domingo, 14 de novembro de 2021
Aniversário da Igreja Congregacional de Pedra Bonita
sábado, 6 de novembro de 2021
Congresso Teen - 2021 - Brilhe para glória de Deus
1 - Qual o significado e a importância do amor ágape na Bíblia??
O amor ágape pode ser compreendido basicamente como o tipo de amor que Deus sente por sua criação e por sua Igreja. Devemos entender ágape como um amor abnegado, incondicional, que procede da vontade e determinação de amar!
Assim, é mais fácil compreender como Deus nos ama, mesmo sendo pecadores. O amor de Deus não é baseado puramente nos seus sentimentos pela humanidade, pois do contrário, ele viveria irado conosco. Quer dizer que, independente de qualquer coisa, Deus está determinado a nos amar!
Deus é tão determinado a nos amar e tem tanta vontade de nos salvar, que deu Seu Filho para morrer em nosso lugar (João 3:16)!!!
E qual a importância disso?
Em primeiro lugar, o amor ágape é um consolo nos momentos que pecamos, pois Deus nos conforta com a certeza de que os nossos erros não vão nos afastar do Senhor para sempre. Se Deus está sempre determinado a nos amar, e nos amou mesmo quando éramos Seus inimigos, isso significa que não há nada que vai nos separar do amor dEle!
Em segundo lugar, o amor ágape é um padrão que nós cristãos devemos buscar. O amor ágape não deve ser tratado como algo sempre impossível para igreja, mas como algo que nós devemos buscar. Se somos imitadores de Cristo, precisamos aprender a amar como Ele amava: ágape.
Isso tanto é verdade, que o amor ágape vai ser cobrado da igreja expressamente, como por exemplo, em Efésios 5:25: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela".
2 - Deus perdoa todo e qualquer pecado?
NÃO!
Existe o pecado que não pode ser perdoado, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo, como o próprio Jesus declarou em Marcos 3:28-30 e Lucas 12:10.
Devemos, entretanto, levar esses textos em consideração junto com textos como o de Atos 16:31 e João 6:40, no qual fica claro que a fé no Filho garante a salvação do homem. Logo, não são considerados como blasfêmia contra o Espírito Santo:
- Negar Jesus Cristo durante um tempo;
- Negar por um tempo a graça de Deus;
- Negar a divindade do Espírito Santo durante algum tempo;
- Pecar contra o Espírito Santo;
- Estado: no comunismo o Estado não existe.
- Propriedade privada: não existe propriedade privada, e os meios de produção pertencem a todos os cidadãos.
- Forma da divisão da produção: tudo é dividido conforme a necessidade de cada pessoa.
- Classes sociais: não existem.
domingo, 31 de outubro de 2021
A procura da Palavra como uma das maiores lições da Reforma Protestante
"Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra, e luz para o meu caminho."
Salmos 119:105
No dia de hoje comemoramos o Dia da Reforma Protestante, quando Martinho Lutero fixou nas portas da Catedral de Wittenberg as suas 95 Teses acerca da prática de indulgências pela Igreja Católica Romana. Lutero desejava iniciar uma Disputa, um debate teológico acerca daquelas práticas, através da qual o perdão pelos pecados e mesmo a salvação eram oferecidas para quem pudesse pagar mais.
Quando o reformador afixou as teses, a sua luta não era contra a Igreja Católica, muito menos contra o Papa: Lutero lutava pelo respeito à Palavra de Deus.
Na nossa reflexão de hoje, gostaria de abordar um dos aspectos mais marcantes de toda a Reforma Protestante, qual seja, a possibilidade de procura e acesso a Palavra de Deus por todas as pessoas. Embora eu vá abordar alguns aspectos do período da Reforma, o ponto principal de hoje é refletir no que chamamos de Sola Scriptura. Quais são as lições de Lutero e dos reformadores quando eles se posicionam em prol das Escrituras?
1ª lição: Sem a Palavra, somos levados por todo vento de doutrina, movimento ou heresia
O período da Reforma e da Pré-Reforma é marcado pela falta de conhecimento, no geral. A maioria da sociedade era analfabeta, e pouquíssimas pessoas sabiam ler. No geral, essas pessoas pertenciam ao clero. Já a Palavra, antes da prensa de Gutemberg, precisa ver reproduzida página por página, manualmente, o que limitava muito o número de cópias.
Portanto, era comum que as pessoas comum as pessoas acreditarem em tudo que os sacerdotes e o clero afirmavam. Sem o conhecimento acerca da verdadeira fé em Jesus Cristo, as pessoas acreditavam que precisavam se submeter a tudo que lhes era exigido.
Havia uma visão sinérgica acerca da salvação, pela qual a penitência era capaz de fazer que os homens se livrarem da culpa dos seus pecados, seu período no purgatório, e mesmo dos seus familiares. Um papa poderia declarar um verdadeiro cristão em herege, e fechar as portas do céu para quem desejassem.
Isso nos ensina, que sem o acesso direito à Palavra de Deus, todos nós somos como aquelas pessoas que não tinham a capacidade de discernimento. Todos nós podemos ser vítimas de maior ignorância, e mesmo de homens maliciosos dispostos a usar a nossa fé para o seu próprio benefício.
Somente a Palavra de Deus pode nos proteger de todos estes males.
