sábado, 27 de abril de 2024

Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedirá contas de tudo que fizer. Não se preocupe com coisa alguma e mantenha o corpo saudável. Lembre-se, porém, que a juventude, e a vida inteira diante de você, não fazem sentido." Eclesiastes 11:9-10


I - CONTEXTUALIZANDO ECLESIASTES

  • Salomão escreve Eclesiastes na sua velhice, após retornar para o Senhor depois de ter se permitido corromper por suas esposas;
  • Salomão tem propriedade para falar sobre alegrar-se e aproveitar cada momento, bem como fazer tudo aquilo que se deseja;
  • Entretanto, Salomão também tem propriedade para falar sobre a efemeridade da vida e de tudo que se vive diariamente.
  • Salomão tem propriedade para falar sobre a prestação de contas que precisaremos dar de tudo aquilo que fizemos durante nossa vida.
  • Portanto, Salomão nos aconselha a não desperdiçar a nossa juventude
  • Ele também nos alerta que não apenas a juventude como toda a nossa vida são passageiras, de forma que não corrigir nossas posturas hoje é um bom modo de ver o tempo escorrer entre nossos dedos e a vida passar sem que tenhamos nos alegrado no Senhor e suas bençãos.
II - O PARALELO COM DANIEL

  • Vemos Daniel viver a vida conforme o conselho que Salomão nos deixou
  • Ele manteve seu corpo saudável e comeu apenas aquilo que lhe era lícito consumir
  • Ele não desperdiçou a sua juventude nos prazeres da Babilônia. Pelo contrário: trabalhou para que a vontade do Senhor para seu povo e o povo da Babilônia fosse concretizada através das suas ações.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Panorama dos Livros da Bíblia - Antigo Testamento

Introdução

No artigo de hoje eu gostaria de dar um breve panorama sobre todos os livros do Antigo Testamento. É importante compreender um pouco do escopo geral de cada um dos livros, o que ajuda bastante na compreensão de passagens específicas, ou mesmo do contexto histórico no qual determinado livro foi escrito.

A bíblia cristã evangélica possui 66 livros, os quais são divididos em 39 livros do Antigo Testamento e 27 livros do Novo Testamento. 

Divisão do Antigo Testamento

  • Livros da Lei ou Pentateuco
  • Livros Históricos
  • Livros Poéticos
  • Livros dos Profetas Maiores: 
  • Livros dos Profetas Menores

Divisão do Novo Testamento

  • Livros Bibliográficos ou Evangelhos
  • Livro Histórico
  • Epístolas de Paulo
  • Epístolas Gerais
  • Livro Profético

O Antigo Testamento

O Antigo Testamento, embora negligenciado e muitas vezes mal interpretado, é muito útil para igreja, pois apresenta o pano de fundo histórico para compreensão no Novo Testamento e das palavras e ações do nosso Senhor Jesus Cristo.

