Bem...
Recentemente precisei fazer uma resenha sobre o texto "A Integridade da Pregação", do autor John Knox, e confesso que foi um dos textos que menos me agradou. Não digo com isso que a obra é ruim, mas apenas um tanto enfadonha.
Não tive a oportunidade de ler outros textos do mesmo autor, mas a despeito da qualidade teológica das informações acerca da pregação bíblica, a leitura foi extremamente custosa. O texto em si possuía 33 páginas, mas levei um tempo considerável para conseguir terminar a leitura, simplesmente por não sentir vontade de continuar.
Por vezes me sentia andando em círculos durante a leitura, e embora os argumentos e parágrafos fossem longos, tudo que Knox queria apresentar poderia ser escrito em poucas linhas. Pior ainda, por algumas vezes senti que estava diante de um emaranhado de palavras que no final sequer traziam uma definição satisfatória da ideia do capítulo.
Entretanto, confesso que minhas impressões pessoais da obra podem ser consequência direta da pouca apreciação que senti pela escrita do autor... Ou pelo menos da forma como o texto foi traduzido.
Feitas as considerações pessoais, o texto não deixa de trazer informações importantes e interessantes acerca da pregação! Destaco, neste sentido, a pregação ser considerada como uma oferta a Deus. E coloco abaixo a resenha que apresentei no seminário, tendo o referido texto como base!
Espero que possa ajudar vocês!
RESENHA:
Título do original THE
INTEGRITY OF PREACHING. Abingdon Press, New York, 1.a edição, 1957. Edição em
língua portuguesa, com colaboração do Fundo de Educação Teológica, pela
Associação de Seminários Teológicos Evangélicos. São Paulo, 1964.
Nesta
obra, o autor busca apresentar a importância da integridade na pregação,
salientando, inicialmente o desvio que a pregação bíblica estava sofrendo.
Havia, em seu contexto social e histórico, uma ênfase na cultura, experiências
pessoais e opiniões dos pregadores, ao passo que a Palavra de Deus era posta de
lado nas pregações.
Portanto,
o autor inicia pontuando que a pregação bíblica não diz respeito ao modo da
exposição, e sim quanto ao seu conteúdo. Neste sentido, é uma armadilha para
qualquer pregador perder-se do sentido do texto, ao fazer uso das diversas
ferramentas de hermenêutica e homilética. Com isto, não devemos negligenciar o
uso de tais instrumentos, visto que dados por Deus. Entretanto, é necessário
que o pregador não se distancie da Palavra, e nem analise-a de forma fria e
descomprometida.
Tal
conteúdo é nada mais nada menos do que a própria literatura de Deus, que nos
transmite Sua presença e ação poderosa, de forma que é objetivo da pregação
bíblica transmitir a mesma presença e ação poderosa do Senhor aos homens que
estão ouvindo. Portanto, a bíblia não é apenas útil na pregação, conforme Knox,
mas absolutamente indispensável.
O autor
define a pregação bíblica por quatro pontos: (1) mantém proximidade com as
ideias bíblicas essenciais; (2) se preocupa com o evento principal das
Escrituras. Jesus Cristo; (3) dá respostas e nutre a vida essencial da Igreja;
(4) a mensagem pregada é recorrente, e se repete na vida dos ouvintes e
pregador.
Em seguida,
o autor aborda a relevância da pregação bíblica, que deve ser aquela não apenas
comprometida com o contexto do texto bíblico, mas também com o contexto
presente, interrelacionando autenticidade histórica e relevância. Neste ponto,
John Knox apresenta a importância de haver equilíbrio, para que o pregador não
se torne nem desconexo com a sua realidade, e nem descontextualizado ao período
bíblico.
Knox
informa a necessidade de que para um texto seja utilizado, o pregador tenha
conhecimento acerca do seu sentido original, pois o sentido básico do texto
bíblico é o seu significado histórico. E, ainda que de fato possamos afirmar
que as palavras dos autores bíblicos são mais fecundas do que o próprio
conhecimento deles, Knox afirma que o principal autor dotado desta
característica é o próprio Jesus Cristo. O problema é que não há como alegar
que as palavras de Jesus são mais fecundas do que o seu próprio conhecimento,
uma vez que Cristo é a própria revelação, e por diversas vezes demonstrou saber
extraordinário e autoridade.
Ato
contínuo, o autor informa que pregação é ensino, e que todos os apóstolos eram
professores. Faz, entretanto, uma distinção entre profetas e professores, ao
definir que nem todos os professores eram profetas, embora todos os profetas
fossem professores.
Knox
acerta ao defender que nem todos os assuntos, por mais edificantes que sejam,
devem ser conteúdo de sermões. Os sermões precisam ter como característica a
pessoalidade, consubstanciado pelos conhecimentos, preparo, personalidade e
devoção daquele que ministra o conteúdo. Portanto, o sermão pode ser definido
como expressão humana.
Essa
ênfase na pessoalidade acaba se direcionando para o caráter de culto da
pregação. Há uma ligação íntima e necessária entre pregação e culto, uma vez que
o sermão é uma oferta a Deus, desde o preparo disciplinado até a exposição
diante da congregação com temor e tremor. Conforme bem apontado pelo autor, é no momento da pregação que o cristão sente de
forma mais aguda a sua fraqueza, vazio e pecado.
Por fim,
o autor encerra o seu texto definindo a pregação como um sacramento, tomando
como base o fato dela também se caracterizar como uma oferta a Deus.
Assim
sendo, com base no Novo Testamento, pode-se inferir que a pregação é também ação
do Espírito Santo e dom espiritual. Segundo John Knox, à semelhança da
Eucaristia, quando o pregador está proclamando o sermão, não há apenas palavras
sendo ditas, como toda a ação descrita está sendo novamente efetuada para os
ouvintes. Isso entra em concordância com o ensino de Knox ao declarar que a mensagem do evangelho é recorrente.
Conclui-se, portanto, que a pregação bíblica é aquela que mantém a integridade dos seus aspectos. É dotada de vida, poder, e ação direta do Espírito Santo, através de servos que vivem a própria mensagem pregada.
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