domingo, 23 de maio de 2021

A necessidade do amor (1 Coríntios 13:1-3)

 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.






Você acorda cedo todos os domingos, toma uma xícara de café, um banho (não necessariamente nessa ordem), se arruma e vai para a igreja. Você dirige as reuniões de oração, participa de todas as programações, e é dotado de dons que a sua própria igreja percebe! Você sabe o que precisa fazer e sabe que Deus capacita aqueles a quem escolhe para executar Seus planos, e isso inclui você! 

Mas no fundo, bem lá no fundo, por qual razão você tem exercido os dons que o Senhor te concedeu? Será que não se trata de um mero costume? Uma cartilha de obrigações cristãs? Será que de fato o que você tem feito é uma bênção aos olhos de Deus? Pior ainda: você viu que diversos milagres são operados por pessoas que não demonstram um amor verdadeiro por Jesus! Sendo assim, é possível que você seja uma delas? Calma, que todas essas perguntas tem respostas!

Aliás, o apóstolo Paulo se depara com esse mesmo problema há milhares de anos atrás, em Corinto, quando escreve a sua primeira carta. No capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios, Paulo havia abordado a unidade em Cristo e diversidade de dons e funções na igreja. Já no capítulo seguinte, Paulo inicia apresentando a eles um caminho melhor que o do exercício de dons: o caminho do amor.

Paulo, nos três primeiros versículos do capítulo 13 utiliza hipérboles para mostrar o tema da nossa reflexão de hoje: Os dons não servem para nada em nossa relação com Deus, se não o exercitamos como forma de amá-lO, bem como a Sua igreja e toda a criação.

O primeiro aspecto interessante das palavras de Paulo, é que elas dizem respeito em sua maioria à elementos da vida cotidiana do cristão, não apenas na sua relação com a igreja. Paulo não está abordando deveres específicos, para pessoas ou situações específicas. Afinal, sabemos que todos os cristão são dotados de dons concedidos pelo próprio Senhor; todo cristão possui fé; todos exercem a caridade e fazem sacrifícios.

Portanto, o que Paulo está nos mostrando é que o Senhor espera que nós demonstremos que o amamos com aquilo que nós vivemos diariamente. Não são as funções eclesiásticas e doação ao ministério da igreja que te define como cristão, e sim a capacidade de viver em Cristo. É por isso que o Senhor nos ensina que aquele que O ama, é o que guarda os seus mandamentos.

Paulo fala desses aspectos da vida cristã, apresentando-os de forma extremamente intensa e surpreendente, apenas para lançá-los por terra como coisas sem importância. A segunda lição, portanto, é que a qualidade da nossa vida cristã não se mede pela notoriedade dos nossos dons, e sim pelo amor depositado no exercício deles.

Então Paulo ensina que mesmo que aqueles irmãos fossem capazes de exercer dons extraordinários  como o de línguas, da forma que foi realizado no Pentecostes (Atos 2), onde os homens se entendiam nos seus idiomas originais, isso não significaria nada se o exercício do dom não tivesse como objetivo demonstrar amor. E mesmo que ele fosse capaz de falar a língua dos anjos que estão no céu, ainda assim, não significaria nada!

Em ambos os casos, a falta de amor tornaria aqueles cristãos como o metal que soa ou o sino que tine: serviriam apenas para fazer barulho! O exercício de todos  os dons, e mesmo os mais sublimes, nada agradam a Deus se não são exercitados com amor, de forma que o seu galardão se limita à própria comoção pública e olhar dos homens. Deus, a quem vale a pena agradar, continua a não receber a devida adoração.

E mesmo que o apóstolo conhecesse todos os mistérios ou fosse dotado de toda a sabedoria do mundo, continuaria não sendo nada! O homem que proferiu essas palavras é o mesmo que na visão de alguns teólogos teria sido arrebatado ao céu e visto coisas extraordinárias, que sequer teria capacidade de explicar! 

Salomão foi o homem mais sábio que existiu, e tamanha sabedoria não o impediu de viver uma vida amarga e idólatra quando passou a amar mais o conhecimento e mistérios do que o Deus que lhe concedeu toda a sabedoria!

Afinal, genialidade, conhecimento e sabedoria também podem ser desenvolvidos por não cristãos, e isso não os torna menos brilhantes, intelectualmente falando. Por outro lado, conhecimento e a capacidade de transmiti-lo também são dons do Espírito, e devem ser exercidos com amor.