Essa importância se torna ainda mais clara quando descobrimos que o Antigo Testamento é citado mais de 600 vezes no novo testamento, sendo muitas dessas citações feitas pelo próprio Senhor Jesus. É certo, inclusive, que muitas das palavras pronunciadas pelo nosso Salvador enquanto falava às multidões são reproduções constantes de passagens do Antigo Testamento.
  • Gênesis: significa "Começo". O livro de Gênesis narra o início de todas as coisas, com a criação dos céus, da terra, da humanidade. Também narra o início do plano da salvação, através do registro da Queda, da promessa de redenção, separação de um povo para Deus, e profecias acerca da vinda do Messias.
  • Êxodo: significa "Saída". O livro de Êxodo narra a saída do povo hebreu do Egito em direção ao Monte Sinai, onde receberam as tábuas da Lei.
  • Levítico: o livro dos levitas, dos sacerdotes. Logo, Levítico é o livro da Lei e das instituições básicas de Israel.
  • Números: O livro do censo do povo de Israel durante sua peregrinação no deserto.
  • Deuteronômio: significa "Segunda Lei". A Lei de Deus é entregue novamente ao povo no deserto.
  • Josué: traz a história da conquista de Canaã por Josué.
  • Juízes: O período no qual o povo de Israel foi governado por Juízes. Após os juízes, inicia o período dos reis.
  • Rute: Ainda no tempo dos Juízes, Rute trata da linhagem de Davi, o rei de Israel, e ancestral do Senhor Jesus.
  • 1 Reis: a história dos 3 primeiros reis de Israel: Saul, Davi e Salomão.
  • 2 Reis: a história da divisão do Reino de Israel em Reinos do Norte (Israel) e do Sul (Judá), governados pelos reis que sucederam Salomão.
  • 1 e 2 Crônicas: repete muitos dos relatos dos livros dos Reis, bem como os cativeiros da Assíria e Babilônia. Aborda a promessa do Senhor de retorno à Terra Prometida.
  • Esdras: aborda o retorno da terra da Babilônia e reconstrução do Templo de Jerusalém.
  • Neemias: aborda a reconstrução dos muros de Jerusalém.
  • Ester: aborda a instituição da Festa do Purim como comemoração do livramento dos judeus durante o período Persa.
  • Jó: aborda o sofrimento de um justo à luz da sabedoria geral e do relacionamento com Deus.
  • Salmos: coletânea de cânticos para adoração adequada do povo em diversas situações.
  • Provérbios: ensinamentos sobre a sabedoria que deveriam ser passados para os jovens.
  • Eclesiastes: demonstra que a vida sem Deus é apenas existência vazia que resulta em pessimismo.
  • Isaías: Deus chamou Isaías para advertir o povo sobre a decisão dEle de enviá-los para o exílio, e consolá-lo que seriam trazidos de volta com a bênção do Senhor.
  • Jeremias: deveria lembrar ao povo as razões pela qual estavam vivendo o exílio, e exortar o povo ao arrependimento.
  • Lamentações de Jeremias: o lamento do profeta e orientações para o povo que estava sofrendo sob o jugo babilônio.
  • Ezequiel: deveria incentivar os exilados a permanecerem fiéis ao Senhor.
  • Daniel: deveria dar aos exilados e primeiros libertos a certeza de que Deus estava no controle da história.
  • Oseias: deveria informar que após o justo julgamento divino e exílio, o povo de Deus receberia grande restauração. 
  • Amós: deveria informar a severidade do castigo divino diante da infidelidade de Israel e Judá, e declarar esperança e restauração depois da destruição e exílio que se aproximavam.
  • Obadias: deveria encorajar o povo de Judá a ter esperança na justiça divina e na vitória final sobre todos os inimigos. O Reino enfrentava diversidades vindas de Edom.
  • Jonas: deveria pregar arrependimento a Nínive, levando a misericórdia do Senhor para outros povos, ainda que a contragosto do profeta.
  • Miqueias: deveria chamar Judá ao arrependimento durante a crise assíria e prepará-la para o exílio babilônico. 
  • Naum: Confortar Judá ao anunciar julgamentos futuros contra Nínive.
  • Habacuque: guiar Israel em direção a fé durante as provações e exílio babilônico.
  • Sofonias: chamar Judá e Israel ao arrependimento diante da invasão babilônica.
  • Ageu: incentivar a reconstrução do Templo.
  • Zacarias: encorajar a confiança do povo nas promessas de Deus.
  • Malaquias: incentivar e renovar a fé do povo anunciando o julgamento que viria através do Messias.

sábado, 19 de agosto de 2023

Leve a sério - Êxodo 4:24-26

 E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou, e o quis matar.

Então Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e lançou-o a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinário.

E desviou-se dele. Então ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão.

Êxodo 4:24-26

Moisés havia acabado de receber uma missão do Senhor: retornar ao Egito como libertador do povo hebreu que estava vivendo em escravidão. Ele deveria fazer diante do Faraó todas as maravilhas do Senhor estava fazendo, e dizer ao povo que Deus havia atentado para sua aflição.

E nos deparamos com um dos relatos mais emblemáticos acerca das ações de Deus: O Senhor que acabara de ordenar à Moisés que retornasse ao Egito, no caminho, deseja matá-lo. É aparentemente incoerente que Deus tenha dado ao líder israelita uma missão, e em seguida tenha o sentenciado a morte sem dar a oportunidade dele exercer o seu chamado. Entretanto, não estamos diante de qualquer contradição ou incoerência da parte do Senhor, e sim da parte do próprio Moisés, conforme abordaremos nos tópicos a seguir.

1º Moisés não estava levando Deus a sério

Precisamos compreender que Moisés ainda não tinha noção do peso das suas palavras e decisões. Ele já havia irado ao Senhor por ter se recusado a ser o porta-voz de Deus ao povo, conforme os versículos 14 e 15. É compreensível que Deus demonstrasse Sua ira e poder ao patriarca, a fim de que este acordasse à realidade de que não poderia se opor e questionar ao Senhor constantemente.

Deus em Sua misericórdia já havia usado de benevolência com Moisés diante da sua recusa de ser porta-voz, e diante das suas constantes reclamações acerca de não ser capaz de convencer o povo. Deus manda Moisés, e ele reclama que o povo não iria crer nele e dar atenção. Então Deus concede à ele um bordão através do qual poderia operar milagres. 

Em seguida Moisés reclama de não ser eloquente, e Deus age de misericórdia e assegura à Moisés que ele mesmo ensinaria o que deveria ser dito! Ante a incapacidade de Moisés, o próprio Deus o ensinaria, com a mesma proximidade e relação que Adão teria nas visitações no Éden caso não tivesse caído.

Mesmo assim Moisés reclama novamente, a ponto do Senhor se irar contra ele.

Moisés não havia compreendido que estava falando com o Deus Todo Poderoso, e que era pequeno, e mesmo que Deus se dispusesse a falar diretamente com ele, isso não fazia que ele fosse mais do que poeira na eternidade. Moisés por diversas vezes questiona a escolha e sabedoria de Deus, olhando não para Deus, e sim para si mesmo e suas limitações.

E a gota d'água acaba sendo a incircuncisão de Gérson, o seu filho. A circuncisão era o sinal da aliança de Deus com Israel, e também uma Lei de Deus dada à Abraão, associada às promessas. Ao não circuncidar seu filho, Moisés estava novamente descumprindo uma ordem de Deus. Ele precisava ser confrontado com a sua desobediência e rebeldia. Como homem, era normal ter dúvidas, e Deus compreende isso. Só que as dúvidas não podem ser justificativas para desobediência à ordens expressas dadas por Deus.

E o que isso nos ensina? Não podemos viver com Deus pela metade, apenas naquilo que é vantajoso.

2º Moisés não estava levando seu chamado a sério

Deus separou Moisés para ser o libertador e líder do povo hebreu após o cativeiro egípcio. Ele seria, portanto, o porta-voz de Deus para os homens, aquele que seria responsável por ensinar a vontade de Deus ao povo recém liberto e que precisava ser conduzido.  Moisés havia sido chamado por Deus para erguer novamente a nação de Israel.

Moisés estava a caminho do Egito para se apresentar como libertador de um povo, e era evidente que ele não agia de acordo com seu chamado. Ele iria lembrar para o povo aflito sobre as promessas de Deus, e a aliança com Israel, e ele mesmo não vivia de acordo com a aliança. Ele mesmo não estava considerando a hipocrisia de não circuncidar o próprio filho. 

O patriarca não estava considerando a seriedade e comprometimento necessário para cumprir a ordem dada por Deus, e se dispôs a ser simplesmente um porta-voz, e não um verdadeiro israelita. Ele ensinaria sobre um comprometimento que ele não era capaz de ter. Ele falaria de uma aliança que ele mesmo não praticava em sua família. Ele não estava levando seu chamado a sério, e para ele se tratava simplesmente de ir levar uma mensagem, e não de comprometer a si mesmo e sua família em um compromisso definitivo com Deus. É possível que Moisés achasse que seu chamado seria temporário e breve, de forma que sequer se preocupava em se apresentar irrepreensível.

E o que isso nos ensina? O mensageiro não está acima da sua mensagem. É preciso ser coerente com aquilo que se prega e se vive.

3º Moisés não estava levando a sua família a sério

A aliança com o povo de Israel era uma aliança de sangue. Fazer parte da promessa de Deus consistia, em primeiro lugar, fazer parte do povo de Israel. Ao não circuncidar Gérson, ele estava privando seu filho das promessas de Deus para sua vida. Moisés estava deixando a sua família de fora da sua missão.

E nessa disposição de compreender que a missão de Moisés tinha impacto direto na vida da família, Zípora circuncida Gérson, dando cumprimento ao mandamento do Senhor para vida do menino. E não apenas isso! O ocorrido traz a própria Zípora para a família de Israel, e é por isso que ela chama Moisés de marido sanguinário.

Ela não estava criticando Moisés pelo derramamento de sangue, mas dizendo que se antes o parentesco deles se dava pela aliança com a família da esposa no momento em que foi acolhido, agora eles estavam unidos também pela aliança de Deus para aquela família. Daquele momento em diante a família de Moisés fazia parte da aliança do Senhor, e eram família, e família em Cristo.

E o que isso nos ensina? Não afaste sua família do Senhor, mesmo sob o argumento de estar fazendo a vontade dEle.

domingo, 13 de agosto de 2023

João 5:10-16

Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito.

Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda.

Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda?

E o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande multidão.

Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.

E aquele homem foi, e anunciou que Jesus era o que o curara.

E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.

João 5:10-16


CONTEXTO

  • Jesus cura o homem paralítico e manda ele recolher o seu leito e andar
  • Os judeus repreendem o homem por estar fazendo trabalho no sábado
  • Os judeus perseguem Jesus por operar milagres no sábado

1 - O PRÓPRIO SENHOR JESUS É O SENHOR DO SÁBADO

  • O sábado é o descanso
  • Jesus consagra o sábado para Si com Suas próprias obras e ações
  • Sábado como um ato de fé


2 - OS JUDEUS ESTAVAM TÃO PREOCUPADOS EM JULGAR QUE NÃO ESTAVAM DISPOSTOS A OUVIR
  • Os judeus repreendem o homem sem tentar entender seus motivos
  • Estavam tão preocupados em julgar que sequer pensaram eu ouvir o homem
  • Estavam tão preocupados em julgar que não eram capazes de se maravilhar com o milagre
  • Estavam dispostos a matar o próprio Jesus