2ª lição: A Palavra de Deus é a regra de fé e prática da igreja
Quando olho para Lutero diante da Dieta de Worms, vemos um homem de consciência limpa. Lutero estava disposto a entregar a sua vida, mas totalmente avesso à ideia de rejeitar seus escritos, pois acreditava que estavam totalmente de acordo com a Palavra. Lutero mostrando a todas as pessoas, e a nós, que a consciência do cristão é escrava de Cristo, e não dos homens.
Lutero declarou na Dieta:
“A menos que possa ser refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos (visto que não creio no papa, nem nos concílios; é evidente que todos eles frequentemente erram e se contradizem); estou conquistado pela Santa Escritura citada por mim, minha consciência está cativa à Palavra de Deus: não posso e não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência. Esta é a minha posição. Não posso agir de outra maneira. Que Deus me ajude. Amém!”.
A Palavra de Deus precisa ser a regra de fé e prática da igreja; aquilo que faz os homens agirem ou pararem; falarem ou se calarem. A igreja que Lutero buscava era a igreja que buscava a Palavra como meio de descobrir uma vida que agrada a Deus.
Com esta afirmação, não estou negando a autoridade pastoral e a tradição da igreja, mas afirmando que não podem se posicionar em contradição com a Palavra. Caso ocorra, os mandamentos devem ser observados, e nem a ordem eclesiástica.
Também não nego as autoridades civis, pois a própria Palavra as definem como espada do Senhor, meio de justiça e punição do injusto. Digo, por outro lado, que nossa submissão ao Estado não deve ficar acima da submissão ao Senhor.
Por último, não nego a autoridade pastoral, mas que a mesma deve ser confrontada com os mandamentos do Senhor.
3ª lição: O acesso à Palavra precisa ser universal
Lutero se dedicou à tradução da bíblia do latim para o alemão, para que as pessoas comuns pudessem ter acesso ao texto bíblico sem necessidade de um intermediário. O reformador entendia a necessidade do acesso do povo ao Seu criador.
O que é o evangelho se não Deus falando diretamente com os homens? Privar os homens da bíblia é privá-los do contato com Jesus.
É partindo dessa premissa que precisamos lembrar que há grupos sociais com acesso muito restrito à Palavra e à pregação. Reflita: se um deficiente auditivo entrar na sua igreja hoje, há um intérprete de Libras preparado para isso?
A igreja deve investir na propagação do evangelho, no trabalho de intérpretes, tradutores, medidas de acessibilidade e capacitação de pessoas para alcançar os perdidos.
4ª lição: É através da Palavra de Deus que podemos ser santificados
Quando olhamos para a Igreja no tempo de Lutero, vemos um quadro deprimente. Havia um declínio moral extremo entre o clero, que necessariamente precisava observar o celibato. Como consequência, muitos sacerdotes tinham concubinas, frequentavam prostíbulos ou mantinham relações ilícitas com mulheres da sua congregação.
Estamos falando de um clero sem preparo teológico, que tinha mais contato com determinações papais e de autoridades da igreja do que com a própria Palavra.
Também estamos falando de um clero corrupto, que por vezes vendiam decisões, cargos, e mesmo a salvação e o perdão.
As pessoas não sabiam que era possível glorificar ao Senhor, vivendo de maneira santa nas coisas comuns, como estudo e profissão.
5ª lição: Pregar o simples evangelho é pregar o evangelho de uma forma que seja simples para quem está ouvindo
Lutero escreveu dois catecismos: o Maior e o Menor. Textos que visavam ensinar uma congregação, e mesmo um clero, sem qualquer preparo teológico.
Com isso, Lutero nos ensina que pregar o simples Evangelho é pregar de forma simples para quem está ouvindo, o que não significa negar espaço ao profundo ensino e estudo teológico.
Precisamos entender que alguns se converterão com poucas palavras, outro, talvez, mediante um debate filosófico ou científico à luz da teologia.
Devemos sempre adequar o conteúdo ao público alvo da mensagem, o que não significa diluir o evangelho e empobrecer seu conteúdo.
6ª lição: Precisamos usar todos os meios de propagação da Palavra:
POR CAUSA DA RELAÇÃO DE LUTERO COM A MÚSICA
MÚSICA, MÍDIAS SOCIAIS, CINEMA, PODCASTS, ETC
7ª lição: Manter a sua bíblia fechada é ignorar toda a luta que vivemos para que tivéssemos acesso a ela
EXORTAÇÃO A SE VOLTAR PARA PALAVRA DE DEUS NOVAMENTE
A IGREJA LUTOU PARA QUE O POVO PUDESSE TER A PALAVRA, PARA HOJE MANTERMOS A BÍBLIA FECHADA, NÃO A ESTUDARMOS, E NÃO BUSCARMOS COMPREENDÊ-LA
quarta-feira, 22 de setembro de 2021
O ministério do Espírito Santo na criação, na graça comum e na salvação
O Espírito Santo na história da igreja
O conceito de Trindade não se encontra nas Escrituras, e sim na produção teológica da igreja pelos séculos, sendo certo que encontrou seu ápice no conflito entre Ário e Atanásio. Havia pouca clareza sobre a triunidade de Deus na Igreja Primitiva, e principalmente, havia pouca clareza acerca do Espírito Santo.
É certo que o Espírito Santo não ocupava lugar de importância nas discussões da igreja, de forma que a definição da sua divindade apareceu pela primeira vez no Credo Niceno-Constantinopolitano (381 d.C.), mediante o trabalho dos Pais Capadócios, e, em especial, Basílio, o Grande. O teólogo considerava os pneumatômacos que rejeitavam a divindade do Espírito como apóstatas e declarava:
"Pelo Espírito Santo vem a restauração ao paraíso, a ascensão ao reino do céu, a volta à adoção como filhos, a liberdade de chamar Deus de Pai, sermos feitos participantes da graça de Cristo, sermos chamados filhos da luz, compartilharmos da glória eterna e, em poucas palavras, sermos levados a um estado de toda a "plenitude da bênção", tanto neste mundo como no mundo porvir."
