se trata de um único pecado, e sim a demonstração de um estado de pecado através da oposição intencional e obstinada ao poder do Espírito Santo, tendo como exemplo o texto de 1 João 5:16.

3 - Cristãos com pensamento comunista, pode?

Na teoria o comunismo é uma ideologia que prega o fim das desigualdades sociais, através da democratização dos meios de produção e acesso igualitário às riquezas produzidas. Marx buscava o fim dos conceitos de classe social e propriedade privada.

Vamos analisar o comunismo por quatro perspectivas:
  • Estado: no comunismo  o Estado não existe.
  • Propriedade privada: não existe propriedade privada, e os meios de produção pertencem a todos os cidadãos.
  • Forma da divisão da produção: tudo é dividido conforme a necessidade de cada pessoa.
  • Classes sociais: não existem.
Com base nestas informações, o cristão pode ser comunista?

Cristão pode acreditar na ausência do Estado? Não, pois ele é a espada de Deus para punir os injustos, conforme Romanos 13:4-6. A razão pela qual o comunismo não funciona, é porque se torna inviável pensar num mundo onde o pecado e maldade dos homens não existam, de forma que o Estado e sua função punitiva também deixem de existir. Sempre será necessário um agente regulador das relações pessoais, o qual deverá fiscalizar a aplicação da justiça e das leis.

Cristão pode acreditar na ausência de propriedade privada? Sim, mas não pode impô-la, pois é questão de foro íntimo! Aos que usam o texto de Atos 2:44-46, lembrem-se de que o que acontecia em Jerusalém não foi uma regra fixada pelos apóstolos, e nem o modelo aplicado nas demais igrejas.

Em primeiro lugar, a igreja de Jerusalém estava lidando com uma consequência do seu crescimento. No derramamento do Espírito Santo em Pentecostes judeus do mundo inteiro estavam presentes, e os que se converteram ficaram na cidade. Ou seja, milhares de pessoas sem atividade laborativa e residência. Como a igreja resolveu isso? Vendendo as propriedades excedentes e partilhando com essas pessoas.

E ainda assim, isso não era a regra, pois quando Ananias e Safira morreram, o próprio apóstolo Pedro declarou que a razão não foi em não ter dividido o dinheiro todo, mas por mentirem para Deus (Atos 5:1-4). Eles poderiam ter sido sinceros quanto a ter retido parte do fruto da venda.

Em segundo lugar, a propriedade privada é consequência direta do mandamento do Senhor de que o homem trabalhe, e que o mesmo seja digno do seu salário. Por vezes na Palavra de Deus vemos o Senhor tornar seus servos prósperos nos seus negócios, de forma que os mesmos reconheçam o Seu cuidado.

Além disso, vemos que a Lei nunca determinou que o homem abdicasse das suas terras ou colheitas, nem que as dividisse, mas que permitisse que os frutos da colheita que caíssem no processo fossem deixados para os mais necessitados. Deus quando determina desta forma está deixando bem claro que Seu intuito é que de fato cuidemos dos mais necessitados, mas em momento algum impõe a divisão da propriedade privada.

Então se um cristão acredita no fim da propriedade privada, deve ele mesmo abrir mão da sua em benefício dos outros, e viver como um monge franciscano, apenas com aquilo que é necessário para sobrevivência.

O cristão pode acreditar na divisão conforme a necessidade de cada um? Não, pelos motivos acima. Entretanto, o cristão deve acreditar na abertura de oportunidades iguais, e na assistência e justiça social que permita que isso ocorra. Somos encantados pela ideia de todo mundo tendo todas as coisas por igual, mas isso é até mesmo impossível quando olhamos para alguns bens.

É possível se falar na busca pelo acesso igualitário à cesta básica, à saúde, segurança, e por estas coisas devemos lutar. Outra coisa é falar, por exemplo, que bens de difícil ou escassa produção poderão ser divididos igualmente para todas as pessoas do mundo inteiro, ou mesmo de um país. Haverá sempre alguém que ficará de fora da divisão, não por ser inferior, mas porque a oferta de um determinado bem por vezes vai ser menor que a sua demanda!

Quanto ao fim das classes sociais, Marx queria por fim à burguesia e proletário, democratizando o acesso aos meios de produção. Como nós já falamos, é errado impor a divisão da propriedade privada a ponto de que deixe de existir a figura de um empregador e trabalhador. 

O cristão, por outro lado, deve lutar por leis trabalhistas justas, que assegurem a dignidade da pessoa humana e condições dignas para o exercício da atividade laborativa.

4 - Cristão pode "ficar"?

Não.

O plano de Deus para o relacionamento entre um homem e uma mulher sempre foi um espelho do relacionamento consigo mesmo. Assim, para que eu possa me relacionar com alguém, não basta ter desejo, vontade e atração. É preciso ter comprometimento, responsabilidade e comprometimento com a outra pessoa. Você não vai encontrar na bíblia nenhum romance desses que a gente vê na Netflix  onde uma paixão arrebatadora pega o casal, e rola aquela coisa "de pele".

Você sempre verá na Palavra um homem e uma mulher que assumiram um compromisso pra vida inteira um com o outro!

Discursos como "E como você vai saber se gosta do beijo da pessoa?" não tem qualquer função. O beijo, o carinho, tudo isso é sempre bom quando há amor. Se há a intenção de demonstrar amor e carinho quando nós beijamos nossa namorada/ noiva/ esposa, é evidente que tudo será bom.

Na verdade, essa história de "Como vou saber se gosto do beijo da pessoa?" quer dizer outra coisa: Como  vou saber que o beijo da pessoa vai me atiçar sexualmente? Quem fala isso, na verdade, quer saber se vai ficar excitado na hora do beijo, o que é uma curiosidade bastante perigosa para se ter, se o seu objetivo é um relacionamento santo.

5 - Como posso fazer boas obras?

O conceito bíblico de boas obras é defini-las como aquilo que fazemos em obediência ao Senhor (João 15:6), como fruto (e não a causa!) da nossa salvação, e com o objetivo de glorificar o nome do Senhor. Todas as coisas na sua vida podem ser feitas como uma boa obra, se elas forem consequência de uma mente e coração que estavam dispostos a agradar a Deus quando as realizaram!


domingo, 31 de outubro de 2021

A procura da Palavra como uma das maiores lições da Reforma Protestante

 

"Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra, e luz para o meu caminho."

Salmos 119:105


No dia de hoje comemoramos o Dia da Reforma Protestante, quando Martinho Lutero fixou nas portas da Catedral de Wittenberg as suas 95 Teses acerca da prática de indulgências pela Igreja Católica Romana. Lutero desejava iniciar uma Disputa, um debate teológico acerca daquelas práticas, através da qual o perdão pelos pecados e mesmo a salvação eram oferecidas para quem pudesse pagar mais.

Quando o reformador afixou as teses, a sua luta não era contra a Igreja Católica, muito menos contra o Papa: Lutero lutava pelo respeito à Palavra de Deus.

Na nossa reflexão de hoje, gostaria de abordar um dos aspectos mais marcantes de toda a Reforma Protestante, qual seja, a possibilidade de procura e acesso a Palavra de Deus por todas as pessoas. Embora eu vá abordar alguns aspectos do período da Reforma, o ponto principal de hoje é refletir no que chamamos de Sola Scriptura. Quais são as lições de Lutero e dos reformadores quando eles se posicionam em prol das Escrituras?

1ª lição: Sem a Palavra, somos levados por todo vento de doutrina, movimento ou heresia

O período da Reforma e da Pré-Reforma  é marcado pela falta de conhecimento, no geral. A maioria da sociedade era analfabeta, e pouquíssimas pessoas sabiam ler. No geral, essas pessoas pertenciam ao clero. Já a Palavra, antes da prensa de Gutemberg, precisa ver reproduzida página por página, manualmente, o que limitava muito o número de cópias.

Portanto, era comum que as pessoas comum as pessoas acreditarem em tudo que os sacerdotes e o clero afirmavam. Sem o conhecimento acerca da verdadeira fé em Jesus Cristo, as pessoas acreditavam que precisavam se submeter a tudo que lhes era exigido. 

Havia uma visão sinérgica acerca da salvação, pela qual a penitência era capaz de fazer que os homens se livrarem da culpa dos seus pecados, seu período no purgatório, e mesmo dos seus familiares. Um papa poderia declarar um verdadeiro cristão em herege, e fechar as portas do céu para quem desejassem.