3 - CRISTO É SOBERANO SOBRE A VIDA DE JUSTOS E INJUSTOS

  • Num primeiro momento Jesus cura a saúde do homem
  • Num segundo momento Jesus se dá a conhecer ao homem

APLICAÇÕES
  1. Precisamos aprender a descansar no Senhor e descansar com o Senhor
  2. Não podemos nos precipitar em julgamento sem sequer ouvir ao nosso irmão
  3. Não podemos medir o amor de Jesus por bênçãos passageiras oriundas da Graça
  4. A única demonstração válida da afinidade com Deus na vida de um homem é a santificação

João 5:1-8

 Depois disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.

Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água. 

Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.

E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.

E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo disse-lhe: Queres ficar são?

O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.

Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda.

Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado.

João 5:1-9


CONTEXTO

  • Jesus encontra um tanque onde conhecidamente milagres aconteciam
    • De tempos em tempos Deus enviava um anjo ao local
  • Havia um homem que aguardava 38 anos para ser curado da sua enfermidade
    • Não se tem informação da enfermidade, mas se depreende ser incapacitante
    • Todos os enfermos apontados eram humanamente incuráveis (cegos, mancos, ressicados)
    • Ninguém se compadecia de ajudar esse homem

1 - ESSE TEXTO MOSTRA A NATUREZA HUMANA NA SUA FORMA MAIS PURA

  • Todos ali são incapazes de ajudar o próximo estando necessitados também
  • O homem  não tinha mais esperanças
  • O homem acredita que os benefícios de Deus dependem em algum grau da sua capacidade
  • O homem sozinho não tem forças para nada:
    • Nem entrar no poço;
    • Muito menos conseguir a cura das suas enfermidades

2 - ESSE TEXTO NOS MOSTRA A OBRA DE JESUS

  • Diferente dos homens, Jesus é o único disposto a ajudar graciosamente;
  • É Cristo quem caminha em direção ao homem, que nada pode fazer;
  • É o poder de Jesus quem opera a cura
  • A obra de Jesus não pode ser planejada e condicionada
    • Jesus cura num sábado, onde os homens não aceitavam qualquer obra

3 - APLICAÇÕES

  1. Não podemos perder a esperança quando não vemos as coisas acontecerem
  2. Não podemos por um minuto sequer depositar a nossa fé em nós mesmos ou no outro
  3. Não podemos por um minuto sequer duvidar da graça e bondade do nosso Deus
    1. Ele de fato nos salvou para Si
    2. Ele é benevolente a todo tempo
    3. Não podemos comprar seu favor nem com cultos

sábado, 29 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 03 (João 4:27-38)

E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?

Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:

Vinde, vide um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?

Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele.

E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come.

Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.

Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, porventura, alguém algo de comer?

Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.

Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.

Lucas 4:27-38




Os discípulos que haviam saído para comprar comida retornaram do mercado e se surpreenderam de encontrar Jesus conversando com uma mulher. A razão pela qual os discípulos ficaram surpresos já foi apresentada nos sermões anteriores, podendo se considerar não apenas o fato de Jesus estar falando publicamente com uma mulher, mas também pelo fato de sendo ele um mestre judeu, estava conversando com uma samaritana. Entretanto, nenhum deles se dispõe à questionar o mestre sobre o que falava com ela ou qualquer coisa do tipo.

Precisamos compreender que os discípulos também eram judeus, sendo razoável compreender que suas relações com os samaritanos também não fossem além das relações comerciais e estritamente necessárias. Por outro lado, ver Cristo dialogando publicamente com uma mulher samaritana ia muito além do que poderia ser considerado normal.

Entretanto, naquele momento nenhum dos discípulos se arrisca a fazer qualquer questionamento, mesmo que as ações de Jesus levantassem curiosidade. Pode ser que naquele momento os discípulos tenham se dado conta que o Senhor sentar-se para conversar com uma mulher samaritana era tão inesperado quanto que ele escolhesse para seus discípulos um pescador e um cobrador de impostos. Tão inusitado quanto confiar o tesouro do evangelho para homens pobres e incultos, ao invés de trazer para seu lado fariseus e doutores da Lei.

Já de início temos a primeira lição: Muitas vezes ao caminhar com Cristo nos deparamos com questões e situações que não somos capazes de compreender. 

Nestas oportunidades, devemos agir da mesma forma que os discípulos, e com extrema humildade aguardar até que o Senhor decida nos revelar a Sua sabedoria e nos iluminar com o entendimento vindo do Espírito Santo. 

Há mesmo na própria Palavra passagens e trechos que num primeiro momento podemos ser incapazes de compreender, ou até mesmo ficar chocados com relatos como o de filhas que embebedaram seu pai para terem filhos, povos inteiros sendo dizimados, profetas sumonando ursas para atacar jovens ou coisas do tipo. 