As discussões acerca do Espírito Santo também foram a razão da separação da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa, na controvérsia acerca da Cláusula Filioque inserida no Credo de Niceia pelo Sínodo de Toledo, ocorrido em 589 d.C.
A despeito das discussões acerca do Espírito serem tão recentes na história da humanidade, a pessoa do Espírito, sendo Deus, está presente desde a eternidade. A ascensão de Cristo ao céu não é o marco inicial da ação do Espírito Santo na história da criação, e Seu ministério não é limitado ao período histórico posterior ao episódio da Festa de Pentecostes narrado em Atos 2.
Conforme podemos constatar na Palavra de Deus, o Espírito Santo sempre teve Sua participação na economia trinitária, desde a criação, até mesmo na graça comum e na salvação da humanidade, a qual não se restringe à obra do Pai e do Filho.
O Espírito Santo na criação
O relato de Gênesis apresenta Deus Pai como agente primordial, o qual inicia o ato da criação. Quanto ao Filho, vemos em João 1:3 que sem Ele nada do que existe teria sido feito. Jesus, portanto, é o agente eficaz que executa os planos e as ordens do Pai acerca da criação e da salvação.
Quanto ao Espírito Santo,vemos em Gênesis 1:2, que o mesmo "pairava por sobre as águas". A Bíblia de Estudo de Genebra, ao comentar o versículo, nos diz que "o poderoso Espírito transformou a terra emergente num habitat para os seres humanos e, depois, deu-lhe o sábado para o descanso".
Os materiais teológicos acerca da participação do Espírito Santo na criação são escassos, e teólogos como Wayne Grudem afirmam que a narrativa bíblica aponta para uma função preservadora, sustentadora e regente.Tal posição, conforme veremos nos tópicos seguintes, encontra respaldo nas demais atribuições do Espírito, em especial no plano da salvação, no qual desempenha um papel primordial desde a conversão individual de cada cristão até o retorno de Cristo.
O Espírito Santo na graça comum
Uma vez que Deus é criador de todas as coisas, e sustenta a eternidade em Suas mãos, conclui-se logicamente que a ação do Espírito Santo não se restringe às ações que conduzem o homem à salvação. Se Paulo nos ensina, em Romanos 8:34, que Cristo ressuscitou dentre os mortos e está a direita do Pai intercedendo por nós, podemos concluir que é função do Espírito Santo operar tanto a graça salvifica quanto a graça comum, manifestando a presença ativa de Deus no mundo, e em especial na igreja.
A Graça comum pode ser considerada como a bondade do Senhor que é derramada sobre toda a criação, e não apenas sobre a Sua igreja. Um bom exemplo da graça comum mediante o Espírito Santo pode ser encontrado na história da fuga dos hebreus no Egito, onde se evidencia que o Senhor endurece o coração de Faraó antes de efetivamente fazê-lo autorizar a saída do povo após a última praga.
Vide que em sentido contrário, é o Espírito Santo que refreia todo o potencial lesivo do pecado dos homens, e, ao evitar que o ser humano cometa os pecados mais pífios do íntimo do seu ser, está abençoando crentes e descrentes igualmente. Ao levantar José para preservar o povo hebreu da fome no Egito, preservou também os próprios egípcios, sendo um claro exemplo da graça comum.
O Comentário dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo aborda a obra do Espírito Santo no pecador (Art. 1º) e dispõe que o Senhor "possui sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não os podem compreender; conforme Sua soberana e livre vontade governa todas as coisas".
Durante esse governo eterno, suas obras e criaturas manifestam não apenas a Sua existência, como também Seus atributos, conforme Romanos 1:19-20. Infere-se, portanto, que a perdição é a condição natural do homem, e a condenação não decorre da incapacidade de receber a graça salvífica, e sim na incapacidade de reconhecer ao Senhor na graça comum.
O Espírito Santo na salvação
Se há um um capítulo na história da relação de Deus com a criação, é na obra da salvação que a ação do Espírito Santo é mais clara, afinal, é o Espírito Santo quem opera o chamado eficaz e a regeneração. Conforme as palavras do próprio Jesus Cristo em João 16:7-11, o Espírito Santo é o Conselheiro que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo.
No plano da salvação, há um renovo espiritual que habilita o homem para atender ao chamado de Cristo, a regeneração do pecador, que conforme Ezequiel 36:26-27, ocorre através da habitação do Espírito no coração do homem, para que ande nos estatutos do Senhor. A regeneração operada pelo Espírito Santo é um processo espiritual pelo qual o Senhor remove a dureza do coração do homem, trazendo vida nova.
Neste sentido, vemos o próprio Jesus ensinar Nicodemos acerca da necessidade do novo nascimento através do Espírito, conforme João 3:5-8. Vide também que em Atos 10:44 o Espírito Santo foi derramado sobre os gentios que receberam a pregação de Pedro, de forma que o batismo não poderia ser negado aos mesmos.