Isso nos ensina, que sem o acesso direito à Palavra de Deus, todos nós somos como aquelas pessoas que não tinham a capacidade de discernimento. Todos nós podemos ser vítimas de maior ignorância, e mesmo de homens maliciosos dispostos a usar a nossa fé para o seu próprio benefício. 

Somente a Palavra de Deus pode nos proteger de todos estes males.

2ª lição: A Palavra de Deus é a regra de fé e prática da igreja

Quando olho para Lutero diante da Dieta de Worms, vemos um homem de consciência limpa. Lutero estava disposto a entregar a sua vida, mas totalmente avesso à ideia de rejeitar seus escritos, pois acreditava que estavam totalmente de acordo com a Palavra. Lutero mostrando a todas as pessoas, e a nós, que a consciência do cristão é escrava de Cristo, e não dos homens.

Lutero declarou na Dieta:

“A menos que possa ser refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos (visto que não creio no papa, nem nos concílios; é evidente que todos eles frequentemente erram e se contradizem); estou conquistado pela Santa Escritura citada por mim, minha consciência está cativa à Palavra de Deus: não posso e não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência. Esta é a minha posição. Não posso agir de outra maneira. Que Deus me ajude. Amém!”.

A Palavra de Deus precisa ser a regra de fé e prática da igreja; aquilo que faz os homens agirem ou pararem; falarem ou se calarem. A  igreja que Lutero buscava era a igreja que buscava a Palavra como meio de descobrir uma vida que agrada a Deus.

Com esta afirmação, não estou negando a autoridade pastoral e a tradição da igreja, mas afirmando que não podem se posicionar em contradição com a Palavra. Caso ocorra, os mandamentos devem ser observados, e nem a ordem eclesiástica.

Também não nego as autoridades civis, pois a própria Palavra as definem como espada do Senhor, meio de justiça e punição do injusto. Digo, por outro lado, que nossa submissão ao Estado não deve ficar acima da submissão ao Senhor.

Por último, não nego a autoridade pastoral, mas que a mesma deve ser confrontada com os mandamentos do Senhor.

3ª lição: O acesso à Palavra precisa ser universal

Lutero se dedicou à tradução da bíblia do latim para o alemão, para que as pessoas comuns pudessem ter acesso ao texto bíblico sem necessidade de um intermediário. O reformador entendia a necessidade do acesso do povo ao Seu criador.

O que é o evangelho se não Deus falando diretamente com os homens? Privar os homens da bíblia é privá-los do contato com Jesus.

É partindo dessa premissa que precisamos lembrar que há grupos sociais com acesso muito restrito à Palavra e à pregação. Reflita: se um deficiente auditivo entrar na sua igreja hoje, há um intérprete de Libras preparado para isso?

A igreja deve investir na propagação do evangelho, no trabalho de intérpretes, tradutores, medidas de acessibilidade e capacitação de pessoas para alcançar os perdidos.

4ª lição: É através da Palavra de Deus que podemos ser santificados

Quando olhamos para a Igreja no tempo de Lutero, vemos um quadro deprimente. Havia um declínio moral extremo entre o clero, que necessariamente precisava observar o celibato. Como consequência, muitos sacerdotes tinham concubinas, frequentavam prostíbulos ou mantinham relações ilícitas com mulheres da sua congregação.

Estamos falando de um clero sem preparo teológico, que tinha mais contato com determinações papais e de autoridades da igreja do que com a própria Palavra.

Também estamos falando de um clero corrupto, que por vezes vendiam decisões, cargos, e mesmo a salvação e o perdão.

As pessoas não sabiam que era possível glorificar ao Senhor, vivendo de maneira santa nas coisas comuns, como estudo e profissão.

5ª lição: Pregar o simples evangelho é pregar o evangelho de uma forma que seja simples para quem está ouvindo

Lutero escreveu dois catecismos: o Maior e o Menor. Textos que visavam ensinar uma congregação, e mesmo um clero, sem qualquer preparo teológico.

Com isso, Lutero nos ensina que pregar o simples Evangelho é pregar de forma simples para quem está ouvindo, o que não significa negar espaço ao profundo ensino e estudo teológico.

Precisamos entender que alguns se converterão com poucas palavras, outro, talvez, mediante um debate filosófico ou científico à luz da teologia. 

Devemos sempre adequar o conteúdo ao público alvo da mensagem, o que não significa diluir o evangelho e empobrecer seu conteúdo.

6ª lição: Precisamos usar todos os meios de propagação da Palavra:

POR CAUSA DA RELAÇÃO DE LUTERO COM A MÚSICA

MÚSICA, MÍDIAS SOCIAIS, CINEMA, PODCASTS, ETC

7ª lição: Manter a sua bíblia fechada é ignorar toda a luta que vivemos para que tivéssemos acesso a ela

EXORTAÇÃO A SE VOLTAR PARA PALAVRA DE DEUS NOVAMENTE

A IGREJA LUTOU PARA QUE O POVO PUDESSE TER A PALAVRA, PARA HOJE MANTERMOS A BÍBLIA FECHADA, NÃO A ESTUDARMOS, E NÃO BUSCARMOS COMPREENDÊ-LA

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

O ministério do Espírito Santo na criação, na graça comum e na salvação


O Espírito Santo na história da igreja

O conceito de Trindade não se encontra nas Escrituras, e sim na produção teológica da igreja pelos séculos, sendo certo que encontrou seu ápice no conflito entre Ário e Atanásio.  Havia pouca clareza sobre a triunidade de Deus na Igreja Primitiva, e principalmente, havia pouca clareza acerca do Espírito Santo.

É certo que o Espírito Santo não ocupava lugar de importância nas discussões da igreja, de forma que a definição da sua divindade apareceu pela primeira vez no Credo Niceno-Constantinopolitano (381 d.C.), mediante o trabalho dos Pais Capadócios, e, em especial, Basílio, o Grande. O teólogo considerava os pneumatômacos que rejeitavam a divindade do Espírito como apóstatas e declarava:

"Pelo Espírito Santo vem a restauração ao paraíso, a ascensão ao reino do céu, a volta à adoção como filhos, a liberdade de chamar Deus de Pai, sermos feitos participantes da graça de Cristo, sermos chamados filhos da luz, compartilharmos da glória eterna e, em poucas palavras, sermos levados a um estado de toda a "plenitude da bênção",  tanto neste mundo como no mundo porvir."

As discussões acerca do Espírito Santo também foram a razão da separação da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa, na controvérsia acerca da Cláusula Filioque inserida no Credo de Niceia pelo Sínodo de Toledo, ocorrido em 589 d.C.

A despeito das discussões acerca do Espírito serem tão recentes na história da humanidade, a pessoa do Espírito, sendo Deus, está presente desde a eternidade. A ascensão de Cristo ao céu não é o marco inicial da ação do Espírito Santo na história da criação, e Seu ministério não é limitado ao período histórico posterior ao episódio da Festa de Pentecostes narrado em Atos 2.

Conforme podemos constatar na Palavra de Deus, o Espírito Santo sempre teve Sua participação na economia trinitária, desde a criação, até mesmo na graça comum e na salvação da humanidade, a qual não se restringe à obra do Pai e do Filho.

O Espírito Santo na criação

O relato de Gênesis apresenta Deus Pai como agente primordial, o qual inicia o ato da criação. Quanto ao Filho, vemos em João 1:3 que sem Ele nada do que existe teria sido feito. Jesus, portanto, é o agente eficaz que executa os planos e as ordens do Pai acerca da criação e da salvação. 

Quanto ao Espírito Santo,vemos em Gênesis 1:2, que o mesmo "pairava por sobre as águas". A Bíblia de Estudo de Genebra, ao comentar o versículo, nos diz que "o poderoso Espírito transformou a terra emergente num habitat para os seres humanos e, depois, deu-lhe o sábado para o descanso".

Os materiais teológicos acerca da participação do Espírito Santo na criação são escassos, e teólogos como Wayne Grudem afirmam que a narrativa bíblica aponta para uma função preservadora, sustentadora e regente.Tal posição, conforme veremos nos tópicos seguintes, encontra respaldo nas demais atribuições do Espírito, em especial no plano da salvação, no qual desempenha um papel primordial desde a conversão individual de cada cristão até o retorno de Cristo.

O Espírito Santo na graça comum

Uma vez que Deus é criador de todas as coisas, e sustenta a eternidade em Suas mãos, conclui-se logicamente que a ação do Espírito Santo não se restringe às ações que conduzem o homem à salvação. Se Paulo nos ensina, em Romanos 8:34, que Cristo ressuscitou dentre os mortos e está a direita do Pai intercedendo por nós, podemos concluir que é função do Espírito Santo operar tanto a graça salvifica quanto a graça comum, manifestando a presença ativa de Deus no mundo, e em especial na igreja.

