domingo, 18 de julho de 2021

Três cruzes (Lucas 23:39-40)



Lucas relata um dos momentos que antecederam a morte de Jesus na cruz. Momento de extrema humilhação, blasfêmia e dor, no qual o Filho de Deus foi ofendido e desafiado a descer da cruz, se de fato era o Salvador. Naquele momento uma multidão enfurecida, diante do espetáculo da morte de três homens, questionava como aquele que supostamente salvava outras pessoas não era capaz de salvar a si mesmo; como o que declarava ser Filho de Deus poderia estar na cruz.

Nem mesmo os dois homens que estavam condenados com Jesus Cristo estavam isentos de tamanha ofensa! Quando lemos Mateus 27:44 e Marcos 15:32, descobrimos que ambos os ladrões insultaram Jesus e blasfemaram contra ele!

Lucas, por outro lado, mostra que um dos ladrões repreendeu o outro que desafiava Jesus a sair da cruz, e livrar a eles próprios no processo! Há um erro do autor bíblico? 

Haviam três cruzes: Três condenados, dois culpados e um inocente a beira da morte num dos momentos mais didáticos que eu conheço! Sabemos que Deus é extremamente didático conosco, tanto por nossas limitações naturais, como pelo pecado cravado na nossa carne. Portanto, até mesmo o momento da crucificação é extremamente didático para nós!

Em primeiro lugar, há um homens prestes a morrer, mas que zombam do Filho de Deus!

Cristo havia sido crucificado entre dois homens, dois verdadeiros criminosos, que diferente de Jesus, estavam ali por seu próprio merecimento. Homens tão perigosos que mereceram a pena de morte aplicada pelo Império Romano!

A crucificação, neste aspecto, é didática, pois mostra o homem em seu estado natural: condenado na iminência de sofrer o justo juízo pelos seus pecados, e que ainda assim, capaz de zombar do único que pode nos salvar desta condição!

Neste exato momento há bilhões de pessoas com a expectativa de sofrer a morte eterna por seus pecados! Muitas destas, infelizmente, receberam a proclamação da Palavra de Deus, ouviram falar de Jesus, e são capazes de zombar do Senhor com piadas, sátiras, ironia e desprezo. Quantos deles não acusam Maria de criar uma religião inteira pra esconder um adultério? Que Jesus é um cara "de boas", mas o que estraga é o fã clube dele? 

Quantos não fazem piada com o dilúvio? Com a criação do homem e da mulher? E não só piadas, como também graves acusações contra o nosso Deus! Quantas vezes não ouvi afirmações de Deus como uma criança mimada? Como um déspota e autoritário? Como o Deus cruel e insensível que manda matar mulheres e crianças? 

E o estado natural não é só aquele no qual o homem confronta e acusa Deus, mas também aquele no qual o homem recusa reconhecer a sua existência, diante de sua própria miséria! Da mesma forma que o ladrão na cruz só se importava com a divindade de Jesus se isso fosse capaz de tirar ele da cruz, muitos de nós também o negamos quando nos deparamos com os nossos próprios dilemas pessoais, e mesmo com o problema do mal!

Quantos lá fora não questionam onde está Deus, que não vê crianças morrendo de fome ou sendo estupradas, pais matando filhos e esposas, guerras, doenças e todo mal do mundo? Há quem afirme que se Deus existe, já nos abandonou faz tempo, do contrário, não aconteceria tanta coisa ruim. Outros tantos dizem que ele pode ter criado, mas que não tem o menor interesse em interferir, e nem poder para fazê-lo!

O que esses homens estão fazendo está diretamente representando nos ladrões das cruzes: diante da sentença de morte, eles blasfemam contra Deus mesmo estando condenados. Na verdade, eles blasfemam por estarem condenados.

Em segundo lugar, uma das cruzes carregava um homem que seria salvo sem fazer nada para merecer.

