sábado, 22 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 01 (João 4:1-14)

 E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João 

(Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos), 

Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.

E era-lhe necessário passar por Samaria.

Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.

E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta.

Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

Porque os seus discípulos tinha ido à cidade comprar comida.

Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).

Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?

És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?

Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede;

Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

João 4:1-14



No capítula anterior João Batista exalta o ministério de Jesus Cristo, ao saber através dos seus discípulos que ele vinha realizando batismos. Os batismos de Jesus já estavam causando discussões entre os judeus e os discípulos de João, e agora vemos que os fariseus haviam tomado conhecimento que Jesus estava realizando batismos com seus discípulos. O ministério de João Batista já incomodava os fariseus, que anteriormente já havia os exortado acerca da necessidade do arrependimento; o de Jesus, então, passara a ser ainda mais incômodo, na medida em que Jesus já havia feito mais discípulos e batismos que o próprio João.

A fim de evitar os fariseus, Jesus decide retornar a Galileia, passando por Samaria no caminho. A razão pela qual nosso Senhor fez isso, é porque ainda não era chegado o tempo de ser confrontado pelos fariseus, pois bem sabemos ser o grupo que detinha o poder político e financeiro para levar Jesus a julgamento e crucificação, como de fato ocorrera posteriormente. Cristo não temia os fariseus, mas ainda não era chegada a hora de confrontá-los. 

No caminho para Galileia, Jesus decide parar em Sicar para descansar o seu corpo e matar a sua sede enquanto seus discípulos saíram para comprar mantimento.  Neste meio tempo uma mulher vem até a fonte de Jacó e Jesus lhe pede água. Para compreender as aplicações dessa passagem, precisamos destacar algumas questões.

Em primeiro lugar, Jesus começa a conversar com uma mulher samaritana. 

Precisamos entender que no tempo de Jesus um homem não poderia conversar com uma mulher publicamente. As conversas com mulheres solteiras ocorriam em ambientes familiares, de forma supervisionada, e mesmo assim o homem pouco se direcionava para mulher. Já as mulheres casadas, só poderiam dialogar com outros homens com a presença e autorização do seu próprio marido. Um homem que abordava uma mulher para conversar em lugares públicos, como as fontes de água de uma cidade estava em busca de uma prostituta.

Os samaritanos eram um povo odiado pelos judeus, pois era composto por descendentes de judeus e povos pagãos com os quais não deveriam se unir. Era um povo responsável por contaminar o culto a Deus com cerimônias e práticas pagãs. Se já era inesperado que um homem judeu abordasse uma mulher na rua, muito mais se essa mulher fosse samaritana.

É por essa razão que a mulher responde a Jesus asperamente a Jesus, pois o ódio dos judeus pelos samaritanos era de conhecimento comum. A resposta agressiva dela ao pedido de Jesus não era resultado de má índole e de um tratar-se de uma pessoa ruim; e sim do pecado de um coração rancoroso e na defensiva. Após anos de estigma e preconceito muitas vezes podemos não perceber que nós mesmos nos colocamos em posição de estigmatizar e sermos preconceituosos. Repetimos todo comportamento agressivo que recebemos dos outros.

Em segundo lugar, Jesus se apresenta como aquele que pode saciar as verdadeiras necessidades das pessoas. 

Nosso Senhor tinha sede, mas diante da resposta daquela mulher samaritana, Ele deixa suas próprias necessidades temporariamente para saciar a maior necessidade daquela mulher. Enquanto Jesus precisava saciar sua sede de água, aquela mulher precisava saciar a sua sede da compaixão e do amor de Deus. Jesus tinha sede, e não recebeu água; aquela mulher recebeu da graça de Deus sem sequer saber que tinha sede dela.

A resposta de Jesus à mulher não é uma ameaça, como se estivesse lamentando o destino que ela sofreria por ter recusado água a ele. Afinal, Jesus conhecia aquela mulher e toda a sua vida, e o que ele desejava era instigar a mulher acerca de quem Ele era. Jesus estava apresentando a si mesmo como a fonte de águas vivas.