A Graça comum pode ser considerada como a bondade do Senhor que é derramada sobre toda a criação, e não apenas sobre a Sua igreja. Um bom exemplo da graça comum mediante o Espírito Santo pode ser encontrado na história da fuga dos hebreus no Egito, onde se evidencia que o Senhor endurece o coração de Faraó antes de efetivamente fazê-lo autorizar a saída do povo após a última praga. 

Vide que em sentido contrário, é o Espírito Santo que refreia todo o potencial lesivo do pecado dos homens, e, ao evitar que o ser humano cometa os pecados mais pífios do íntimo do seu ser, está abençoando crentes e descrentes igualmente. Ao levantar José para preservar o povo hebreu da fome no Egito, preservou também os próprios egípcios, sendo um claro exemplo da graça comum.

O Comentário dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo aborda a obra do Espírito Santo no pecador (Art. 1º) e dispõe que o Senhor "possui sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não os podem compreender; conforme Sua soberana e livre vontade governa todas as coisas".

Durante esse governo eterno, suas obras e criaturas manifestam não apenas a Sua existência, como também Seus atributos, conforme Romanos 1:19-20. Infere-se, portanto, que a perdição é a condição natural do homem, e a condenação não decorre da incapacidade de receber a graça salvífica, e sim na incapacidade de reconhecer ao Senhor na graça comum.

O Espírito Santo na salvação

Se há um um capítulo na história da relação de Deus com a criação, é na obra da salvação que a ação do Espírito Santo é mais clara, afinal, é o Espírito Santo quem opera o chamado eficaz e a regeneração. Conforme as palavras do próprio Jesus Cristo em João 16:7-11, o Espírito Santo é o Conselheiro que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.

No plano da salvação, há um renovo espiritual que habilita o homem para atender ao chamado de Cristo, a regeneração do pecador, que conforme Ezequiel 36:26-27, ocorre através da habitação do Espírito no coração do homem, para que ande nos estatutos do Senhor. A regeneração operada pelo Espírito Santo é um processo espiritual pelo qual o Senhor remove a dureza do coração do homem, trazendo vida nova.

Neste sentido, vemos o próprio Jesus ensinar Nicodemos acerca da necessidade do novo nascimento através do Espírito, conforme João 3:5-8. Vide também que em Atos 10:44 o Espírito Santo foi derramado sobre os gentios que receberam a pregação de Pedro, de forma que o batismo não poderia ser negado aos mesmos.

No plano da salvação, o Espírito Santo é responsável por conceder ao homem o discernimento da realidade espiritual, conforme Paulo em 1 Coríntios 2:12-14. Fica evidente no texto do apóstolo que o homem em seu estado natural é incapaz de compreender a existência e obras de Deus, muito menos o plano da salvação executado por Jesus Cristo. Para estes, o evangelho é uma loucura, pois necessitam de um discernimento espiritual, o qual é concedido pelo Espírito Santo.

Dentro do plano da salvação, o Espírito Santo é responsável não apenas pela regeneração, como também pela santificação. Compete ao Espírito Santo guiar o cristão, fazendo-o desenvolver o fruto do Espírito, conforme Gálatas 5:22. A partir do momento que somos regenerados como filhos de Deus passamos a ser guiados pelo Espírito Santo, conforme Romanos 8:14. Paulo compreende que somos passivos, e dependentes da obra do Espírito para viver uma vida de santificação.

Por fim, no plano da salvação o Espírito Santo é responsável pela preservação dos santos: todos os filhos de Deus serão preservados por Deus até o final da vida. Compete ao Espírito Santo nos selar até o fim dos tempos, como nosso penhor, nos termos de Efésios 1:13-14.

Conclusão

Ao analisarmos o ministério do Espírito Santo, resta-nos evidente o papel que Ele exerce na economia trinitária. Compete ao Pai definir o plano da salvação, ao Filho executá-la no Seu próprio sacrifício, e ao Espírito Santo efetuar a manutenção dessa obra.

Conforme mais evidente nos dons distribuídos para a igreja, compete ao Espírito Santo manifestar aos homens a existência e o poder de Deus, o que também ocorre na dispensação da graça especial e da graça comum, na criação de todas as coisas, na regeneração, santificação e preservação do cristão até o fim dos tempos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Olson, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas / Roger E. Olson; tradução Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 2001.

Berkhof, Louis. História das doutrinas cristãs / Louis Berkhof; tradução de Gordon Chown, João Marques Bentes. - São Paulo: PES - Publicações Evangélicas Selecionadas, 2015.

Bíblia de Estudo de Genebra. 2ª ed. Barueri, SP : Sociedade Bíblica do Brasil ; São Paulo : Cultura Cristã, 2009.

Carreiro, Vanderli Lima. Nossa Doutrina - Comentário dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo : Rio de Janeiro, Unigevan Editora, 2005, 305p.

A Obra do Espírito Santo na Graça Comum - Parte II (monergismo.com)

sábado, 21 de agosto de 2021

Uma expectativa saudável da volta de Cristo (2 Tessalonicenses 2:1-4)

Nesta parte da sua carta, Paulo roga que a igreja de Tessalônica não seja perturbada com informações acerca da iminência da volta de Jesus. A expectativa da volta de Cristo era muito grande ao tempo dos apóstolos, e as pessoas viviam como se Cristo estivesse prestes a voltar ainda naquele século.

Paulo então orienta a sua igreja a tomar cuidado com três diferentes fontes de um ensino falso acerca do retorno de Jesus no fim dos tempos. Em primeiro lugar, a igreja deveria se manter firme nos ensinamentos de Jesus  Cristo, não permitindo que o seu entendimento sobre o Fim dos Tempos fosse prejudicado e deturpado por supostas revelações divinas. Neste ponto, Paulo está orientando a igreja a tomar cuidado com falsas revelações vindas supostamente de anjos ou mediante o exercício do dom de profecia.

Também deveria tomar cuidado com supostos ensinos e cartas atribuídas aos apóstolos de Jesus. Devemos considerar dolosamente ou por engano, cartas e ensinamentos eram atribuídos a Paulo e os demais apóstolos, sendo comum, inclusive, um gênero literário apocalíptico, no qual utilizava-se o nome de profetas e apóstolos para dar autoridade e valor ao texto produzido.

Estamos falando de um período sem redes sociais e tráfego digital de informações, no qual as notícias demoravam longos períodos de tempo para cruzar países e cidades. Era possível que informações e ensinos fossem distorcidos conforme as pessoas iam repassando umas  para as outras. Um grande exemplo disto é a revolta de Avídio Cássio contra o Imperador Romano Marco Aurélio, diante a falsa notícia da sua morte.

Paulo então ensina para igreja de Tessalônica que essas notícias da volta de Cristo ter acontecido, ou estar prestes a acontecer não deveriam ser levadas a sério, pois o retorno do Senhor Jesus só ocorre  após a manifestação de dois sinais, quais sejam, a apostasia e a manifestação do homem do pecado, o filho da perdição.

Portanto, a volta de Jesus será precedida pela apostasia, considerada como a rebelião contra Deus. O termo era utilizado no grego secular para referir-se a uma revolução política. Não há qualquer especificação se a apostasia seria por parte da igreja, ou se seria uma recusa geral por parte das pessoas. É certo que a antes da volta do Senhor, a rejeição a Deus e ao evangelho  vai crescer a nível alarmantes, com a negação da autoridade de Deus, a rejeição da verdade e a perseguição da igreja.

Antes que Cristo volte, também se manifestará o homem do pecado, também chamado de filho da perdição, assim como Judas Iscariotes, uma vez que o seu destino é ser destruído pelo Senhor. Entretanto, antes que isso ocorra ele se levantará como um opositor de Cristo, e reivindicará para si mesmo toda a autoridade e adoração, como se ele mesmo fosse Deus. 

É interessante que o homem do pecado não se apresentará como o Messias, pois o Messias é subordinado a Deus, enquanto ele não se subordina a ninguém pois considera a si mesmo como a autoridade, e não o Senhor e Sua Palavra.

A ideia que Paulo nos apresenta é que o homem do pecado é aquele que simplesmente irá se opor a Deus, sua Palavra e sua igreja, querendo ele mesmo reivindicar a autoridade divina e negar Deus em sua existência e soberania.