No plano da salvação, o Espírito Santo é responsável por conceder ao homem o discernimento da realidade espiritual, conforme Paulo em 1 Coríntios 2:12-14. Fica evidente no texto do apóstolo que o homem em seu estado natural é incapaz de compreender a existência e obras de Deus, muito menos o plano da salvação executado por Jesus Cristo. Para estes, o evangelho é uma loucura, pois necessitam de um discernimento espiritual, o qual é concedido pelo Espírito Santo.
Dentro do plano da salvação, o Espírito Santo é responsável não apenas pela regeneração, como também pela santificação. Compete ao Espírito Santo guiar o cristão, fazendo-o desenvolver o fruto do Espírito, conforme Gálatas 5:22. A partir do momento que somos regenerados como filhos de Deus passamos a ser guiados pelo Espírito Santo, conforme Romanos 8:14. Paulo compreende que somos passivos, e dependentes da obra do Espírito para viver uma vida de santificação.
Por fim, no plano da salvação o Espírito Santo é responsável pela preservação dos santos: todos os filhos de Deus serão preservados por Deus até o final da vida. Compete ao Espírito Santo nos selar até o fim dos tempos, como nosso penhor, nos termos de Efésios 1:13-14.
Conclusão
Ao analisarmos o ministério do Espírito Santo, resta-nos evidente o papel que Ele exerce na economia trinitária. Compete ao Pai definir o plano da salvação, ao Filho executá-la no Seu próprio sacrifício, e ao Espírito Santo efetuar a manutenção dessa obra.
Conforme mais evidente nos dons distribuídos para a igreja, compete ao Espírito Santo manifestar aos homens a existência e o poder de Deus, o que também ocorre na dispensação da graça especial e da graça comum, na criação de todas as coisas, na regeneração, santificação e preservação do cristão até o fim dos tempos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Olson, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas / Roger E. Olson; tradução Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 2001.
Berkhof, Louis. História das doutrinas cristãs / Louis Berkhof; tradução de Gordon Chown, João Marques Bentes. - São Paulo: PES - Publicações Evangélicas Selecionadas, 2015.
Bíblia de Estudo de Genebra. 2ª ed. Barueri, SP : Sociedade Bíblica do Brasil ; São Paulo : Cultura Cristã, 2009.
Carreiro, Vanderli Lima. Nossa Doutrina - Comentário dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo : Rio de Janeiro, Unigevan Editora, 2005, 305p.
A Obra do Espírito Santo na Graça Comum - Parte II (monergismo.com)
sábado, 21 de agosto de 2021
Uma expectativa saudável da volta de Cristo (2 Tessalonicenses 2:1-4)
Imagem extraída de: Como entender a segunda vinda de Jesus (cancaonova.com) |
domingo, 18 de julho de 2021
Três cruzes (Lucas 23:39-40)
Lucas relata um dos momentos que antecederam a morte de Jesus na cruz. Momento de extrema humilhação, blasfêmia e dor, no qual o Filho de Deus foi ofendido e desafiado a descer da cruz, se de fato era o Salvador. Naquele momento uma multidão enfurecida, diante do espetáculo da morte de três homens, questionava como aquele que supostamente salvava outras pessoas não era capaz de salvar a si mesmo; como o que declarava ser Filho de Deus poderia estar na cruz.
Nem mesmo os dois homens que estavam condenados com Jesus Cristo estavam isentos de tamanha ofensa! Quando lemos Mateus 27:44 e Marcos 15:32, descobrimos que ambos os ladrões insultaram Jesus e blasfemaram contra ele!
Lucas, por outro lado, mostra que um dos ladrões repreendeu o outro que desafiava Jesus a sair da cruz, e livrar a eles próprios no processo! Há um erro do autor bíblico?
Haviam três cruzes: Três condenados, dois culpados e um inocente a beira da morte num dos momentos mais didáticos que eu conheço! Sabemos que Deus é extremamente didático conosco, tanto por nossas limitações naturais, como pelo pecado cravado na nossa carne. Portanto, até mesmo o momento da crucificação é extremamente didático para nós!
Em primeiro lugar, há um homens prestes a morrer, mas que zombam do Filho de Deus!
Cristo havia sido crucificado entre dois homens, dois verdadeiros criminosos, que diferente de Jesus, estavam ali por seu próprio merecimento. Homens tão perigosos que mereceram a pena de morte aplicada pelo Império Romano!
A crucificação, neste aspecto, é didática, pois mostra o homem em seu estado natural: condenado na iminência de sofrer o justo juízo pelos seus pecados, e que ainda assim, capaz de zombar do único que pode nos salvar desta condição!
Neste exato momento há bilhões de pessoas com a expectativa de sofrer a morte eterna por seus pecados! Muitas destas, infelizmente, receberam a proclamação da Palavra de Deus, ouviram falar de Jesus, e são capazes de zombar do Senhor com piadas, sátiras, ironia e desprezo. Quantos deles não acusam Maria de criar uma religião inteira pra esconder um adultério? Que Jesus é um cara "de boas", mas o que estraga é o fã clube dele?
Quantos não fazem piada com o dilúvio? Com a criação do homem e da mulher? E não só piadas, como também graves acusações contra o nosso Deus! Quantas vezes não ouvi afirmações de Deus como uma criança mimada? Como um déspota e autoritário? Como o Deus cruel e insensível que manda matar mulheres e crianças?
E o estado natural não é só aquele no qual o homem confronta e acusa Deus, mas também aquele no qual o homem recusa reconhecer a sua existência, diante de sua própria miséria! Da mesma forma que o ladrão na cruz só se importava com a divindade de Jesus se isso fosse capaz de tirar ele da cruz, muitos de nós também o negamos quando nos deparamos com os nossos próprios dilemas pessoais, e mesmo com o problema do mal!