A mulher de início não entende do que Jesus está falando, e acredita que Ele está dizendo possuir uma fonte literal de águas melhor do que a fonte que saciou a sede do próprio Jacó! Ela duvida de Jesus, afinal, Ele sequer tinha um balde, e até poucos minutos antes havia pedido água para ela.  Ela questiona o nosso Senhor declarar poder oferecer água melhor do que aquela oferecida pelo próprio Jacó, do qual judeus e samaritanos descenderam diretamente ou por mistura com povos estrangeiros.

Jesus responde ao questionamento da mulher declarando que a água daquele poço, por mais excelente que fosse o seu dono, não deixava de ser água. Ela não promovia cura, não tinha propriedades milagrosas ou qualquer outra função diferente daquela que teve para o próprio Jacó: matar a sede. A água continuava a ser água, não importava de qual profeta ou patriarca ela pudesse ter sua origem.

Mas as águas de Jesus, diferente de todas as demais, podem saciar a sede por toda a eternidade. Isto porque fome e sede são sensações temporárias que decorrem de necessidades fisiológicas. Já o relacionamento com Deus é uma necessidade atual que permanece por toda a eternidade. Aquela mulher poderia saciar a sua sede temporariamente até os seus últimos momentos de vida; porém a sua sede do amor de Deus não poderia ser saciada jamais, a menos que ela tomasse das águas de Jesus Cristo.

A nossa morte espiritual faz do nosso coração solo infértil no qual a vida eterna jamais poderá nascer e fluir. Não existe vida em nós, e precisamos ser regados pelo Espírito Santo através da fé em Jesus Cristo. Jesus precisa fazer fluir em nós o Espírito que vivifica e santifica os homens, convencendo-os da justiça, do pecado e do juízo, para que enfim possam obter a vida eterna. Sem  que ocorra a regeneração, o homem permanece estéril e morto espiritualmente. Com a regeneração, as águas vivas do Senhor nos lavam dos nossos pecados e deixam nossos corações limpos para o Espírito Santo fazer morada. 

E como isso se aplica a nós?

1º Precisamos compreender que para Deus todos nós somos igualmente carentes da Sua Graça.

Ao pregar para uma mulher samaritana, Jesus passa por cima de todas as barreiras culturais e sociais, e demonstra que a salvação é necessária para homens e mulheres; ricos e pobres; judeus e samaritanos. Isto porque todos pecaram e carecem da glória de Deus. Todos os homens, sem distinção, precisam ser salvos e se arrependerem dos seus pecados.

2º Muitas vezes corremos o risco de refletir no outro o nosso sofrimento

Da mesma forma que a mulher samaritana era hostilizada pelos judeus por ser samaritana, ela passa a hostilizar o próprio Jesus por ser judeu. Precisamos estar atentos para descontar no próximo as nossas próprias frustrações, traumas e sentimentos. Quando nos colocamos na defensiva perdemos a oportunidade de ser benção na vida do nosso próximo.

3º Precisamos aproveitar todas as oportunidades para pregar a Palavra de Deus.

Esse episódio com a mulher samaritana ocorre antes do início do ministério de Jesus junto aos gentios. Entretanto, ainda que o objetivo principal de Jesus nesse momento fosse pregar para os judeus, Ele jamais deixaria de aproveitar a oportunidade que surgiu em sua passagem por Samaria para livrar as pessoas do domínio do pecado. 

O ministério do nosso Senhor Jesus é salvar vidas, e ainda que tencionasse pregar primeiro para judeus, jamais deixaria de estender a mão para gentios, tendo em vista que não fazia acepção de pessoas.  Isto se confirma posteriormente, quando vemos que diversos samaritanos são convertidos com a pregação do próprio Jesus.

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