Assim, a expectativa da volta de Cristo não deveria afetar a igreja de forma que a afastasse até mesmo dos ensinos da Palavra. O temor de agir como as noivas que não levaram azeite o suficiente para manter a chama acesa não poderia afastar a igreja da vontade de Cristo.

Paulo está ensinando que a igreja não deveria aguardar o retorno iminente de Jesus? De forma alguma! É o mesmo Paulo que ensina aos Romanos que toda a criação, e não somente os homens, aguardam com ardente expectativa o retorno de Cristo! Há alguma contradição? Também não!

O que podemos entender a luz da bíblia sobre uma expectativa saudável da volta de Cristo?

Em primeiro lugar, com base na resposta de Paulo para igreja de Tessalônica, não devemos nos afastar dos ensinamentos bíblicos.

Não há mais nada a ser revelado, e nem há pessoa ou anjo com autoridade para conceder aos homens qualquer revelação que já não tenha sido deixada para nós por Cristo e seus apóstolos. Da mesma forma, o dom de profecias não pode ser usado de forma que vá contra ou além da Palavra de Deus.

Quando Paulo orienta a igreja a não dar ouvidos para espíritos, palavras ou cartas enviadas como se fossem dele, o que ele está ensinando para a igreja é que precisavam se manter fiéis ao ensino que receberam dele próprio antes da sua partida! E hoje, para nós como igreja, significa manter-se fiel ao ensino do Antigo e Novo Testamento, através das Palavras de Deus registradas na Lei, nos profetas, proferidas por Cristo e repassadas pelo ensino dos apóstolos.

Embora seja fácil achar que este problema era comum apenas ao período da igreja primitiva, quando as cartas e evangelhos ainda não estavam formalizados como cânon, e os ensinos dos apóstolos demoravam para serem  repassados; ainda hoje não é comum que notícias e correntes em redes sociais movam boa parte de nós com expectativas sensacionalistas do retorno de Jesus. 

Não são poucos os Cristos que se apresentam diariamente, sendo certo que hoje caminham na terra ao mesmo tempo, um Jesus brasileiro, um chinês e um russo! Quantas vezes os mesmos sinais apocalípticos são apontados em diversos períodos históricos diferentes? Não devemos crer que os sinais ocorrerão? Pelo contrário!

Devemos estar atentos, pois os sinais da volta de Jesus estão descritos na própria Palavra! Precisamos estar atentos, pois este dia pode estar muito perto de chegar.

O que devemos fazer, é viver como se Cristo pudesse voltar a qualquer momento, e ansiar por isso!

A volta de Jesus é iminente, e nós, a igreja, devemos ansiar por ela! Não deve haver desespero ou impulsos apaixonados no sentido de desfazer-se de tudo que é terreno, como se isso fosse necessário para a ascensão aos céus! A igreja deve aguardar com ardente expectativa o retorno de Jesus, sem achar que será surpreendida com uma notícia que se espalhará aos poucos, fazendo com que alguns não venham a perceber que o Senhor voltou!

A volta de Cristo é o grande evento no final da história da redenção! O próprio Filho de Deus descerá dos céus junto com a sua igreja num evento que será visto por todos os homens, e trará para si a igreja que ainda estava na terra, no mesmo momento em que ressuscitará os ímpios que estavam mortos, para que sejam julgados junto com os vivos! 

A igreja não pode viver como se a volta de Jesus fosse um evento distante, do contrário, pode passar a viver como se justiça social e piedade fossem o único objetivo. Deve haver urgência em levar a Palavra aos perdidos, e diligência no servir ao Senhor, pois o grande e glorioso momento da volta de Jesus será visto por todos os homens, mas o dia não pode ser definido. Cristo chegará repentinamente e de forma gloriosa! Como ele encontrará a sua igreja? Se ele retornasse hoje, como ele encontraria você?

Também devemos viver consolados, pois os sinais que antecedem a volta de Jesus não são bons, mas apontam para verdade da Palavra.

É desejo do Senhor que olhemos para o Seu retorno como a esperança do fim do pecado, do sofrimento e do mal. Basta olhar para nossa volta e ver que o pecado tem se agravado, e o amor de muitos tem se esfriado. Não são os avanços morais da sociedade ou a união de todos os povos que antecedem a volta de Jesus. Não é uma grande conversão em massa e paz para igreja que Paulo aponta como sinais do Grande Dia!

Pelo contrário, a igreja será perseguida. As pessoas no mundo e os falsos cristãos inseridos nas igrejas passarão a revoltar-se e recusar os ensinos de Jesus. Seus ouvidos não suportarão a verdade, e seus olhos estarão cegos para ver ao Senhor! Suas bocas serão fonte de blasfêmia, ofensas e veneno contra a igreja fiel do Senhor.

Isto tudo ocorrerá para que no fim, o homem reivindique a autoridade de Deus, e tente se colocar como senhor da sua vida! O homem do pecado irá se levantar e opor à Palavra! Serão muitos os homens que se levantarão contra a igreja, e colocar-se-ão como ídolo para adoração.

Compreendo que não haverá um anticristo, mas que anticristo é todo aquele contra cristo, ou seja, todos os pecadores impenitentes! Portanto, será a volta de Jesus será antecedida pela incredulidade e supervalorização do homem e suas capacidades como objeto de culto. Não são poucos os países onde se acredita que o cristianismo e a igreja são considerados como coisas ultrapassadas.

Mas devemos nos manter esperançosos, pois na mesma medida em que a Palavra de Deus é verdadeira no tocante às tribulações, também é verdadeira sobre a vitória do Senhor! Por pior que seja o quadro final, Cristo vencerá o homem do pecado com seu sopro e reivindicará para si o poder que lhe foi dado sobre os céus e a terra diante de todos os homens!

Imagem extraída de: Como entender a segunda vinda de Jesus (cancaonova.com)


domingo, 18 de julho de 2021

Três cruzes (Lucas 23:39-40)



Lucas relata um dos momentos que antecederam a morte de Jesus na cruz. Momento de extrema humilhação, blasfêmia e dor, no qual o Filho de Deus foi ofendido e desafiado a descer da cruz, se de fato era o Salvador. Naquele momento uma multidão enfurecida, diante do espetáculo da morte de três homens, questionava como aquele que supostamente salvava outras pessoas não era capaz de salvar a si mesmo; como o que declarava ser Filho de Deus poderia estar na cruz.

Nem mesmo os dois homens que estavam condenados com Jesus Cristo estavam isentos de tamanha ofensa! Quando lemos Mateus 27:44 e Marcos 15:32, descobrimos que ambos os ladrões insultaram Jesus e blasfemaram contra ele!

Lucas, por outro lado, mostra que um dos ladrões repreendeu o outro que desafiava Jesus a sair da cruz, e livrar a eles próprios no processo! Há um erro do autor bíblico? 

Haviam três cruzes: Três condenados, dois culpados e um inocente a beira da morte num dos momentos mais didáticos que eu conheço! Sabemos que Deus é extremamente didático conosco, tanto por nossas limitações naturais, como pelo pecado cravado na nossa carne. Portanto, até mesmo o momento da crucificação é extremamente didático para nós!

Em primeiro lugar, há um homens prestes a morrer, mas que zombam do Filho de Deus!

Cristo havia sido crucificado entre dois homens, dois verdadeiros criminosos, que diferente de Jesus, estavam ali por seu próprio merecimento. Homens tão perigosos que mereceram a pena de morte aplicada pelo Império Romano!

A crucificação, neste aspecto, é didática, pois mostra o homem em seu estado natural: condenado na iminência de sofrer o justo juízo pelos seus pecados, e que ainda assim, capaz de zombar do único que pode nos salvar desta condição!

Neste exato momento há bilhões de pessoas com a expectativa de sofrer a morte eterna por seus pecados! Muitas destas, infelizmente, receberam a proclamação da Palavra de Deus, ouviram falar de Jesus, e são capazes de zombar do Senhor com piadas, sátiras, ironia e desprezo. Quantos deles não acusam Maria de criar uma religião inteira pra esconder um adultério? Que Jesus é um cara "de boas", mas o que estraga é o fã clube dele? 

Quantos não fazem piada com o dilúvio? Com a criação do homem e da mulher? E não só piadas, como também graves acusações contra o nosso Deus! Quantas vezes não ouvi afirmações de Deus como uma criança mimada? Como um déspota e autoritário? Como o Deus cruel e insensível que manda matar mulheres e crianças? 

