domingo, 23 de julho de 2023

Jesus e a mulher samaritana - Parte 02 (João 4:14-26)

Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.

Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá.

A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;

Porque tiveste cinco marido, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste bem: Não tenho marido;

Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.

Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte e nem em Jerusalém adorareis o Pai.

Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.

Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.

João 4:14-26



No sermão anterior ressaltamos a aproximação de Jesus da mulher samaritana, e como ele não perdeu a oportunidade para falar-lhe acerca do Reino de Deus. Vimos que Jesus desperta a curiosidade da samaritana ao mostrar para ela que as coisas desse mundo não satisfazem e são passageiras. Que a água do poço de Jacó não poderia satisfazer os desejos do seu coração.

Esse contraste é importante para nós, pois o poço de Jacó simbolizava a Antiga Aliança em contraste com a Nova Aliança em Jesus Cristo. As águas do poço saciavam a sede temporariamente, enquanto a água viva oferecida por Jesus era o derramar do Espírito Santo como torrentes sobre a terra seca, trazendo regeneração para vida eterna.

O dom do Espírito é uma fonte de água viva, ou seja, água corrente que nos conduz a vida eterna. Tomar dessa água mata a nossa sede pela eternidade, pois essa fonte jamais cessaria. 

Em primeiro lugar, Jesus confronta a mulher com seu próprio pecado.

Até esse momento a mulher ainda não tinha entendido que Jesus não estava falando de uma fonte de águas literal, de forma que solicita a Jesus que dê a ele dessa água, para que ela não precise mais buscar água no poço. Jesus então, solicita a mulher a presença do seu marido, lembrando-a da vida imoral que ela estava vivendo até então. 

Ainda assim, a mulher tenta ocultar a verdade, e responde a Jesus com uma meia verdade. Ela informa a Jesus que não tinha marido, mas não informa que vivia maritalmente com um homem que não era casado com ela. Talvez ela tivesse vergonha de admitir para um mestre judeu que estava vivendo de forma que desagradava a Deus. 

Jesus parabeniza a mulher por falar a verdade sobre não ser casada, mas deixa claro para ela que não adiantava omitir o seu pecado. Se essa mulher desejava a água viva, precisava reconhecer os seus pecados e a necessidade que ela tinha de Deus.

Em segundo lugar, Jesus ensina a mulher o que é a adoração verdadeira

A samaritana reconhece que Jesus tinha poder, e considera-o como um profeta. Jesus havia exposto a vida dela, e a fim de desconversar, a samaritana muda o foco da conversa para uma questão teológica. Para o samaritano, que só acreditava no Pentateuco, o local de adoração era uma questão controversa. Ela aproveita para tirar a sua dúvida, ao que podemos destacar os seguintes aspectos.

a) A adoração verdadeira não tem lugar específico

Os judeus haviam estabelecido Jerusalém como o local de adoração, enquanto os samaritanos tinham o costume de adorar nos montes. Jesus esclarece para essa mulher que era chegada a hora em que não importaria mais o local onde seria realizada a adoração. Aonde quer que o adorador esteja, ali será o local correto da adoração.

b) Adoração precisa ser feita com consciência

A adoração deveria ser feita em espírito e em verdade. Portanto, a adoração não se tratava de cerimônias ou locais sagrados. Não se tratava de cultos cheios de transe e coisas sem sentido. A adoração verdadeira é aquela realizada de forma consciente, por mais simples que seja. Jesus deixa isso evidente quando diz que os samaritanos  adoravam sem conhecer, mas que os judeus adoravam o que conheciam. Era necessário para mulher samaritana conhecer também, e saber que dos judeus vinha a salvação, pois o próprio Jesus Cristo era judeu.

c) A adoração deve ser feita exclusivamente a Deus

Jesus não parte da premissa que qualquer culta agrada a Deus, ou que qualquer outra criatura ou falso deus pudesse receber destaque ou atenção na adoração. Os verdadeiros adoradores são aqueles que adorarão a Cristo somente. Somente Deus deve ser adorado e somente a Ele o culto deve ser prestado.

d) Devemos adorar em espírito e em verdade: 

Jesus declara para aquela mulher que Deus é Espírito, e buscava verdadeiros adoradores que o adorassem em espírito e em verdade. O que Jesus quer deixar claro para essa mulher é que não era a liturgia e locais sagrados que importavam na adoração, tendo em vista que Deus não é preso a nenhum deles. O local de adoração não importava, pois Deus é onipresente; a liturgia também se tornava irrelevante; pois Deus é oniscente.