Neste momento, a barbaridade dos relatos bíblicos, a extensão de fé que é esperada do cristão diante de situações complexas ou mesmo situações que nos expõem à risco de morte podem nos causar indignação. Entretanto, conforme pedimos orientação ao Espírito Santo e maturidade e humildade para nos submetermos à Palavra, percebemos que aquele primeiro choque decorre, na verdade, da nossa própria incapacidade de pensar à luz da Palavra e pela falta de experiência na vida cristã.

Ao mesmo tempo em que os discípulos estão retornando, a mulher sai imediatamente em direção à cidade da qual eles haviam acabado de chegar. A resposta da mulher à afirmação de Jesus de que Ele era o Messias foi a imediata fé, da qual não decorreu qualquer resposta ou pronunciamento apaixonado. A maior demonstração de uma fé genuína foi a vontade imediata de partilhar as boas novas que havia acabado de receber.

Eis a segunda lição: devemos ter o mesmo zelo evangelístico que a mulher samaritana. 

Importante ressaltar que a única coisa que aquela mulher ouviu da parte de Jesus é que Ele era o Messias. Jesus não havia ensinado nada como fizera no sermão da montanha, não explicou para aquela mulher o Pentateuco que ela possuía, não abordou as grandes profecias do Antigo Testamento acerca da Sua vinda. Ele havia apenas declarado para aquela mulher quem Ele era, e para ela, que havia acabado de testemunhar o Seu poder, foi o suficiente.

Aquela mulher então parte em direção à cidade, e convida aos demais a testemunhar da presença santa de Jesus Cristo. Ela não se presta a tentar convencer qualquer homem acerca de quem Cristo era, e os convida para desfrutar da presença do Mestre e desenvolver um relacionamento pessoal com Ele, dando o testemunho de tudo que Jesus havia revelado sobre a vida dela, demonstrando Seu próprio poder. 

Aquela mulher não tinha qualquer instrução para dar, e para piorar, era detentora de um passado sórdido, e provavelmente conhecido por toda a cidade. Não era só mulher, o que por si só já descredenciaria a sua palavra; mas também era adúltera, o que fazia dela uma pessoa socialmente reprovável, e até mesmo passível de apedrejamento.

As nossas limitações podem nos impedir de entrar em debates teológicos e nos fazer perceber que somos incapazes de convencer alguém acerca da existência de Deus e da divindade de Jesus Cristo. E de fato, nós somos incapazes. As pessoas podem zombar de nós por nosso passado e história, e até mesmo tripudiar tudo aquilo que nós falamos simplesmente por ter sido dito por nós mesmos. Da mesma forma que a mulher samaritana poderia ser desconsiderada por ser uma mulher adúltera, podemos ser desconsiderados por sermos ex-traficantes, ex-adúlteros, devassos, maliciosos ou criminosos. Nem por isso podemos nos acovardar e deixar de pregar a Palavra. Se nossa própria regeneração não é suficiente para apontar Jesus para uma pessoa, façamos como a mulher samaritana, e convidemos as pessoas a elas mesmas terem contato com Jesus.

Aquelas pessoas então vão em direção à Jesus, diante do anúncio da mulher samaritana de que Ele era o Messias esperado. Neste meio tempo, os discípulos solicitam a Jesus que pare o que estava fazendo para se alimentar. Até aquele momento Jesus não havia se alimentado, e possivelmente não havia matado a Sua sede, tendo em vista que a mulher samaritana deixou seu cântaro e correu para cidade. 

A resposta de Jesus foi que Ele tinha comida para se alimentar naquele momento, mas os discípulos não conheciam. E de fato os discípulos não compreendiam o que Jesus falavam, tendo em vista que ficaram se questionando se alguém havia levado comida para eles enquanto estiveram fora, e por isso não era mais necessário comer. Nesse momento, Jesus os responde que a comida dele era fazer a vontade do Pai e realizar a obra à qual seu ministério estava proposta.

Jesus está  nos dando a terceira lição: Fazer a vontade de Deus é uma necessidade maior do que as nossas próprias necessidades pessoais. 

Jesus não está impondo aos seus discípulos que fizessem rigorosos jejuns de comida ou bebida, nem estava estabelecendo que deveriam ficar sem comer. Jesus está mostrando para seus discípulos que a necessidade dos samaritanos era espiritual e urgente, enquanto as dele eram secundárias. Como humano, Jesus poderia ficar dias sem comer ou beber, como outrora fizera no deserto enquanto fora tentado por Satanás, sem com isso morrer. Os samaritanos, por outro lado, estavam mortos em delitos e pecados, e precisavam urgentemente nascer de novo. Os discípulos queriam que Jesus deixasse aquelas pessoas esperando enquanto ele comia, mas para Jesus, alimentar espiritualmente as  pessoas era mais importante. 

Precisamos ter esse senso de urgência que coloca a missão do cristão acima das suas volições e anseios. Na prática muitas vezes vemos o chamado cristão para o evangelismo e pregação ser colocado de lado em decorrência de necessidades aparentemente mais urgentes como trabalhar, concluir uma carreira acadêmica, gerir nossos relacionamentos pessoais, ter momentos de lazer, etc.

É para nos fazer refletir o que é mais importante quando estamos a caminho de um passeio no fim de semana e recebemos uma ligação de uma pessoa precisando da nossa companhia; para refletir quando separamos dinheiro para pedir uma pizza e tomamos conhecimento das necessidades de um missionário; ou aquele momento em que estamos atrasados ou apressados para qualquer coisa e uma pessoa em situação de rua pede nossa atenção. Você para, olha a pessoa nos olhos enquanto ela fala, mesmo sabendo que muitas vezes ela só quer pedir dinheiro? Ou então você a interrompe com rispidez ou joga dinheiro imediatamente em suas mãos, como se fosse essa a única necessidade daquela pessoa?

Certa vez presenciei durante um culto a entrada de um morador de rua na igreja, e durante a ministração do louvor um dos cantores que estava no púlpito pediu para demonstrarmos nossa alegria e comunhão através de cumprimentos e abraços. Entristeci-me ao constatar que mesmo as pessoas na mesma fileira de cadeiras daquele senhor não se dispuseram sequer a apertar a mão daquele homem. 

Via-se que não era "só mais um bêbado", pois o homem estava lúcido, não cheirava a álcool, mas apresentava mal cheiro intenso, e percebia-se não só pelo odor como aspecto que ele de fato habitava nas ruas. Ele estava na última fileira da igreja, eu na terceira, e me desloquei até ele, apertei sua mão, olhei nos seus olhos e perguntei seu nome. Ele, com extrema alegria me disse seu nome... Gustavo. Então ele agradeceu por eu ter perguntado o nome dele, sorriu, e o culto seguiu normalmente.

E se minhas roupas tivessem sujado? - Em casa eu as poderia lavar.

Ele estava sujo, poderia me contaminar com alguma bactéria ou vírus. - Eu poderia discretamente lavar as mãos em algum momento, sem levá-las à boca ou olhos.

Eu poderia ficar fedendo? -  Dificilmente, mas caso ocorresse, seria por muito pouco tempo comparado àquele homem.

Mas aquele culto poderia ser a última oportunidade daquele homem experimentar o calor da comunhão do corpo de Cristo. Poderia ser a oportunidade dele sair dali quebrantado pela Palavra e pelo acolhimento, ao invés de sair decepcionado, nos acusando de tratá-lo como se fosse menos humano que qualquer um. A necessidade daquele homem era maior do que qualquer coisa que nós pudéssemos alegar para nos mantermos afastados dele naquele momento.

Isso se confirma pela afirmação de Jesus, ao comparar o que estava ocorrendo com a ceifa que estava para acontecer. O tempo de ceifar as colheitas estava previsto para ocorrer daqui há quatro meses, e Jesus se aproveita disso para chamar a atenção dos seus discípulos.

Neste momento ele nos traz o quarto ensinamento: O tempo da colheita é agora.

Enquanto eles esperavam quatro meses pela colheita, ela já estava pronta para ser realizada. Jesus estava dizendo que a sua fome era de realizar a vontade do Pai, a semente que havia sido lançada no coração daqueles samaritanos já estava pronta para ser colhida naquele momento. Aquela era a hora de pregar o Reino de Deus e promover os batismos. 

A mensagem da mulher samaritana não demandaria meses para surtir efeitos, através do ensino da Palavra programático, de enviar um discípulo para passar meses com os samaritanos... O momento era aquele. Aliás, a semente em si já fora plantada desde o Pentateuco que os samaritanos consideravam como texto bíblico. A chegada de Jesus em Sicar era o momento da colheita dos frutos decorrente da Lei que previa a vinda do Messias. Quando Jesus declara que Ele era o Messias, estava realizando a colheita decorrente da semente plantada na Palavra. 

E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem.

Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa.

Eu vou enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.

Por fim, Jesus nos dá o quinto ensinamento: a função dos seus discípulos deve ser pregar o Reino, vejam o resultado ou não.

Quando Cristo declara que seus discípulos ceifam o que não plantaram, Ele está declarando a verdade do Evangelho pela qual compete a cada cristão pregar Jesus Cristo, e ter isso como sua única preocupação. Os discípulos estavam colhendo os frutos da pregação da Lei e dos profetas, e nós, hoje, colhemos os frutos que muitas vezes não fomos os responsáveis por plantar. Eles continuaram o trabalho que não haviam começado, e nós também fazemos isso.