Como eu já havia dito, em Mateus e Marcos nós descobrimos que os dois homens crucificados com Jesus zombaram e blasfemaram, desafiando-os a retirá-los da cruz. De repente um deles passa a repreender o outro, e inclusive reconhece que mereciam estar ali!

Tinham dois homens diferentes, ambos culpados, mas para um deles o Senhor disse que ainda naquele dia estariam juntos no paraíso! Aquele homem que foi salvo estava pendurado numa cruz pagando a pena pelos crimes que cometeu! Ele não fez qualquer boa obra, ele não fez caridade, não assistiu os sermões de Jesus e sequer acompanhou seu ministério. Podemos crer que até aquele momento Jesus não teve qualquer contato com ele, visto que inicialmente era apenas mais um escarnecedor!

Tudo que aquele homem fez foi olhar para Jesus Cristo e clamar por piedade, e isto lhe foi imputado por justiça! Aquele homem foi salvo naquele momento! Ele não foi salvo sequer por uma expectativa ou promessa de se tornar um homem melhor e membro da igreja primitiva, pois tudo que sabemos da sua vida a partir da sua conversão é que ele morreu crucificado!

Conosco não é diferente, pois todos nós fomos salvos pelo Senhor mesmo tendo sido seus inimigos. Fomos objetos da sua misericórdia sem nem pedir por isto! Duas lições nos são apresentadas diante dessa mudança repentina.

a) Houve um agir de Deus que causou a mudança repentina daquele homem colocado na cruz! O Espírito Santo operou nele a regeneração necessária para olhar para Jesus e compreender que ele é o Salvador,  o Filho de Deus! 

E não poderia ser diferente! Os dois homens na cruz estavam na mesma condição de culpa, sofrendo a mesma sentença, ouvindo as mesmas palavras de blasfêmia e olhando para o mesmo Jesus na cruz! Um deles foi salvo e o outro não foi! 

b) Não havia, portanto, qualquer fato ou ação que qualquer daqueles homens tenha praticado, que teria feito com que um deles fosse justificado e o outro não. Não  havia qualquer mérito.

Por fim a didática da cruz: há dois pecadores, igualmente culpados, igualmente merecedores da pena de morte. A única coisa que os separava era Jesus Cristo!

A única coisa que diferenciava aqueles homem era a forma como eles olhavam para Jesus! 

Um deles via apenas um homem, que se fosse Deus, tinha a obrigação de sair dali e tirar os outros dois da pena que sofriam. Para esse homem, Jesus crucificado não importava; Jesus só poderia ser Deus se pudesse livrá-lo; Jesus só poderia ser Deus se tivesse mãos fortes e lhe desse algum benefício imediato. Aquele homem não via Jesus como Senhor, mas apenas como mais um homem, cujo poder e influência acabaria com a morte.

O outro homem olhou para o Cordeiro de Deus, ferido e quase morto, clamando para que o Pai tivesse piedade daqueles homens que não sabiam o que estavam fazendo. Ele viu aquele homem ser submetido a toda espécie de humilhação, sufocar na cruz, e ainda assim o chamou de Mestre! Ele não exigiu qualquer benefício, milagre ou livramento. Tudo que ele pediu é que Jesus tivesse piedade dele e se lembrasse dele quando estivesse no Reino!

Aquele homem, diante do Filho de Deus pediu misericórdia e reconheceu os seus próprios pecados, e a justiça que havia em estar crucificado pelos crimes que cometeu. Ele não estava preocupado com a sua vida, mas passou a temer ao Senhor e amar Jesus.

Assim, aquelas três cruzes são didáticas para nós, pois mostram que a única coisa entre o cristão e o homem natural é Jesus Cristo.

Ambos são pecadores e merecedores do Juízo de Deus

Ambos são incapazes de livrar-se da sentença de morte por qualquer mérito que possua

No fim das contas, o que vai definir um cristão não são suas obras, mas a forma como ele olha para Jesus e para o que ele fez na cruz.

Daniel e Eclesiastes 11:9-10

 "Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedi...