domingo, 22 de abril de 2018

Considerações sobre o livro "Contra a Idolatria do Estado"

Oi, tudo bem? O livro que tive o prazer de ler nos últimos dias para trazer uma análise neste blog foi o "Contra a Idolatria do Estado", escrito por Franklin Ferreira, e lançado pela Edições Vida Nova! Pra quem não conhece o autor da obra, ele é bacharel em Teologia pela Universidade Mackenzie e mestre em Teologia pelo Seminário Batista do Sul (RJ). Ele também é diretor do Seminário Martin Bucer e consultor acadêmico da Edições Vida Nova. O livro é realmente bom! Sério!



O livro aborda a questão da idolatria do Estado de forma fundamentada tanto na Palavra quanto nos dados científicos e sociais acerca da política e sociedade brasileira. É certo que a crítica do autor é visivelmente direcionada aos indivíduos que habitualmente denominamos "de esquerda". Para o autor, tais indivíduos idolatram o Estado, numa espécie de adoração ao dinheiro e poder estatal.

No tocante ao dinheiro, é interessante como o autor aborda o amor à riqueza dentro de um Estado, que, independente da inclinação política para o socialismo, é na verdade capitalista. Franklin Ferreira aborda o fato de que o socialismo vive de forma capitalista, com a diferença que ama e almeja a riqueza, desde que esta pertença ao Estado. Isso me lembrou muito uma postagem que eu vi, onde estava escrito que o capitalismo de verdade deixa a esquerda erguer sua voz, enquanto vende camisa do Che Guevara aos seus adeptos.

É interessante como o autor, antes de entrar no mérito da Idolatria do Estado já nos apresenta a postura correta a ser tomada por um cristão que atua na política, usando o livro de Ester como exemplo para as seguintes posturas que posso resumir: (1) compreender que a própria salvação e do povo depende de Deus, e não do Estado, mesmo quando a corrupção e o mal aparentam prevalecer; (2) o cristão deve lutar pela justiça segundo a Palavra, ainda que despojada da linguagem da fé; (3) incentivar os grupos nos quais esteja inserido a agir e dar suporte àqueles que atuam diretamente na política.

O ponto 2 me chamou muito a atenção, porque de fato o livro de Ester não tem aquela linguagem da fé, qual seja, alusão expressa à Palavra de Deus na fala e justificativa de posicionamentos e atitudes. Ester e seu tio vivem segundo a Palavra, mas diante do rei a fala não é teológica, embora totalmente centralizada naquilo que o Senhor ensina! 

É possível, portanto, ser um jurista ou qualquer outra função, propor e executar políticas públicas dentro da Lei de Deus, mas com fundamentos nos princípios e leis seculares. Exemplo: Ao invés de dizer que matar é crime em razão do mandamento do Senhor,  defender tal posição no direito fundamental a vida!

Isso é possível, em razão da lei moral inerente a todos os homens, cuja revelação natural aponta a irregularidade de tais condutas, mesmo sem a revelação especial. 

Como bem justificado pelo autor, tal posição permite de maneira eficaz a inserção do cristão no mundo, visto que podemos nos unir a movimentos e grupos em defesa daquilo que a Palavra ensina, ainda que não seja a motivação do referido grupo.

Após essa primeira reflexão o autor entra de fato no tema da idolatria do Estado, usando como base o primeiro capítulo da carta de Paulo aos Romanos, na qual ele apresenta a recusa da revelação geral em conjunto com a idolatria do Estado, na medida em que a troca do Deus incorruptível pela imagem de aves, quadrúpedes e répteis seria alusão aos estandartes dos exércitos romanos e a figura do imperador. Vendo desta forma, a mensagem de Paulo seria subversiva, direcionada ao povo que negava a revelação geral e depositava a sua fé no imperador e seu poder político.

Apresenta também os limites de obediência ao Estado, usando como base os textos de Romanos 13:1-7 e Atos 5: 14-36, a fim de provar que o cristão deve se submeter às autoridades legítimas, definidas como aquelas que punem o mal e recompensam o bem com serviço público e proteção. Quando houver colisão entre a lei o a Palavra, o cristão é livre para se opor à lei.

O autor separa um momento para trazer alguns conceitos como direita, esquerda e afins, alegando que o Brasil não possui partidos de direita, e que a maior parte dos partidos políticos atuais tem sua cartilha pautada nos ideias da esquerda e extrema esquerda. Acusa-os, portanto, de ludibriar a sociedade, ao taxar de direita os partidos de centro, de extrema direita os de direita, como se a cartilha da esquerda no Brasil fosse de centro, e a extrema esquerda fosse a esquerda.

Ele também critica a prática de alguns socialistas na defesa dos ideais da esquerda, por sempre compararem os ideais socialistas com o pior do capitalismo, a fim de apresentar este como um vilão; quando na verdade deveriam comparar a esquerda e direita como ocorrem na realidade, usando como exemplo Alemanha Oriental e Ocidental, ou Coréia do Sul e Norte, pois apresentaram os dois espectros políticos dentro da mesma sociedade ao mesmo tempo.

Embora ele faça esta crítica, que não deixa de ser instigante, acaba de certa forma dando uma bola fora, e faz a mesma coisa quando vai conceituar esquerda e direita, apresentando esta última como o espectro político que privilegia as liberdades pessoais e econômicas, garantias de direitos e afins; enquanto apresenta a esquerda como um modelo de pouca ou nenhuma liberdade pessoal e econômica, e faz uso de termos como "domínio" do Estado sobre todas as esferas da sociedade. Quem está acostumado a ler e escrever sabe que a escolha de palavras é uma chave mestra pra conduzir opiniões. O autor apresenta um segundo conceito para cada um dos dois espectros, e faz a mesma coisa, quando apresenta a direita como igualdade e liberdade, e a esquerda como um sacrifício da liberdade em prol da igualdade de poder. Ora, tanto a esquerda quanto a direita trabalham com o sacrifício da liberdade, visto que ambas trabalham com o conceito de contrato social do Estado.

Após apresentar estes conceitos, o autor apresenta a visão reformada sobre a relação do cristão com o mundo, de forma que família, indivíduo, igreja, trabalho, artes e escola são esferas independentes do Estado, que coexistem e extraem sua autoridade somente de Deus. O Estado tem o papel mediador, intervindo quando as diferentes esferas entram em conflito, ou para defender os fracos contra o abuso dos demais.

O cristão deve ter em mente que ética e governo sob a vontade de Deus não passam obrigatoriamente pela conversão de todas as pessoas, nem em colocar cristãos professos em cargos políticos (o que não é afirmar que um cristão não deve exercer um), mas sim em contribuir para que a lei de Deus seja reconhecida por todos. Cristãos e incrédulos podem se unir na luta contra males comuns aos dois grupos: o primeiro grupo o fará por amor ao Senhor, o segundo, pelo senso de moralidade.

O autor aponta a república como o melhor sistema político, pois somente Deus é capaz de concentrar em si todo o poder. A república é uma necessidade, em razão da inclinação do homem ao pecado e ao abuso; e é uma possibilidade, visto que a graça de Deus habilita os homens à justiça. Devemos considerar, por estas afirmações, que o Estado não é a solução para a sociedade, e o melhor que ele pode fazer é refrear a injustiça causada pelo pecado.

Nos últimos tópicos o autor faz uma afirmação com a qual tive que discordar, e justifico minhas razões. Ele afirma que o Estado não se preocupa com a segurança pública, porque está muito ocupado na busca por privilégios para os que cometeram crimes. Ora, tal afirmação é um tanto descuidada, pelos seguintes motivos:

  1. Primeiro que a afirmação fica confusa, dentro de um estado com tripartição de poderes. Quem executa as medidas penais é o Poder Judiciário, dentro do Princípio da Legalidade, ou seja, mediante a aplicação daquilo que a lei (Código Penal, Código Processual Penal...) determina. Logo, o Estado, na figura da Espada, faz aquilo que a lei já prevê;
  2. Essa afirmação entra em conflito com informações trazidas pelo próprio autor, como a superlotação dos presídios e principalmente o dever do Estado de garantir a dignidade da pessoa humana. A preocupação do Estado com a política penitenciária não é "dar privilégios aos presos", mas sim de garantir que estes cumpram suas penas dentro de parâmetros que assegurem a sua dignidade, como salubridade e exercício do poder de família.
Também aborda a luta da igreja alemã no período da Segunda Guerra Mundial, e encerra o livro com algumas dicas para os cristãos elegerem seus políticos com mais consciência e segurança. 

Recomendo muito mesmo a leitura do livro que, salvo as pequenas ponderações já faladas, foi capaz de satisfazer as minhas expectativas. Peço a maturidade do leitor durante a leitura, visto que se tratam das minhas ponderações sobre o livro, e sei que há aqueles que discordarão, e também aqueles que farão a leitura com a mão na espada, numa típica postura de idolatria ao teólogo. Sério, isso acontece mesmo no meio reformado! São as minhas considerações do livro, julgue-as e retenha o que for bom!

Melhor Jair começando a leitura hein...


Até a próxima postagem!!!

OBS: A FOTO DO CANDIDATO ACIMA NÃO CARACTERIZA APOIO POLÍTICO, E FOI USADA APENAS PELO TROCADILHO COM O NOME E POR SER O ÚNICO QUE EU VI COM A OBRA EM MÃOS! PARA SER JUSTO, COLOCAREI UMA FOTO DE OUTRO CANDIDATO REALIZANDO UMA LEITURA:

Paulo Coelho? Dá pra ler até de cabeça pra baixo!

EU ME RECUSO A DIZER EM QUEM VOTAREI. PODE NÃO SER EM NENHUM DOS DOIS! O VOTO É SECRETO!

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