E ainda que um homem seja dotado de tamanha fé que seja capaz de mover montanhas, sem amor ele continua não sendo nada. Afinal, é possível ter fé em ídolos, em si próprio e em outros homens, para no fim se decepcionar e culpar a Deus por eventual desilusão.

A caridade pode ser exercida por qualquer ser humano com o mínimo de compaixão diante do sofrimento do próximo, mas a caridade cristã só pode ser exercida por aqueles que amam a Deus e ao próximo como a si mesmos. É possível fazer caridade para aliviar dores de uma alma culpada, ou mesmo tentar esquecer a carência que temos de Deus. É muito comum ter caridade a fim de obter a admiração dos outros e visibilidade pública.

Em casos como esse, tudo que o homem ganharia doando todos os seus bens seria a multiplicação da pobreza. Ele, que antes era pobre de espírito, agora também se torna pobre de recursos, tornando sua miséria ainda mais intensa.

E mesmo o auto sacrifício não tem nenhum valor, se não visar única e exclusivamente o amor a Deus e ao próximo. Homens podem se sacrificar por uma causa injusta, desde que dotados de extrema convicção! Outros, sabendo que um dia morrerão de qualquer forma, podem decidir gravar seu nome na história, sacrificando-se como um mártir.

Nossa terceira reflexão traz a conclusão dessas ponderações: Dizemos que os dons não servem para nada, pois queremos dizer que eles não compram a salvação ou o amor de Deus para quem os exerce.

Não são poucos os relatos bíblicos de homens que foram usados por Deus, exerceram dons e ministérios, sem com isso conquistar qualquer agrado da parte do Senhor. Judas foi apóstolo, e exerceu dons ao lado dos demais discípulos, para mesmo assim ser chamado pelo Senhor Jesus de propriedade do diabo e filho da perdição.

Saul governou Israel até Davi, e inclusive profetizou, tendo ainda assim se tornado desprezado pelo Senhor, diante do seu coração vaidoso, que amou mais as glórias do poder do que o Deus que o pôs no trono!

Os dons, portanto, não são dados para igreja comprar a própria salvação ou o amor de Deus; e sim para demonstrar amor ao próximo, ao Senhor, e mesmo à criação. Deus deu os dons para igreja ser edificada e testemunhar o Reino no tempo presente! Quando exercemos os dons por amor, Cristo é testificado diante dos homens e a igreja verdadeiramente o glorifica!

E como isso se aplica a nós?

1º Precisamos primeiro sondar os nossos corações para colocar suas intenções à prova! Devemos ponderar o que tem motivado o exercício dos nossos dons, e se descobrirmos que há qualquer outra coisa que não seja o amor, devemos parar imediatamente. É melhor viver uma vida cristã de amor verdadeiro, ainda que isto signifique reduzir nosso ritmo. 

Faça pouco ou não faça nada.
Desde que seja por amor!

2º Como consequência, não devemos utilizar os nossos dons como muleta espiritual. É muito comum que em alguns momentos o nosso amor esfrie pelo nosso afastamento do Senhor, e percamos mesmo a vontade de estar na igreja, orar,  ler a bíblia e ter comunhão com o Senhor. Em momentos como esses podemos cair na armadilha de nos enterrar no exercício constante dos dons com a finalidade de resgatar o sentimento de bem aventurança! Lembre-se:
 os dons não compram o favor de Deus ou a alegria da comunhão que você não está vivendo.

3º Alegre-se e descanse, pois a maior coisa que Deus espera de você é o amor! Não importa se o que você faz parece pequeno, pois Deus não está preocupado com a extensão dos seus dons e sim com o combustível do seu coração! O que move no ministério? Alegre-se, pois não importa se você tem feito pouco ou não é visto exercendo seus dons! Há dons que a igreja não vê! Ainda assim, Deus te ama!

Se você faz por amor, não importa se você fala em línguas ou enche o copo de água do pastor; não importa se você é um oficial da igreja ou apenas um irmão que dá boa noite e entrega panfleto! Não importa se a igreja não te vê orando no púlpito, se quando você se tranca no quarto você ora sem ninguém pedir, porque se preocupa com o bem do próximo e com sua relação com Deus.

Assim sendo... Exerça os seus dons e viva sua vida movido pelo amor!

E que Deus te abençoe!

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