Jesus também está falando sobre galardão que é ajuntado para vida eterna, deixando claro que tanto aquele que semeia quanto aquele que colhe se regozijam  nos frutos para vida eterna. O galardão portanto é apresentado como um benefício dado por Deus aos homens por sua graciosa vontade de ser abençoador e galardoador daqueles a quem ama. Não há uma distinção entre quem planta e quem  colhe, e no fim das contas, todos devemos administrar nossos talentos com dedicação e alegria.





domingo, 23 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 02 (João 4:14-26)

Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.

Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá.

A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;

Porque tiveste cinco marido, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste bem: Não tenho marido;

Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.

Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte e nem em Jerusalém adorareis o Pai.

Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.

Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.

João 4:14-26



No sermão anterior ressaltamos a aproximação de Jesus da mulher samaritana, e como ele não perdeu a oportunidade para falar-lhe acerca do Reino de Deus. Vimos que Jesus desperta a curiosidade da samaritana ao mostrar para ela que as coisas desse mundo não satisfazem e são passageiras. Que a água do poço de Jacó não poderia satisfazer os desejos do seu coração.

Esse contraste é importante para nós, pois o poço de Jacó simbolizava a Antiga Aliança em contraste com a Nova Aliança em Jesus Cristo. As águas do poço saciavam a sede temporariamente, enquanto a água viva oferecida por Jesus era o derramar do Espírito Santo como torrentes sobre a terra seca, trazendo regeneração para vida eterna.

O dom do Espírito é uma fonte de água viva, ou seja, água corrente que nos conduz a vida eterna. Tomar dessa água mata a nossa sede pela eternidade, pois essa fonte jamais cessaria. 

Em primeiro lugar, Jesus confronta a mulher com seu próprio pecado.

Até esse momento a mulher ainda não tinha entendido que Jesus não estava falando de uma fonte de águas literal, de forma que solicita a Jesus que dê a ele dessa água, para que ela não precise mais buscar água no poço. Jesus então, solicita a mulher a presença do seu marido, lembrando-a da vida imoral que ela estava vivendo até então. 

Ainda assim, a mulher tenta ocultar a verdade, e responde a Jesus com uma meia verdade. Ela informa a Jesus que não tinha marido, mas não informa que vivia maritalmente com um homem que não era casado com ela. Talvez ela tivesse vergonha de admitir para um mestre judeu que estava vivendo de forma que desagradava a Deus. 

Jesus parabeniza a mulher por falar a verdade sobre não ser casada, mas deixa claro para ela que não adiantava omitir o seu pecado. Se essa mulher desejava a água viva, precisava reconhecer os seus pecados e a necessidade que ela tinha de Deus.

Em segundo lugar, Jesus ensina a mulher o que é a adoração verdadeira

A samaritana reconhece que Jesus tinha poder, e considera-o como um profeta. Jesus havia exposto a vida dela, e a fim de desconversar, a samaritana muda o foco da conversa para uma questão teológica. Para o samaritano, que só acreditava no Pentateuco, o local de adoração era uma questão controversa. Ela aproveita para tirar a sua dúvida, ao que podemos destacar os seguintes aspectos.

a) A adoração verdadeira não tem lugar específico

Os judeus haviam estabelecido Jerusalém como o local de adoração, enquanto os samaritanos tinham o costume de adorar nos montes. Jesus esclarece para essa mulher que era chegada a hora em que não importaria mais o local onde seria realizada a adoração. Aonde quer que o adorador esteja, ali será o local correto da adoração.

b) Adoração precisa ser feita com consciência

A adoração deveria ser feita em espírito e em verdade. Portanto, a adoração não se tratava de cerimônias ou locais sagrados. Não se tratava de cultos cheios de transe e coisas sem sentido. A adoração verdadeira é aquela realizada de forma consciente, por mais simples que seja. Jesus deixa isso evidente quando diz que os samaritanos  adoravam sem conhecer, mas que os judeus adoravam o que conheciam. Era necessário para mulher samaritana conhecer também, e saber que dos judeus vinha a salvação, pois o próprio Jesus Cristo era judeu.

c) A adoração deve ser feita exclusivamente a Deus

Jesus não parte da premissa que qualquer culta agrada a Deus, ou que qualquer outra criatura ou falso deus pudesse receber destaque ou atenção na adoração. Os verdadeiros adoradores são aqueles que adorarão a Cristo somente. Somente Deus deve ser adorado e somente a Ele o culto deve ser prestado.

d) Devemos adorar em espírito e em verdade: 

Jesus declara para aquela mulher que Deus é Espírito, e buscava verdadeiros adoradores que o adorassem em espírito e em verdade. O que Jesus quer deixar claro para essa mulher é que não era a liturgia e locais sagrados que importavam na adoração, tendo em vista que Deus não é preso a nenhum deles. O local de adoração não importava, pois Deus é onipresente; a liturgia também se tornava irrelevante; pois Deus é oniscente.