E o estado natural não é só aquele no qual o homem confronta e acusa Deus, mas também aquele no qual o homem recusa reconhecer a sua existência, diante de sua própria miséria! Da mesma forma que o ladrão na cruz só se importava com a divindade de Jesus se isso fosse capaz de tirar ele da cruz, muitos de nós também o negamos quando nos deparamos com os nossos próprios dilemas pessoais, e mesmo com o problema do mal!

Quantos lá fora não questionam onde está Deus, que não vê crianças morrendo de fome ou sendo estupradas, pais matando filhos e esposas, guerras, doenças e todo mal do mundo? Há quem afirme que se Deus existe, já nos abandonou faz tempo, do contrário, não aconteceria tanta coisa ruim. Outros tantos dizem que ele pode ter criado, mas que não tem o menor interesse em interferir, e nem poder para fazê-lo!

O que esses homens estão fazendo está diretamente representando nos ladrões das cruzes: diante da sentença de morte, eles blasfemam contra Deus mesmo estando condenados. Na verdade, eles blasfemam por estarem condenados.

Em segundo lugar, uma das cruzes carregava um homem que seria salvo sem fazer nada para merecer.

Como eu já havia dito, em Mateus e Marcos nós descobrimos que os dois homens crucificados com Jesus zombaram e blasfemaram, desafiando-os a retirá-los da cruz. De repente um deles passa a repreender o outro, e inclusive reconhece que mereciam estar ali!

Tinham dois homens diferentes, ambos culpados, mas para um deles o Senhor disse que ainda naquele dia estariam juntos no paraíso! Aquele homem que foi salvo estava pendurado numa cruz pagando a pena pelos crimes que cometeu! Ele não fez qualquer boa obra, ele não fez caridade, não assistiu os sermões de Jesus e sequer acompanhou seu ministério. Podemos crer que até aquele momento Jesus não teve qualquer contato com ele, visto que inicialmente era apenas mais um escarnecedor!

Tudo que aquele homem fez foi olhar para Jesus Cristo e clamar por piedade, e isto lhe foi imputado por justiça! Aquele homem foi salvo naquele momento! Ele não foi salvo sequer por uma expectativa ou promessa de se tornar um homem melhor e membro da igreja primitiva, pois tudo que sabemos da sua vida a partir da sua conversão é que ele morreu crucificado!

Conosco não é diferente, pois todos nós fomos salvos pelo Senhor mesmo tendo sido seus inimigos. Fomos objetos da sua misericórdia sem nem pedir por isto! Duas lições nos são apresentadas diante dessa mudança repentina.

a) Houve um agir de Deus que causou a mudança repentina daquele homem colocado na cruz! O Espírito Santo operou nele a regeneração necessária para olhar para Jesus e compreender que ele é o Salvador,  o Filho de Deus! 

E não poderia ser diferente! Os dois homens na cruz estavam na mesma condição de culpa, sofrendo a mesma sentença, ouvindo as mesmas palavras de blasfêmia e olhando para o mesmo Jesus na cruz! Um deles foi salvo e o outro não foi! 

b) Não havia, portanto, qualquer fato ou ação que qualquer daqueles homens tenha praticado, que teria feito com que um deles fosse justificado e o outro não. Não  havia qualquer mérito.

Por fim a didática da cruz: há dois pecadores, igualmente culpados, igualmente merecedores da pena de morte. A única coisa que os separava era Jesus Cristo!

A única coisa que diferenciava aqueles homem era a forma como eles olhavam para Jesus! 

Um deles via apenas um homem, que se fosse Deus, tinha a obrigação de sair dali e tirar os outros dois da pena que sofriam. Para esse homem, Jesus crucificado não importava; Jesus só poderia ser Deus se pudesse livrá-lo; Jesus só poderia ser Deus se tivesse mãos fortes e lhe desse algum benefício imediato. Aquele homem não via Jesus como Senhor, mas apenas como mais um homem, cujo poder e influência acabaria com a morte.

O outro homem olhou para o Cordeiro de Deus, ferido e quase morto, clamando para que o Pai tivesse piedade daqueles homens que não sabiam o que estavam fazendo. Ele viu aquele homem ser submetido a toda espécie de humilhação, sufocar na cruz, e ainda assim o chamou de Mestre! Ele não exigiu qualquer benefício, milagre ou livramento. Tudo que ele pediu é que Jesus tivesse piedade dele e se lembrasse dele quando estivesse no Reino!

Aquele homem, diante do Filho de Deus pediu misericórdia e reconheceu os seus próprios pecados, e a justiça que havia em estar crucificado pelos crimes que cometeu. Ele não estava preocupado com a sua vida, mas passou a temer ao Senhor e amar Jesus.

Assim, aquelas três cruzes são didáticas para nós, pois mostram que a única coisa entre o cristão e o homem natural é Jesus Cristo.

Ambos são pecadores e merecedores do Juízo de Deus

Ambos são incapazes de livrar-se da sentença de morte por qualquer mérito que possua

No fim das contas, o que vai definir um cristão não são suas obras, mas a forma como ele olha para Jesus e para o que ele fez na cruz.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Você morreria por uma oração?

Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.

Daniel 6:10





Se o Presidente assinasse um Decreto hoje determinando que qualquer pessoa que fosse pega orando deveria ser morta, você pararia de orar? Parece uma medida muito extrema, mas é real, e não são poucas as igrejas perseguidas para confirmar isso! 

Você continuaria orando?

Daniel foi lançado aos leões por causa do hábito de orar! Não estamos falando de orações públicas ou proclamação aberta do evangelho: Ele simplesmente entrava no quarto diariamente para orar sozinho, e sem a intenção de ser visto! Era o suficiente!

Talvez você caia na tentação de criticar Daniel, afinal, ele só precisava segurar a onda dele por 30 dias! Era só não orar! Mas o que havia por detrás dessas orações? Simples: Orar é a única forma que nós temos de falar com Deus.

Daniel não estava disposto a passar 30 dias sem falar com o Senhor da vida dele! Seria como dias sem comida ou água! Seria como viver num ambiente de ar rarefeito, com o peito pesado e a sensação de desmaio! Eu tento imaginar o sofrimento do profeta de precisar viver numa sociedade que a todo momento é hostil com o povo de Deus; cercado do paganismo e idolatria dos palácios do império medo-persa! Daniel, vivendo esse contexto, entendia a necessidade de cultivar tempo de qualidade diante do Pai!

Sim, Daniel colocou a cabeça dele a prêmio para poder orar, como ele sempre fez!

E você? Morreria por uma oração? Caso sua resposta tenha sido positiva, eu te desafio a testar a sua afirmação!

Você pode afirmar que morreria sim, mas eu gostaria de saber... Você deixaria de orar no seu ambiente de trabalho porque os seus colegas e superiores consideram inadequado para um ambiente plural? 

Estudante, você negaria verdades da fé cristã no TCC ou Monografia só para não perder pontos com a banca examinadora?

Pense em todas as oportunidades nas quais você deixou de orar, seja por constrangimento, vergonha, ou outro motivo qualquer! Todas as vezes que você abre mão de orar, você está demonstrando que seu trabalho, estudos ou círculo de relacionamentos é mais importante que cultivar tempo de qualidade com Deus.

É bem provável que você não possa afirmar que morreria por uma oração.

Esse simples versículo tem muito a nos ensinar, mas por hora vamos parar e refletir! Nos próximos artigos a gente conversa um pouco mais sobre esse versículo!

domingo, 23 de maio de 2021

A necessidade do amor (1 Coríntios 13:1-3)

 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.






Você acorda cedo todos os domingos, toma uma xícara de café, um banho (não necessariamente nessa ordem), se arruma e vai para a igreja. Você dirige as reuniões de oração, participa de todas as programações, e é dotado de dons que a sua própria igreja percebe! Você sabe o que precisa fazer e sabe que Deus capacita aqueles a quem escolhe para executar Seus planos, e isso inclui você! 

Mas no fundo, bem lá no fundo, por qual razão você tem exercido os dons que o Senhor te concedeu? Será que não se trata de um mero costume? Uma cartilha de obrigações cristãs? Será que de fato o que você tem feito é uma bênção aos olhos de Deus? Pior ainda: você viu que diversos milagres são operados por pessoas que não demonstram um amor verdadeiro por Jesus! Sendo assim, é possível que você seja uma delas? Calma, que todas essas perguntas tem respostas!

Aliás, o apóstolo Paulo se depara com esse mesmo problema há milhares de anos atrás, em Corinto, quando escreve a sua primeira carta. No capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios, Paulo havia abordado a unidade em Cristo e diversidade de dons e funções na igreja. Já no capítulo seguinte, Paulo inicia apresentando a eles um caminho melhor que o do exercício de dons: o caminho do amor.