Quantos lá fora não questionam onde está Deus, que não vê crianças morrendo de fome ou sendo estupradas, pais matando filhos e esposas, guerras, doenças e todo mal do mundo? Há quem afirme que se Deus existe, já nos abandonou faz tempo, do contrário, não aconteceria tanta coisa ruim. Outros tantos dizem que ele pode ter criado, mas que não tem o menor interesse em interferir, e nem poder para fazê-lo!
O que esses homens estão fazendo está diretamente representando nos ladrões das cruzes: diante da sentença de morte, eles blasfemam contra Deus mesmo estando condenados. Na verdade, eles blasfemam por estarem condenados.
Em segundo lugar, uma das cruzes carregava um homem que seria salvo sem fazer nada para merecer.
Como eu já havia dito, em Mateus e Marcos nós descobrimos que os dois homens crucificados com Jesus zombaram e blasfemaram, desafiando-os a retirá-los da cruz. De repente um deles passa a repreender o outro, e inclusive reconhece que mereciam estar ali!
Tinham dois homens diferentes, ambos culpados, mas para um deles o Senhor disse que ainda naquele dia estariam juntos no paraíso! Aquele homem que foi salvo estava pendurado numa cruz pagando a pena pelos crimes que cometeu! Ele não fez qualquer boa obra, ele não fez caridade, não assistiu os sermões de Jesus e sequer acompanhou seu ministério. Podemos crer que até aquele momento Jesus não teve qualquer contato com ele, visto que inicialmente era apenas mais um escarnecedor!
Tudo que aquele homem fez foi olhar para Jesus Cristo e clamar por piedade, e isto lhe foi imputado por justiça! Aquele homem foi salvo naquele momento! Ele não foi salvo sequer por uma expectativa ou promessa de se tornar um homem melhor e membro da igreja primitiva, pois tudo que sabemos da sua vida a partir da sua conversão é que ele morreu crucificado!
Conosco não é diferente, pois todos nós fomos salvos pelo Senhor mesmo tendo sido seus inimigos. Fomos objetos da sua misericórdia sem nem pedir por isto! Duas lições nos são apresentadas diante dessa mudança repentina.
a) Houve um agir de Deus que causou a mudança repentina daquele homem colocado na cruz! O Espírito Santo operou nele a regeneração necessária para olhar para Jesus e compreender que ele é o Salvador, o Filho de Deus!
E não poderia ser diferente! Os dois homens na cruz estavam na mesma condição de culpa, sofrendo a mesma sentença, ouvindo as mesmas palavras de blasfêmia e olhando para o mesmo Jesus na cruz! Um deles foi salvo e o outro não foi!
b) Não havia, portanto, qualquer fato ou ação que qualquer daqueles homens tenha praticado, que teria feito com que um deles fosse justificado e o outro não. Não havia qualquer mérito.
Por fim a didática da cruz: há dois pecadores, igualmente culpados, igualmente merecedores da pena de morte. A única coisa que os separava era Jesus Cristo!
A única coisa que diferenciava aqueles homem era a forma como eles olhavam para Jesus!
Um deles via apenas um homem, que se fosse Deus, tinha a obrigação de sair dali e tirar os outros dois da pena que sofriam. Para esse homem, Jesus crucificado não importava; Jesus só poderia ser Deus se pudesse livrá-lo; Jesus só poderia ser Deus se tivesse mãos fortes e lhe desse algum benefício imediato. Aquele homem não via Jesus como Senhor, mas apenas como mais um homem, cujo poder e influência acabaria com a morte.
O outro homem olhou para o Cordeiro de Deus, ferido e quase morto, clamando para que o Pai tivesse piedade daqueles homens que não sabiam o que estavam fazendo. Ele viu aquele homem ser submetido a toda espécie de humilhação, sufocar na cruz, e ainda assim o chamou de Mestre! Ele não exigiu qualquer benefício, milagre ou livramento. Tudo que ele pediu é que Jesus tivesse piedade dele e se lembrasse dele quando estivesse no Reino!
Aquele homem, diante do Filho de Deus pediu misericórdia e reconheceu os seus próprios pecados, e a justiça que havia em estar crucificado pelos crimes que cometeu. Ele não estava preocupado com a sua vida, mas passou a temer ao Senhor e amar Jesus.
Assim, aquelas três cruzes são didáticas para nós, pois mostram que a única coisa entre o cristão e o homem natural é Jesus Cristo.
Ambos são pecadores e merecedores do Juízo de Deus
Ambos são incapazes de livrar-se da sentença de morte por qualquer mérito que possua
No fim das contas, o que vai definir um cristão não são suas obras, mas a forma como ele olha para Jesus e para o que ele fez na cruz.
segunda-feira, 7 de junho de 2021
Você morreria por uma oração?
domingo, 23 de maio de 2021
A necessidade do amor (1 Coríntios 13:1-3)
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
sábado, 22 de maio de 2021
Bíblia Hebraica - O texto massorético
O texto hebraico do Antigo Testamento é denominado de texto massorético, pois se baseia na transmissão textual dos massoretas, eruditos judeus que na Idade Média se propuseram a formar a bíblia hebraica e transmitir o texto da forma mais exata possível. O texto massorético medieval é constituído de quatro elementos: texto consonantal, vocalização, organização textual e a massorá à margem.
O texto consonantal
a) Primeiro período (3º Século a.C.): texto consonantal bem conceituado, a partir do texto protomassorético. O que importava era o conteúdo do texto, e a exata reprodução das consonantes parecia algo secundário. Período que durou até a destruição do segundo Templo pelos romanos.
b) Segundo período (70 d.C. até o 7º século): maior unificação do texto massorético consonantal e sua preservação pelos rabinos.
c) Terceiro período (8º século d.C. até o final da Idade Média): estabelecimento da vocalização do texto consonantal, inicialmente com diferentes sistemas de pontuação. Período de continuada fixação do texto, com vistas a sua preservação.
A Escritura Sagrada do judaísmo precisa ser descrita como um corpus escalonado de textos autorizados: (1) Tanak, que é a revelação direta dada a Moisés no Monte Sinai e transmitida pela tradição; (2) livros proféticos; (3) Salmos. Essa divisão reflete o processo histórico de construção.
Os livros da terceira divisão do cânon hebraico passaram a integrar as Escrituras Sagradas após um longo processo de discussão entre o século 3º d.C. e 4º d.C. Tal processo foi atribuído à um suposto sínodo em Jâmnia, no qual o conselho superior dos judeus teria se reunido sob a liderança do rabino Gamaliel II, criando um cânone hebraico distinto do cristão. Entretanto, tal sínodo não ocorreu.
Transmissão e correções
O texto consonantal transmitido pelos massorestas apresenta diversas peculiaridades, como letras estranhas e pontos extraordinários; observações na margem sobre a leitura das consonantes.
Sobre os pontos extraordinários (puncta extraordinaria), 15 passagens receberam pontos por cima de determinadas letras ou de palavras inteiras. Alguns desses pontos indicam supressão, mas no geral se discute seu suposto uso para indicar a presença de supostos erros de cópia ou de variantes questionáveis.
Na BHS também ocorre o nun invertido (nun inversum) em 9 oportunidades, acompanhado de um sinal diacrítico, e seu uso é comparado ao do sigma invertido em fontes alexandrinas do grego. Indicariam que o texto está entre colchetes, fora do seu lugar original. Alguns consideram como abreviação para nakud, onde o nun era invertido para não ser considerado como parte do texto.
O texto massorético também apresenta letras suspensas (Litterae suspensae) em 4 palavras, utilizados como forma de correção do texto, necessária por razões de natureza crítico-textual.
Também apresenta letras ampliadas (litterae maiusculae) nos manuscritos medievais, no início de uma seção ou livro, para diferentes finalidades. Também podem ser utilizadas para indicar o meio de um livro.
Outro fenômeno é o Ketib-Qere, onde as observações marginais são feitas pelos copistas conectadas diretamente ao texto consonantal. Na margem é inserida uma palavra ou forma de palavra diferente da encontrada no texto, indicando a forma correta de ler em voz alta. Alguns dizem que se tratam de instrumento que visava a melhoria do texto. Outra corrente alega serem variantes textuais extraídas de um ou mais manuscritos e inseridas na margem.
Há também um tipo especial de Ketib-Qere, a ser lido sempre (Qere perpetuum), que ocorre sempre no nome de Deus, na pronúncia de Jerusalém e no uso do pronome pessoal da terceira pessoa do singular feminino.
O texto massorético também apresenta opiniões (Sebirin), passagens onde uma forma alternativa foi anotada à margem, com formas mais simples ou comuns de palavraas do texto que são consideradas difíceis ou complicadas. Recebem o significado de simples opiniões ou sugestões.
Há também correções dos escribas (Tiqqune sopherim), segundo a tradição rabínica, em 18 lugares onde há evidência de que os escribas interferiram no texto consonantal, corrigindo-o. Correções que tem a ver principalmente com leituras ofensivas, ensejando alterações.
Vocalização massorética
Haviam diferentes grupos de transmissores entre os massorestas, dependendo do tipo de trabalho que faziam: alguns copiavam exclusivamente o texto consonantal (soferim); outros eram responsáveis por adicionar os sinais vocálicos e acentos à estrutura consonantal (naqdanim); e aqueles que adicionavam observações nas margens e abaixo do texto, a fim de garantir e exercer controle sobre a forma do texto.
A vocalização dos massoretas foi precedida por outras tentativas de fixar a pronúncia e leitura do texto, como a transcrição do texto hebraico em caracteres gregos, uso de sinais vocálicos e de pontuação e pontos diacríticos.
Houveram 3 sistemas de vocalização: palestina, babilônica e tiberiense. As vocalizações babilônica e palestina são divergentes não apenas nos sinais vocálicos utilizados, como também na própria fixação da pronúncia.
Já quando falamos da vocalização tiberiense, 3 fatores determinantes são destacados: (1) a vocalização se baseia na tradição da leitura oral, sendo mais recente; (2) a interação ou influência recíproca entre a pronúncia do hebraico e considerações de ordem gramatical; (3) decisões de natureza exegética.
A vocalização tiberiense se deu por duas famílias: Ben Asher e Ben Naftali, tendo suas diferenças listadas pelo Kitab al-Khilaf, um tratado que serve para apurar o grau de concordância dos manuscritos medievais que trazem vocalização tiberiense.
Dianta de diversas possibilidades de vocalização, entende-se que a crítica textual não pode ter como ponto de partida o texto vocalizado, e sim o consonantal, sem qualquer vocalização.
Divisão do texto e sistema de acentuação
Nos rolos de Qumran aparecem sistemas de divisão de texto, em especial a divisão prosaico bivalente, que faz distinção entre seções principais e seções subordinadas dentro do texto que é copiado de forma contínua. Desta forma, as divisões não são fruto da atividade dos massoretas, que apenas as transmitiram.