Não importava se os homens agiam corretamente na ordem do culto, se seus corações não estivessem sinceramente adorando ao Senhor. A devoção externa não era nada se espiritualmente aqueles que prestassem o culto estivessem mortos em delitos e pecados. Jesus está ensinando para essa mulher a verdadeira importância de crer e adorar a Deus, acima de qualquer liturgia e culto prestado. O Antigo Testamento possui diversas repreensões do Senhor, que demonstrou não se agradar com ofertas e holocaustos recebidos, por mais corretos que estivessem na sua execução. Isso porque o coração do povo estava distante dEle, ainda que seus lábios proferissem as santas palavras do texto bíblico.

Por último, Jesus desperta a fé verdadeira 

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

As palavras de Jesus despertam a mulher para fé verdadeira, e mesmo sabendo pouco acerca da Palavra, tendo em vista os limites da religião samaritana, ela se recorda do ponto principal da Lei. Ela se recordou que Deus prometeu enviar o Messias, o salvador prometido que anunciaria as novas coisas. 

Nesse momento Jesus se dá a conhecer a ela e revela que aquele Messias aguardado por judeus e samaritanos era Ele próprio. Não seria mais necessário aguardar para compreender como seria o caminho, pois o próprio Jesus já estava anunciando para ela como proceder e como obter a salvação. As palavras de Jesus confirmavam a Palavra escrita de tal forma que ao ouvir o Senhor falar, a mulher samaritana se recordou das promessas do texto bíblico acerca do Messias.

E como isso se aplica a nós?

Primeiro, não há como tomar dessa fonte de águas vivas sem uma confissão verdadeira dos nossos pecados.

Jesus oferece àquela mulher a fonte de águas vivas, mas antes disso confronta ela com seus próprios pecados. Para saciar a nossa sede, é preciso em primeiro lugar compreender que estamos sedentos de Deus. Um coração egoísta e autosatisfeito jamais vai entender que tem sede espiritual e precisa de Jesus. Um homem feliz em seus pecados recorrentes não vai querer tomar da água da vida se estiver bebendo de outras fontes às quais se recusa a abandonar.

Precisamos refletir no que há de errado em nossa vida, e buscar o perdão e correção. É necessário primeiro compreender que  necessitamos de Jesus em nossas vidas, do contrário, jamais receberemos o dom do Espírito. Se não cremos no que Jesus fez por nós, também não cremos na segurança da nossa salvação e nem no dom do Espírito que nos vivifica e purifica diariamente.

Segundo, o verdadeiro culto que prestamos ao Senhor é espiritual

Adorar ao Senhor não diz respeito ao que fazemos nas atividades da igreja no domingo e sim em viver sinceramente da forma que o agrada. Adoramos a Deus em espírito e em verdade, logo, adoramos a Deus com nossa vida espiritual. É a nossa disciplina no aprendizado e ensino da Palavra, a confissão dos nossos pecados, nossos momentos de oração, nosso desejo de glorificar a Deus em todas as coisas... O verdadeiro  culto que prestamos ao Senhor diz respeito à sinceridade e comprometimento que temos com o Senhor. Diz respeito às nossas intenções, e não às nossas ações. 

Terceiro, a fé verdadeira é aquela que confia em Jesus como o único salvador das nossas vidas

A razão pela qual as palavras de Jesus fizeram a mulher samaritana a lembrar da promessa do Messias é o que motiva a nossa fé. Podemos ter tanta confiança em Jesus Cristo como nosso salvador, porque basta olharmos para Sua vida que veremos o integral cumprimento da Palavra de Deus por ele. Se todo o necessário para redimir o pecado foi efetivamente realizado por Jesus, e cremos nisso, podemos também crer que todas as bençãos decorrente da obediência do nosso Senhor à Sua própria Palavra também foram efetivamente conquistadas.

Tanto a salvação quanto o dom do Espírito são realidades na nossa vida, que não podem ser perdidas ou questionadas se de fato cremos no que Cristo fez por nós. Isso decorre da própria autoridade da Palavra de Deus, que vincula ambas as coisas ao cumprimento da Lei efetuado pelo nosso Salvador. Não são das nossas ações que elas decorrem, mas das ações de Jesus Cristo. Confiamos que somos salvos e santos não porque somos capazes de nos salvar ou santificar, mas porque sabemos que Cristo foi capaz de conceder essas boas dádivas para nós. 

A fé verdadeira é aquela que não tenta conquistar a própria salvação ou subordina a qualidade da adoração de acordo com aquilo que se pode fazer ou adquirir; não é a fé que se mede por cargos ou boas ações; nem a fé que tenta constantemente ser medida pela capacidade de deixar de pecar. A fé verdadeira é aquela que olha pra Jesus, pras suas ações e palavras e declara: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".


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