Durante o tempo que viveu entre nós, um determinado dia nosso Senhor Jesus, dentro de um barco, ensinava uma multidão que estava na beira da praia. Ele falou sobre conversão, sobre o Reino de Deus, sobre o destino da igreja e o fim dos ímpios. O que as lições dele tinham em comum?
Todas elas foram dadas através de parábolas:
- Parábola do semeador (Mateus 13:3-8);
- Parábola do joio e do trigo (Mateus 13:24-30);
- Parábola do grão de mostarda (Mateus 13:31-32);
- Parábola do fermento (Mateus 13:33);
- Parábola do tesouro escondido (Mateus 13:44);
- Parábola do negociante (Mateus 13:45-46);
- Parábola da rede lançada ao mar (Mateus 13:47-48);
- Parábola das coisas novas e velhas (Mateus 13:52)
O que são as parábolas?
Nas palavras de Peter Walker, as parábolas são "histórias terrenas com significados celestiais - são normalmente relatos simples e vividos, tirados da vida cotidiana, que lançam [luz] sobre boas novas do advento do reino"
São histórias baseadas na vida, seja ela real ou fictícia, geralmente retratando um cotidiano conhecido pelo público ao qual está sendo direcionada.
E por que Jesus usava parábolas?
Ao mesmo tempo que as parábolas simplificavam a compreensão dos ensinamentos de Jesus para os mais simples, elas também tinham como objetivo manter sem entendimento aqueles a quem o Senhor não desejava salvar, o que já havia sido profetizado pelo profeta Isaías (Mateus 13:11-13 c/c Isaías 6:8-10).
Por um lado questões como eleição, o Reino de Deus, salvação e condenação, novo nascimento e afins eram trazidas de forma compreensível para pessoas que sequer sabiam ler e em alguns casos nem tinham conhecimento do Antigo Testamento. As parábolas traziam realidades comuns ao povo comum no tempo de Jesus, e à região na qual viviam. Era portanto uma forma extremamente eficaz e didática de comunicar verdades bíblicas.
Por outro lado, comunicar as verdades de Deus através de exemplos tão simples evidenciava a dureza do coração dos homens, e necessidade da ação do Senhor derramando entendimento. As parábolas nos mostram que por mais simples que seja a explicação que damos do evangelho, se o coração de um homem estiver endurecido para Deus ele não vai compreender. Se nem com coisas simples como a semeadura de plantas, a fermentação do vinho, a busca de tesouros, etc., um homem é capaz de entender o aspecto espiritual da sua vida, nada vai funcionar.
O que as parábolas tem para nos ensinar?
A grande lição das parábolas (além das que elas já ensinam em si mesmas) é a necessidade de apresentar a mensagem de forma eficaz para aquele que precisa ouvir. Resumindo em uma palavra: Contextualizar.
Contextualizar é relacionar o que está sendo ensinado com o cotidiano. |
Usar parábolas nos demonstra que a mensagem pregada precisa ser efetiva. Jesus não se coloca de frente para uma multidão heterogênea, cheia de pessoas simples e sem estudo, algumas até mesmo sem conhecimento do texto judaico, e começa a explicar o Reino de Deus através de um discurso extenso, prolixo e minunciosamente detalhado. Ele simplifica a mensagem de algo que não é nada simples.
Da mesma forma, não adianta tentar dar uma aula de EBD extremamente complexa e descontextualizada para um jovem que ouve música, faz as tarefas da escola, conversa nas redes sociais e assiste vídeos no TikTok com duração de 15 segundos ou menos. É preciso contextualizar a mensagem pra tornar ela compreensível.
Não estou falando de criar artifícios para chamar atenção, não estou falando de tirar foto cheirando a bíblia, usar roupa de super-herói no púlpito durante o culto ou gravar vídeos com dancinhas ao som de worship. Estou falando de compreender que os primeiros 15 segundos do que você quer dizer precisam ser certeiros e efetivos, do contrário, você vai ser só mais um conteúdo competindo atenção com todos os demais.
Eu queria não precisar contar com essa astúcia |
Também não estou anulando a ação do Espírito Santo para trazer para Si e para o evangelho toda a reverência e atenção devida. Estou dizendo que não podemos usar a soberania de Deus em dar entendimento e chamar para Si os homens como muleta para justificar o descaso que muitas vezes temos de nos fazer compreendidos. Se somos os servos de todos os outros irmãos, precisamos fazer as coisas pensando no outro, e não no que EU ACHO MELHOR.
Não adianta falar de Deus com exemplos de casamento, se as pessoas para as quais você fala são todas solteiras; não adianta explicar em termos filosóficos o problema da Teodiceia para uma criança de 10 anos; não adianta falar de alegria em meio a miséria para quem tudo tem. A mensagem precisa ser efetiva.
Jesus debatia a Lei com fariseus e outros doutores da Lei, e ainda assim, quando falava com as pessoas comuns, falava de semeadura, de fermento, de vinho, nascer de novo, etc. Ele não obrigava as pessoas a acompanhar seu nível intelectual (o que seria impossível), e sim tentava se fazer compreender até mesmo pelo mais limitado dos homens na multidão.
Imagem exemplificando como era Jesus ensinando por parábolas |
Precisamos aprender a usar parábolas hoje também, e falar as coisas de uma forma que as pessoas a nossa volta possam compreender a mensagem que temos a levar. Precisamos ser intencionais na forma como nos comunicamos com as pessoas a nossa volta.
Atividade proposta:
1 - Como você faria para aplicar o método de parábolas hoje?
2 - Reescreva uma parábola do capítulo 13 utilizando o seu contexto de vida.
3 - Você percebe a ação do Espírito Santo em endurecer o coração dos homens, tendo em vista que hoje temos milhares de obras que se propõem apenas a explicar as parábolas, e mesmo assim tem gente que não compreende?
4 - Reflita: será que a sua não está alcançando a pessoa que você deseja evangelizar porque você está tentando comunicar o Evangelho em termos que ela não compreende?
Daoraa, me amarrei nas informações sobre as parábolas de Cristo e na aplicação que podemos tirar do modo como Ele agia no meio daquele povo e em como nós, hoje, devemos agir. Contextualizar sem dar de maluco xD
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