A Torá foi dividida pelos massoretas em leituras semanais, que poderiam durar um ano (parashás) ou três (sedarim), respectivamente 54 ou 154/167 seções semanais.
Também se aplica a divisão em versículos, que é a menor unidade significativa do texto e já pode ser identificada em alguns dos manuscritos de Qumram.
No tocante à acentuação, cumprem 3 funções: (1) sinais de cantilação para declamação ou recitação do texto no culto; (2) revelam sílabas tônicas; (3) sinais de pontuação e organização de texto.
Entre os acentos também temos o Paseq, que é um sinal vertical colocados entre duas palavras para indicar que devem ser mantidas separadas, ou quando a consonante final da primeira palavra é idêntica à inicial da segunda; e o Meteg, que é um tracinho que aparece ao lado esquerdo da vogal, para dar sustentação ou apoio à vocalização.
Já a divisão em capítulos foi inserida na Vulgata Latina, sendo introduzida também na bíblia hebraica por volta do século 14 d.C.
Massorá menor e massorá maior
Os massoretas desenvolveram um sistema de preservação do texto, denominado de massorá, consistente em notas marginais colocadas ao lado (massorá parva) ou abaixo (massorá marginal) do espaço em que se encontra o texto.
Tinham por objetivo principal impedir que surgissem formas de escrita anômalas ou irregulares. Tratava-se de uma forma de controle da qualidade do texto consonantal, que buscava também evitar erros e trazer dados estatísticos.
Temos a massorá menor indicando a aparição de uma palavra ou formulação, enquanto a massorá maior traz as referências ou passagens onde ocorrem essas palavras ou formulações.
- Impedir formas de escrita anômalas ou irregulares
- Evitar erros por desatenção ou acomodação
- Trazer dados estatísticos sobre uma palavra ou forma de palavra
- Controle da qualidade do texto consonantal
Manuscritos hebraicos da Idade Média
A bíblia completa em hebraico tem os manuscritos do início da Idade Média como textos fundamentais. São eles: PARA NATÁLIA DAR UM RESUMINHO
- Códice do Cairo
- Códice Aleppo
- Códice Leningrado
- Códice Oriental Ms. 4445
- Códice Sassoon 1053
- Códice Babilônico Petropolitano
- Fragmentos de Guenizá
- Bíblia Hebraica Quinta (BHQ)
- Stuttgarter Elektronische Studienbibel (SESB Version 2.0)
- Hebrew University Bible (HUB)
- Oxford Hebrew Bible Project (OHB)
quinta-feira, 8 de abril de 2021
Considerações sobre "João Calvino - 500 anos"
O livro escrito por Hermisten Maia aborda a vida e teologia do reformador de Genebra, João Calvino. A obra se divide em duas partes, sendo certo que a primeira consiste no apanhado histórico, trazendo o pano de fundo da Reforma Protestante. Tal divisão é extremamente necessária para compreender tanto a história da Reforma, quanto algumas das formulações teológicas e filosóficas da época.
Inicialmente, destaca-se a Reforma como um movimento teológico e religioso, com raízes no Humanismo e Renascimento, os quais facilitaram a expansão das ideias e pensamentos de reforma dentro da igreja e sociedade. Tais movimentos por si só não era suficientes, de forma que a origem da Reforma Protestante encontra-se também na ênfase nas Escrituras dadas pelo Senhor. Havia grande comoção pelo retorno à Palavra Deus, em detrimento da tradição católica.
Ao abordar a história da vida de João Calvino, a obra trata dos pressupostos do reformador, sua vida, formação e experiência de conversão. Aliás, há poucas informações de caráter pessoal da experiência do reformador com Cristo, que se limita a citá-la poucas vezes e sem muitos detalhes. Um paralelo entre o Humanismo e a visão de Calvino nos é apresentada: para o humanista de seu tempo, a ênfase era na exaltação e capacidade do ser humano; Calvino, por outro lado, apresenta um humanismo caracterizado pela exaltação do homem como criatura portadora da imagem e semelhança de Deus, ressaltando a sua incapacidade. Portanto, o diferencial das duas visões é que a primeira coloca o homem no pedestal, e a segunda torna-o valoroso, na medida em que se valoriza Deus em primeiro lugar.
Nos termos acima, Calvino nos é apresentado como um humanista, pois detinha o conhecimento do movimento, e correspondia-se com amigos humanistas ao seu tempo. O pressuposto da valorização do homem está presente na sua obra e teologia, mesmo sem transformar o ser humano em objeto de adoração.
A segunda parte do livro aborda a teologia e prática de João Calvino. A pauta inicial diz respeito às Escrituras e o debate da sua suficiência como regra de fé e prática para a igreja e o indivíduo. A Palavra, embora não seja exaustiva em todos os assuntos, traz informações suficientes acerca da vida cristã e salvação do homem através de Jesus Cristo. Ela é autoritativa, pois não se propõe a explicar Deus e sua soberania, mas sim afirma-la e defendê-la como pressuposto.
Na medida em que a Palavra não é exaustiva, porém é autoritativa, dois pressupostos são defendidos na teologia de Calvino: (1) assim como defendia a Reforma Protestante, as Escrituras deveriam ser a regra de fé e prática da igreja, orientando o culto e a vida pessoal dos indivíduos. É a Palavra que deve justificar as ações, crenças e fé das pessoas, e não a tradição ou autoridade de líderes religiosos; (2) Por outro lado, a tradição tem o seu devido lugar tanto na história quanto na vida prática da igreja. A tradição pode trazer parâmetros para vida cristã, desde que não avoque para si a inspiração e infalibilidade das Escrituras.