Não importava se os homens agiam corretamente na ordem do culto, se seus corações não estivessem sinceramente adorando ao Senhor. A devoção externa não era nada se espiritualmente aqueles que prestassem o culto estivessem mortos em delitos e pecados. Jesus está ensinando para essa mulher a verdadeira importância de crer e adorar a Deus, acima de qualquer liturgia e culto prestado. O Antigo Testamento possui diversas repreensões do Senhor, que demonstrou não se agradar com ofertas e holocaustos recebidos, por mais corretos que estivessem na sua execução. Isso porque o coração do povo estava distante dEle, ainda que seus lábios proferissem as santas palavras do texto bíblico.

Por último, Jesus desperta a fé verdadeira 

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

As palavras de Jesus despertam a mulher para fé verdadeira, e mesmo sabendo pouco acerca da Palavra, tendo em vista os limites da religião samaritana, ela se recorda do ponto principal da Lei. Ela se recordou que Deus prometeu enviar o Messias, o salvador prometido que anunciaria as novas coisas. 

Nesse momento Jesus se dá a conhecer a ela e revela que aquele Messias aguardado por judeus e samaritanos era Ele próprio. Não seria mais necessário aguardar para compreender como seria o caminho, pois o próprio Jesus já estava anunciando para ela como proceder e como obter a salvação. As palavras de Jesus confirmavam a Palavra escrita de tal forma que ao ouvir o Senhor falar, a mulher samaritana se recordou das promessas do texto bíblico acerca do Messias.

E como isso se aplica a nós?

Primeiro, não há como tomar dessa fonte de águas vivas sem uma confissão verdadeira dos nossos pecados.

Jesus oferece àquela mulher a fonte de águas vivas, mas antes disso confronta ela com seus próprios pecados. Para saciar a nossa sede, é preciso em primeiro lugar compreender que estamos sedentos de Deus. Um coração egoísta e autosatisfeito jamais vai entender que tem sede espiritual e precisa de Jesus. Um homem feliz em seus pecados recorrentes não vai querer tomar da água da vida se estiver bebendo de outras fontes às quais se recusa a abandonar.

Precisamos refletir no que há de errado em nossa vida, e buscar o perdão e correção. É necessário primeiro compreender que  necessitamos de Jesus em nossas vidas, do contrário, jamais receberemos o dom do Espírito. Se não cremos no que Jesus fez por nós, também não cremos na segurança da nossa salvação e nem no dom do Espírito que nos vivifica e purifica diariamente.

Segundo, o verdadeiro culto que prestamos ao Senhor é espiritual

Adorar ao Senhor não diz respeito ao que fazemos nas atividades da igreja no domingo e sim em viver sinceramente da forma que o agrada. Adoramos a Deus em espírito e em verdade, logo, adoramos a Deus com nossa vida espiritual. É a nossa disciplina no aprendizado e ensino da Palavra, a confissão dos nossos pecados, nossos momentos de oração, nosso desejo de glorificar a Deus em todas as coisas... O verdadeiro  culto que prestamos ao Senhor diz respeito à sinceridade e comprometimento que temos com o Senhor. Diz respeito às nossas intenções, e não às nossas ações. 

Terceiro, a fé verdadeira é aquela que confia em Jesus como o único salvador das nossas vidas

A razão pela qual as palavras de Jesus fizeram a mulher samaritana a lembrar da promessa do Messias é o que motiva a nossa fé. Podemos ter tanta confiança em Jesus Cristo como nosso salvador, porque basta olharmos para Sua vida que veremos o integral cumprimento da Palavra de Deus por ele. Se todo o necessário para redimir o pecado foi efetivamente realizado por Jesus, e cremos nisso, podemos também crer que todas as bençãos decorrente da obediência do nosso Senhor à Sua própria Palavra também foram efetivamente conquistadas.

Tanto a salvação quanto o dom do Espírito são realidades na nossa vida, que não podem ser perdidas ou questionadas se de fato cremos no que Cristo fez por nós. Isso decorre da própria autoridade da Palavra de Deus, que vincula ambas as coisas ao cumprimento da Lei efetuado pelo nosso Salvador. Não são das nossas ações que elas decorrem, mas das ações de Jesus Cristo. Confiamos que somos salvos e santos não porque somos capazes de nos salvar ou santificar, mas porque sabemos que Cristo foi capaz de conceder essas boas dádivas para nós. 

A fé verdadeira é aquela que não tenta conquistar a própria salvação ou subordina a qualidade da adoração de acordo com aquilo que se pode fazer ou adquirir; não é a fé que se mede por cargos ou boas ações; nem a fé que tenta constantemente ser medida pela capacidade de deixar de pecar. A fé verdadeira é aquela que olha pra Jesus, pras suas ações e palavras e declara: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".


Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...