Paulo, nos três primeiros versículos do capítulo 13 utiliza hipérboles para mostrar o tema da nossa reflexão de hoje: Os dons não servem para nada em nossa relação com Deus, se não o exercitamos como forma de amá-lO, bem como a Sua igreja e toda a criação.

O primeiro aspecto interessante das palavras de Paulo, é que elas dizem respeito em sua maioria à elementos da vida cotidiana do cristão, não apenas na sua relação com a igreja. Paulo não está abordando deveres específicos, para pessoas ou situações específicas. Afinal, sabemos que todos os cristão são dotados de dons concedidos pelo próprio Senhor; todo cristão possui fé; todos exercem a caridade e fazem sacrifícios.

Portanto, o que Paulo está nos mostrando é que o Senhor espera que nós demonstremos que o amamos com aquilo que nós vivemos diariamente. Não são as funções eclesiásticas e doação ao ministério da igreja que te define como cristão, e sim a capacidade de viver em Cristo. É por isso que o Senhor nos ensina que aquele que O ama, é o que guarda os seus mandamentos.

Paulo fala desses aspectos da vida cristã, apresentando-os de forma extremamente intensa e surpreendente, apenas para lançá-los por terra como coisas sem importância. A segunda lição, portanto, é que a qualidade da nossa vida cristã não se mede pela notoriedade dos nossos dons, e sim pelo amor depositado no exercício deles.

Então Paulo ensina que mesmo que aqueles irmãos fossem capazes de exercer dons extraordinários  como o de línguas, da forma que foi realizado no Pentecostes (Atos 2), onde os homens se entendiam nos seus idiomas originais, isso não significaria nada se o exercício do dom não tivesse como objetivo demonstrar amor. E mesmo que ele fosse capaz de falar a língua dos anjos que estão no céu, ainda assim, não significaria nada!

Em ambos os casos, a falta de amor tornaria aqueles cristãos como o metal que soa ou o sino que tine: serviriam apenas para fazer barulho! O exercício de todos  os dons, e mesmo os mais sublimes, nada agradam a Deus se não são exercitados com amor, de forma que o seu galardão se limita à própria comoção pública e olhar dos homens. Deus, a quem vale a pena agradar, continua a não receber a devida adoração.

E mesmo que o apóstolo conhecesse todos os mistérios ou fosse dotado de toda a sabedoria do mundo, continuaria não sendo nada! O homem que proferiu essas palavras é o mesmo que na visão de alguns teólogos teria sido arrebatado ao céu e visto coisas extraordinárias, que sequer teria capacidade de explicar! 

Salomão foi o homem mais sábio que existiu, e tamanha sabedoria não o impediu de viver uma vida amarga e idólatra quando passou a amar mais o conhecimento e mistérios do que o Deus que lhe concedeu toda a sabedoria!

Afinal, genialidade, conhecimento e sabedoria também podem ser desenvolvidos por não cristãos, e isso não os torna menos brilhantes, intelectualmente falando. Por outro lado, conhecimento e a capacidade de transmiti-lo também são dons do Espírito, e devem ser exercidos com amor.

E ainda que um homem seja dotado de tamanha fé que seja capaz de mover montanhas, sem amor ele continua não sendo nada. Afinal, é possível ter fé em ídolos, em si próprio e em outros homens, para no fim se decepcionar e culpar a Deus por eventual desilusão.

A caridade pode ser exercida por qualquer ser humano com o mínimo de compaixão diante do sofrimento do próximo, mas a caridade cristã só pode ser exercida por aqueles que amam a Deus e ao próximo como a si mesmos. É possível fazer caridade para aliviar dores de uma alma culpada, ou mesmo tentar esquecer a carência que temos de Deus. É muito comum ter caridade a fim de obter a admiração dos outros e visibilidade pública.

Em casos como esse, tudo que o homem ganharia doando todos os seus bens seria a multiplicação da pobreza. Ele, que antes era pobre de espírito, agora também se torna pobre de recursos, tornando sua miséria ainda mais intensa.

E mesmo o auto sacrifício não tem nenhum valor, se não visar única e exclusivamente o amor a Deus e ao próximo. Homens podem se sacrificar por uma causa injusta, desde que dotados de extrema convicção! Outros, sabendo que um dia morrerão de qualquer forma, podem decidir gravar seu nome na história, sacrificando-se como um mártir.

Nossa terceira reflexão traz a conclusão dessas ponderações: Dizemos que os dons não servem para nada, pois queremos dizer que eles não compram a salvação ou o amor de Deus para quem os exerce.

Não são poucos os relatos bíblicos de homens que foram usados por Deus, exerceram dons e ministérios, sem com isso conquistar qualquer agrado da parte do Senhor. Judas foi apóstolo, e exerceu dons ao lado dos demais discípulos, para mesmo assim ser chamado pelo Senhor Jesus de propriedade do diabo e filho da perdição.

Saul governou Israel até Davi, e inclusive profetizou, tendo ainda assim se tornado desprezado pelo Senhor, diante do seu coração vaidoso, que amou mais as glórias do poder do que o Deus que o pôs no trono!

Os dons, portanto, não são dados para igreja comprar a própria salvação ou o amor de Deus; e sim para demonstrar amor ao próximo, ao Senhor, e mesmo à criação. Deus deu os dons para igreja ser edificada e testemunhar o Reino no tempo presente! Quando exercemos os dons por amor, Cristo é testificado diante dos homens e a igreja verdadeiramente o glorifica!

E como isso se aplica a nós?

1º Precisamos primeiro sondar os nossos corações para colocar suas intenções à prova! Devemos ponderar o que tem motivado o exercício dos nossos dons, e se descobrirmos que há qualquer outra coisa que não seja o amor, devemos parar imediatamente. É melhor viver uma vida cristã de amor verdadeiro, ainda que isto signifique reduzir nosso ritmo. 

Faça pouco ou não faça nada.
Desde que seja por amor!

2º Como consequência, não devemos utilizar os nossos dons como muleta espiritual. É muito comum que em alguns momentos o nosso amor esfrie pelo nosso afastamento do Senhor, e percamos mesmo a vontade de estar na igreja, orar,  ler a bíblia e ter comunhão com o Senhor. Em momentos como esses podemos cair na armadilha de nos enterrar no exercício constante dos dons com a finalidade de resgatar o sentimento de bem aventurança! Lembre-se:
 os dons não compram o favor de Deus ou a alegria da comunhão que você não está vivendo.

3º Alegre-se e descanse, pois a maior coisa que Deus espera de você é o amor! Não importa se o que você faz parece pequeno, pois Deus não está preocupado com a extensão dos seus dons e sim com o combustível do seu coração! O que move no ministério? Alegre-se, pois não importa se você tem feito pouco ou não é visto exercendo seus dons! Há dons que a igreja não vê! Ainda assim, Deus te ama!

Se você faz por amor, não importa se você fala em línguas ou enche o copo de água do pastor; não importa se você é um oficial da igreja ou apenas um irmão que dá boa noite e entrega panfleto! Não importa se a igreja não te vê orando no púlpito, se quando você se tranca no quarto você ora sem ninguém pedir, porque se preocupa com o bem do próximo e com sua relação com Deus.

Assim sendo... Exerça os seus dons e viva sua vida movido pelo amor!

E que Deus te abençoe!

sábado, 22 de maio de 2021

Bíblia Hebraica - O texto massorético

O texto hebraico do Antigo Testamento é denominado de texto massorético, pois se baseia na transmissão textual dos massoretas, eruditos judeus que na Idade Média se propuseram a formar a bíblia hebraica e transmitir o texto da forma mais exata possível. O texto massorético medieval é constituído de quatro elementos: texto consonantal, vocalização, organização textual e a massorá à margem.

O texto consonantal

a) Primeiro período (3º Século a.C.): texto consonantal bem conceituado, a partir do texto protomassorético. O que importava era o conteúdo do texto, e a exata reprodução das consonantes parecia algo secundário. Período que durou até a destruição do segundo Templo pelos romanos.

b) Segundo período (70 d.C. até o 7º século): maior unificação do texto massorético consonantal e sua preservação pelos rabinos.

c) Terceiro período (8º século d.C. até o final da Idade Média): estabelecimento da vocalização do texto consonantal, inicialmente com diferentes sistemas de pontuação. Período de continuada fixação do texto, com vistas a sua preservação.

A Escritura Sagrada do judaísmo precisa ser descrita como um corpus escalonado de textos autorizados: (1) Tanak, que é a revelação direta dada a Moisés no Monte Sinai e transmitida pela tradição; (2) livros proféticos; (3) Salmos. Essa divisão reflete o processo histórico de construção.

Os livros da terceira divisão do cânon hebraico passaram a integrar as Escrituras Sagradas após um longo processo de discussão entre o século 3º d.C. e 4º d.C. Tal processo foi atribuído à um suposto sínodo em Jâmnia, no qual o conselho superior dos judeus teria se reunido sob a liderança do rabino Gamaliel II, criando um cânone hebraico distinto do cristão. Entretanto, tal sínodo não ocorreu.

Transmissão e correções

O texto  consonantal transmitido pelos massorestas apresenta diversas peculiaridades, como letras estranhas e pontos extraordinários; observações na margem sobre a leitura das consonantes.

Sobre os pontos extraordinários (puncta extraordinaria), 15 passagens receberam pontos por cima de determinadas letras ou de palavras inteiras. Alguns desses pontos  indicam supressão, mas no geral se discute seu suposto uso para indicar a presença de supostos erros de cópia ou de variantes questionáveis.

Na BHS também ocorre  o nun invertido (nun inversum) em 9 oportunidades, acompanhado de um sinal diacrítico, e seu uso é comparado ao do sigma invertido em fontes alexandrinas do grego. Indicariam que o texto está entre colchetes, fora do seu lugar original. Alguns consideram como abreviação para nakud, onde o nun era invertido para não ser considerado como parte do texto.

O texto massorético também apresenta letras suspensas (Litterae suspensae) em 4 palavras, utilizados como forma de correção do texto, necessária por razões de natureza crítico-textual.

Também apresenta letras ampliadas (litterae maiusculae) nos manuscritos medievais, no início de uma seção ou livro, para diferentes finalidades.  Também podem ser utilizadas para indicar o meio de um livro.

Outro fenômeno é o Ketib-Qere, onde as observações marginais são feitas pelos copistas conectadas diretamente ao texto consonantal. Na margem é inserida uma palavra ou forma de palavra diferente da encontrada no texto, indicando a forma correta de ler em voz alta. Alguns dizem que se tratam de instrumento que visava a melhoria do texto.  Outra corrente alega serem variantes textuais extraídas de um ou mais manuscritos e inseridas na margem. 

Há também um tipo especial de Ketib-Qere, a ser lido sempre (Qere perpetuum), que ocorre sempre no nome de Deus, na pronúncia de Jerusalém e no uso do pronome pessoal da terceira pessoa do singular feminino.

O texto massorético também apresenta opiniões (Sebirin), passagens onde uma forma alternativa foi anotada à margem, com formas mais simples ou comuns de palavraas do texto que são consideradas difíceis ou complicadas.  Recebem o significado de simples opiniões ou sugestões.

Há também correções dos escribas (Tiqqune sopherim), segundo a tradição rabínica, em 18 lugares onde há evidência de que os escribas interferiram no texto consonantal, corrigindo-o. Correções que tem a ver principalmente com leituras ofensivas, ensejando alterações. 

Vocalização massorética

Haviam diferentes grupos de transmissores entre os massorestas, dependendo do tipo de trabalho que faziam: alguns copiavam exclusivamente o texto consonantal (soferim); outros eram responsáveis por adicionar os sinais vocálicos e acentos à estrutura consonantal (naqdanim); e aqueles que adicionavam observações nas margens e abaixo do texto, a fim de garantir e exercer controle sobre a forma do texto.

A vocalização dos massoretas foi precedida por outras tentativas de fixar a pronúncia e leitura do texto, como a transcrição do texto hebraico em caracteres gregos, uso de sinais vocálicos e de pontuação e pontos diacríticos.

Houveram 3 sistemas de vocalização: palestina, babilônica e tiberiense. As vocalizações babilônica e palestina são divergentes não apenas nos sinais vocálicos utilizados, como também na própria fixação da pronúncia.

Já quando falamos da vocalização tiberiense, 3 fatores determinantes são destacados: (1) a vocalização se baseia na tradição da leitura oral, sendo mais recente; (2)  a interação ou influência recíproca entre a pronúncia do hebraico e considerações de ordem gramatical; (3) decisões de natureza exegética.

A vocalização tiberiense se deu por duas famílias: Ben Asher e Ben Naftali, tendo suas diferenças listadas pelo Kitab al-Khilaf, um tratado que serve para apurar o grau de concordância dos manuscritos  medievais que trazem vocalização tiberiense.

Dianta de diversas possibilidades de vocalização, entende-se que a crítica textual não pode ter como ponto de partida o texto vocalizado, e sim o consonantal, sem qualquer vocalização.

Divisão do texto e sistema de acentuação

Nos rolos de Qumran aparecem sistemas de divisão de texto, em especial a divisão  prosaico  bivalente, que faz distinção entre seções principais e seções subordinadas dentro do texto que é copiado de forma contínua. Desta  forma, as  divisões não são fruto da atividade dos massoretas, que apenas as transmitiram.

A Torá foi dividida pelos massoretas em leituras semanais, que poderiam durar um ano (parashás) ou três (sedarim), respectivamente 54 ou 154/167 seções semanais.

Também se  aplica a divisão em versículos, que é a menor unidade significativa do texto e já pode ser identificada em alguns dos manuscritos  de Qumram.

No tocante à acentuação, cumprem 3 funções: (1) sinais de cantilação para declamação ou recitação do texto no culto; (2) revelam sílabas tônicas; (3) sinais de pontuação e organização de texto.

Entre os acentos também temos o Paseq, que é um sinal vertical colocados entre duas palavras para indicar que devem ser mantidas separadas, ou quando a consonante final da primeira palavra é idêntica à inicial da segunda; e o Meteg, que é um tracinho que aparece ao lado esquerdo da vogal, para dar sustentação ou apoio à vocalização.

Já a divisão em capítulos foi inserida na Vulgata Latina, sendo introduzida também na bíblia  hebraica por volta do século 14 d.C.

Massorá menor e massorá maior

Os massoretas desenvolveram um sistema de preservação do texto, denominado de massorá, consistente em notas marginais colocadas ao lado (massorá parva) ou abaixo (massorá marginal) do espaço em que se encontra o texto.

Tinham por objetivo principal impedir que surgissem formas de escrita  anômalas ou irregulares. Tratava-se de  uma forma de controle da qualidade do texto consonantal, que buscava também evitar erros e trazer dados estatísticos.

Temos a massorá menor indicando a aparição de uma palavra ou formulação, enquanto a massorá maior traz as referências ou passagens onde ocorrem essas palavras ou formulações.

- Impedir formas de escrita anômalas ou irregulares

- Evitar erros por desatenção ou acomodação

- Trazer dados estatísticos sobre uma palavra ou forma de palavra

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Manuscritos hebraicos da Idade Média

A bíblia completa em hebraico tem os manuscritos do início da Idade Média como textos fundamentais. São eles: PARA NATÁLIA DAR UM RESUMINHO

  • Códice do Cairo
  • Códice Aleppo
  • Códice Leningrado
  • Códice Oriental Ms.  4445
  • Códice Sassoon 1053
  • Códice Babilônico Petropolitano
  • Fragmentos de Guenizá
Edições impressas

As primeiras edições do texto bíblico hebraico foram preparadas por eruditos judeus, e traziam  comentários rabínicos e traduções aramaicas (targumim), dando origem à designação "Bíblia  Rabínica".  A "Primeira Bíblia Rabínica" (1516-1517) foi produzida em Veneza.

Já a Segunda Bíblia Rabínica (1524-1525), conhecida como Bombergiana, foi a primeira a trazer toda a massorá impressa, sendo considerada a mais significativa e normativa edição impressa, cujo texto acrescido da massorá  passou a ser visto como canônico. As coleções de variantes resultam da colação de manuscritos com o textus receptus.

Já as poliglotas trazem ao lado do texto original hebraico várias traduções dispostas em colunas paralelas.

Edições críticas

São edições que explicam o texto  e sua transmissão. Segue dois princípios: (1) Eclético, pelo qual se faz a escolha das melhores leituras que aparecem nos manuscritos disponíveis, e o resultado é publicado. Cada decisão é documentada, permitindo a leitura dos textos alternativos; (2) Diplomático, pelo qual se reproduz fielmente um documento usado como base.

Atualmente a base para o estudo e crítica textual do Antigo Testamento é a quarta edição da Bíblia Hebraixa, denominada Stuttgartensia (BHS). Reproduz o texto segundo o Códice Leningrado.

Outras edições críticas merecem ser listadas, como:

  • Bíblia Hebraica Quinta (BHQ)
  • Stuttgarter Elektronische Studienbibel (SESB Version 2.0)
  • Hebrew University Bible (HUB)
  • Oxford Hebrew Bible Project (OHB)

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Considerações sobre "João Calvino - 500 anos"

O livro escrito por Hermisten Maia aborda a vida e teologia do reformador de Genebra, João Calvino. A obra se divide em duas partes, sendo certo que a primeira consiste no apanhado histórico, trazendo o pano de fundo da Reforma Protestante. Tal divisão é extremamente necessária para compreender tanto a história da Reforma, quanto algumas das formulações teológicas e filosóficas da época.

Inicialmente, destaca-se a Reforma como um movimento teológico e religioso, com raízes no Humanismo e Renascimento, os quais facilitaram a expansão das ideias e pensamentos de reforma dentro da igreja e sociedade. Tais movimentos por si só não era suficientes, de forma que a origem da Reforma Protestante encontra-se também na ênfase nas Escrituras dadas pelo Senhor. Havia grande comoção pelo retorno à Palavra Deus, em detrimento da tradição católica.

Ao abordar a história da vida de João Calvino, a obra trata dos pressupostos do reformador, sua vida, formação e experiência de conversão. Aliás, há poucas informações de caráter pessoal da experiência do reformador com Cristo, que se limita a citá-la poucas vezes e sem muitos detalhes. Um paralelo entre o Humanismo e a visão de Calvino nos é apresentada: para o humanista de seu tempo, a ênfase era na exaltação e capacidade do ser humano; Calvino, por outro lado, apresenta um humanismo caracterizado pela exaltação do homem como criatura portadora da imagem e semelhança de Deus, ressaltando a sua incapacidade. Portanto, o diferencial das duas visões é que a primeira coloca o homem no pedestal, e a segunda torna-o valoroso, na medida em que se valoriza Deus em primeiro lugar.

Nos termos acima, Calvino nos é apresentado como um humanista, pois detinha o conhecimento do movimento, e correspondia-se com amigos humanistas ao seu tempo. O pressuposto da valorização do homem está presente na sua obra e teologia, mesmo sem transformar o ser humano em objeto de adoração.

A segunda parte do livro aborda a teologia e prática de João Calvino. A pauta inicial diz respeito às Escrituras e o debate da sua suficiência como regra de fé e prática para a igreja e o indivíduo. A Palavra, embora não seja exaustiva em todos os assuntos, traz informações suficientes acerca da vida cristã e salvação do homem através de Jesus Cristo. Ela é autoritativa, pois não se propõe a explicar Deus e sua soberania, mas sim afirma-la e defendê-la como pressuposto.

Na medida em que a Palavra não é exaustiva, porém é autoritativa, dois pressupostos são defendidos na teologia de Calvino: (1) assim como defendia a Reforma Protestante, as Escrituras deveriam ser a regra de fé  e prática da igreja, orientando o culto  e a vida pessoal dos indivíduos. É a Palavra que deve justificar as ações, crenças e fé das pessoas, e não a tradição ou autoridade de líderes religiosos; (2) Por outro lado, a tradição tem o seu devido lugar tanto na história quanto na vida prática da igreja. A tradição pode trazer parâmetros para vida cristã, desde que não avoque para si a inspiração e infalibilidade das Escrituras.

Isto porque o responsável  pelas Escrituras e sua preservação é o próprio Espírito Santo, o qual guiou os autores humanos na redação das palavras de Deus, no processo de inspiração. Quando Moisés, Lucas, Paulo ou qualquer outro autor bíblico escreveram, era o Espírito conduzindo-os na produção das Escrituras. Este mesmo Espírito preservou o texto bíblico pelos séculos seguintes, a fim de que a igreja tivesse acesso ao conhecimento de Deus. Por fim, o mesmo Espírito ilumina a igreja para reconhecer as Escrituras como Palavra de Deus. Com base nesta informação o Espírito Santo e a Palavra de Deus são inseparáveis.

Nas Escrituras o homem tem toda a informação necessária acerca de Deus, o relacionamento com a humanidade, queda, salvação e santificação. Ao tomar conhecimento de Deus, Seu poder e atributos, e de quem é o homem diante dEle de fato conhecer a si mesmo. Conforme já citado anteriormente, o conhecimento e valorização do homem só é possível na medida em que ele conhece e valoriza ao Deus cuja imagem e semelhança ele é dotado. Conhecer a Deus se torna um privilégio responsabilizador, pois apresenta ao homem a necessidade de busca diária da conformidade ao Deus Santo que o criou.

O livro também aborda a responsabilidade pastoral, os quais são vocacionados e capacitados pelo próprio Senhor a fim de serem usados para o ensino e cuidado das igrejas temporais. O pastor deve ser reverente e submisso ao Senhor, preparando-se piedosamente na Palavra, a fim de ensinar e disciplinar a igreja, sendo porta-vozes da mensagem do evangelho. O pastor não deve apenas possuir conhecimento teológico e domínio bíblico, mas principalmente desenvolver vida e prática de oração, visto que o relacionamento do seu ministério com a igreja está abaixo do seu relacionamento  com o próprio Deus.

Em seguida, a obra aborda a eleição divina, e seu uso gramatical no Antigo Testamento e Novo Testamento. Deus elege os homens sem qualquer pressuposto inicial que não seja a Sua própria vontade soberana e graciosa. A eleição divina tem como pressupostos: (1) a depravação total do homem, tornando-o totalmente culpado e carente de méritos diante do Senhor, com os quais poderia justificar a sua escolha para salvação; (2) diferente do homem, Deus é totalmente livre e soberano, de forma que a Sua decisão de salvar ou não qualquer indivíduo não depende de qualquer critério alheio, Deus não consulta ninguém no processo da salvação, muito menos aquele que será salvo; (3) desde a fundação do mundo o plano da salvação já estava estabelecido, de forma que as ações e decisões do homem que foram posteriores ao decreto divino não tem qualquer poder de alterá-lo.

Portanto, na teologia de Calvino o Senhor é apresentado como o autor da salvação e eleição dos homens, de acordo com a sua livre e soberana vontade, que é eterna e imutável, baseada na justiça de Cristo, derramada de forma graciosa e incondicional sobre os eleitos de forma individual e irresistível. A eleição divina é justa, pois considera a necessidade de pagamento do pecado, a incapacidade do homem de quitá-lo e a benevolência do Senhor. 

Assim, segundo João Calvino, a eleição tem como objetivo abençoar os homens, salvando-os, para que Deus seja glorificado pelas suas obras de amor e misericórdia. Cientes de que fomos eleitos, não há nada que o homem possa oferecer a Deus, a não ser depositar a sua fé em Jesus Cristo e na verdade. Ao homem cabe o serviço a Deus e ao próximo como forma de amor, desenvolvendo uma vida de humildade e santidade como atos amorosos. 

Viver de acordo com a vontade de Deus não se torna um meio para obter a salvação, e sim uma consequência direta de ser salvo. Para Calvino, a partir do momento em que somos eleitos por Deus, que não considerou nossos pecados, devemos louvar e adorar Jesus como autor e consumador da nossa fé, proclamando a salvação com certeza da nossa vitória conquistada no Senhor, a fim de promover a glória de Deus entre as nações.

A obra também aborda a espiritualidade de João Calvino, e sua abordagem  sobre a oração, o qual deve estar firmada nas promessas do Senhor. Interessante que na visão de Calvino, a oração que não possui firmeza e convicção em seu cumprimento não é mais do que o ato de tentar ao Senhor. Devemos glorificar ao Senhor e dirigir a ele nossas súplicas convicto de que ele nos ouve e nos concede tudo aquilo do que precisamos. Devemos buscar refúgio nos momentos de oração e interceder uns pelos outros, conforme mandamento e exemplo do próprio Senhor Jesus.

O livro encerra com a ética social de Calvino, sua visão sobre a educação e o seu pensamento no tocante à ciência. Merece destaque a sua visão acerca da graça comum como fator de influência na cultura.

O livro, portanto, nos apresenta a pertinência do calvinismo para os tempos atuais. A obra serve para apresentar o que verdadeiramente foi defendido por João Calvino, e a extensão da sua contribuição para sociedade e igreja. Sua teologia sempre foi muito mais do que debate soteriológico, e a sua teologia nunca foi meramente especulativa, e sim dotada de um caráter de grande aplicabilidade pessoal e litúrgica.


Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...