Isto porque o responsável pelas Escrituras e sua preservação é o próprio Espírito Santo, o qual guiou os autores humanos na redação das palavras de Deus, no processo de inspiração. Quando Moisés, Lucas, Paulo ou qualquer outro autor bíblico escreveram, era o Espírito conduzindo-os na produção das Escrituras. Este mesmo Espírito preservou o texto bíblico pelos séculos seguintes, a fim de que a igreja tivesse acesso ao conhecimento de Deus. Por fim, o mesmo Espírito ilumina a igreja para reconhecer as Escrituras como Palavra de Deus. Com base nesta informação o Espírito Santo e a Palavra de Deus são inseparáveis.
Nas Escrituras o homem tem toda a informação necessária acerca de Deus, o relacionamento com a humanidade, queda, salvação e santificação. Ao tomar conhecimento de Deus, Seu poder e atributos, e de quem é o homem diante dEle de fato conhecer a si mesmo. Conforme já citado anteriormente, o conhecimento e valorização do homem só é possível na medida em que ele conhece e valoriza ao Deus cuja imagem e semelhança ele é dotado. Conhecer a Deus se torna um privilégio responsabilizador, pois apresenta ao homem a necessidade de busca diária da conformidade ao Deus Santo que o criou.
O livro também aborda a responsabilidade pastoral, os quais são vocacionados e capacitados pelo próprio Senhor a fim de serem usados para o ensino e cuidado das igrejas temporais. O pastor deve ser reverente e submisso ao Senhor, preparando-se piedosamente na Palavra, a fim de ensinar e disciplinar a igreja, sendo porta-vozes da mensagem do evangelho. O pastor não deve apenas possuir conhecimento teológico e domínio bíblico, mas principalmente desenvolver vida e prática de oração, visto que o relacionamento do seu ministério com a igreja está abaixo do seu relacionamento com o próprio Deus.
Em seguida, a obra aborda a eleição divina, e seu uso gramatical no Antigo Testamento e Novo Testamento. Deus elege os homens sem qualquer pressuposto inicial que não seja a Sua própria vontade soberana e graciosa. A eleição divina tem como pressupostos: (1) a depravação total do homem, tornando-o totalmente culpado e carente de méritos diante do Senhor, com os quais poderia justificar a sua escolha para salvação; (2) diferente do homem, Deus é totalmente livre e soberano, de forma que a Sua decisão de salvar ou não qualquer indivíduo não depende de qualquer critério alheio, Deus não consulta ninguém no processo da salvação, muito menos aquele que será salvo; (3) desde a fundação do mundo o plano da salvação já estava estabelecido, de forma que as ações e decisões do homem que foram posteriores ao decreto divino não tem qualquer poder de alterá-lo.
Portanto, na teologia de Calvino o Senhor é apresentado como o autor da salvação e eleição dos homens, de acordo com a sua livre e soberana vontade, que é eterna e imutável, baseada na justiça de Cristo, derramada de forma graciosa e incondicional sobre os eleitos de forma individual e irresistível. A eleição divina é justa, pois considera a necessidade de pagamento do pecado, a incapacidade do homem de quitá-lo e a benevolência do Senhor.
Assim, segundo João Calvino, a eleição tem como objetivo abençoar os homens, salvando-os, para que Deus seja glorificado pelas suas obras de amor e misericórdia. Cientes de que fomos eleitos, não há nada que o homem possa oferecer a Deus, a não ser depositar a sua fé em Jesus Cristo e na verdade. Ao homem cabe o serviço a Deus e ao próximo como forma de amor, desenvolvendo uma vida de humildade e santidade como atos amorosos.
Viver de acordo com a vontade de Deus não se torna um meio para obter a salvação, e sim uma consequência direta de ser salvo. Para Calvino, a partir do momento em que somos eleitos por Deus, que não considerou nossos pecados, devemos louvar e adorar Jesus como autor e consumador da nossa fé, proclamando a salvação com certeza da nossa vitória conquistada no Senhor, a fim de promover a glória de Deus entre as nações.
A obra também aborda a espiritualidade de João Calvino, e sua abordagem sobre a oração, o qual deve estar firmada nas promessas do Senhor. Interessante que na visão de Calvino, a oração que não possui firmeza e convicção em seu cumprimento não é mais do que o ato de tentar ao Senhor. Devemos glorificar ao Senhor e dirigir a ele nossas súplicas convicto de que ele nos ouve e nos concede tudo aquilo do que precisamos. Devemos buscar refúgio nos momentos de oração e interceder uns pelos outros, conforme mandamento e exemplo do próprio Senhor Jesus.
O livro encerra com a ética social de Calvino, sua visão sobre a educação e o seu pensamento no tocante à ciência. Merece destaque a sua visão acerca da graça comum como fator de influência na cultura.
O livro, portanto, nos apresenta a pertinência do calvinismo para os tempos atuais. A obra serve para apresentar o que verdadeiramente foi defendido por João Calvino, e a extensão da sua contribuição para sociedade e igreja. Sua teologia sempre foi muito mais do que debate soteriológico, e a sua teologia nunca foi meramente especulativa, e sim dotada de um caráter de grande aplicabilidade pessoal e litúrgica.
Daniel e Eclesiastes 11:9-10
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