domingo, 19 de março de 2023

Não construa uma Torre de Babel - Gênesis 11:4-6

 "Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer."

Gênesis 11:4-6


A história da Torre de Babel é uma das histórias bíblicas mais conhecidas do Antigo Testamento. Lembro-me de sequer ser um cristão quando fiquei sabendo dela pela primeira vez. Eu era uma criança, e havia recebido um livro de histórias bíblicas com gravuras, e uma delas representava o momento da confusão de línguas. Na verdade, a gravura não correspondia bem à realidade do que a Palavra de fato narra, pois longe de registrar a confusão das línguas, ela registrava um caos quase apocalíptico onde homens despencavam do alto da Torre de Babel e caíam mortos. É uma conjectura muito grande, porém não totalmente impossível que a confusão tenha gerado mortes e conflitos, tendo em vista que a falta de diálogo por vezes ocasiona a violência entre os homens.

A história da queda de Babel não fala sobre Deus ficar ofendido pela torre ser muito grande e tocar os céus, como se isso fosse capaz de permitir que os homens alcançassem ao próprio Senhor. Afinal, a terra é o escabelo dos seus pés (Isaías 66:1) e nem mesmo os céus poderiam conter a glória de Deus (1 Reis 8:27). 

A lição da queda de Babel e desse sermão diz respeito à desobediência, afinal, Deus havia ordenado ao homem que multiplicasse e enche-se toda a terra (Gênesis 9:1). Não era porque a torre era alta e majestosa que Deus decidiu confundir os homens, mas porque, em primeiro lugar, ela nem deveria ter sido construída. Toda a humanidade descendia de Noé e sua família, os únicos que foram salvos pelo Senhor. Não é possível negar a existência de outras línguas antes do dilúvio, mas é correto afirmar que após ele só havia um idioma.

Os homens se uniram, num único propósito, o qual Deus havia tencionado destruir: fazer a sua própria vontade, de maneira irrestrita, e sem a possibilidade de serem afligidos. A partir do momento que o homem não se espalhasse, diminuiria a possibilidade de um conflito entre povos; e, no mesmo sentido, se todos partilhavam o mesmo idioma, isso favorecia o diálogo e a identidade de uma única nação. Na mentalidade daqueles homens, era o contexto perfeito para que prosperassem e se fizessem grandes aos próprios olhos. Acima de tudo, era o ambiente perfeito para que a perversidade do homem crescesse novamente, como um dia já havia sido.

1º Devemos tomar cuidado para não erguer Torres de Babel

Com isso me refiro a nossas tentativas falhas de construir grandes coisas que aos nossos olhos justifiquem postergar ou mesmo ignorar a vontade de Deus para nossas vidas. Me refiro aos esforço hercúleo que fazemos para tornar o nosso nome célebre o suficiente para aparentar ser justo e razoável não atender ao chamado de Cristo para nós. 

É a tentativa falha do homem em construir um grande negócio que tome o seu tempo que deveria estar dedicando ao Evangelho e ao Reino. São os grandes projetos que justificam o tempo roubado de devoção, comunhão, leitura da Palavra e oração, como se as necessidades imediatas dos nossos objetivos terrestres fossem mais urgentes que a saúde da nossa vida espiritual.

São os filhos que colocamos no mundo e com os quais justificamos a recusa de um chamado ministerial, assim como o jovem judeu não atendeu ao chamado do próprio Jesus porque precisava enterrar o seu pai primeiro. Como se tornar nossos descendentes célebres fosse o grande projeto das nossas vidas até que completem a maioridade, e em alguns casos, a famosa "Geração Coruja" que decide não sair da casa dos pais até a plena "estabilidade" (como se um dia considerássemos tê-la alcançado).

São as carreiras acadêmicas que almejamos, como se a intelectualidade fosse tão majestosa quanto a obediência. Desejamos ser doutos e célebres, mesmo que isso signifique tratar a Palavra de Deus e o próprio Senhor como um objeto de estudo das Ciências da Religião, ou Filosofia, ou Sociologia, etc. 

A grande realidade é que diariamente tentamos fazer com que os intentos pecaminosos do nosso coração, nossa vaidade e rebeldia ergam-se em direção ao céu, como se fosse possível ignorar a majestade do Senhor e chamar a atenção para as obras das nossas mãos. 

Onde a vontade do homem é posta em primeiro lugar, não há restrição para os seus próprios intentos, por piores que sejam. O que de pior pode brotar do coração do homem crescerá no solo da desobediência e rebeldia.

2º Devemos compreender que qualquer tentativa de se opor à vontade de Deus vai falhar

Assim como em Babel, não faltam relatos bíblicos da falha pífia do homem em tentar se opor à vontade de Deus.

Jonas tentou fugir para Társis e foi vomitado de volta para o caminho de Nínive; o Faraó do Egito em vão lutou contra a vontade do Senhor de que o povo Hebreu fosse embora; quantos povos tentaram derrubar Israel de forma definitiva, e ela sempre se reergueu? Quantas vezes o povo de Deus correu perigo de morte e sobreviveu? Quantos impérios, reinos e governos já não tentaram  obrigar o povo de Deus a recusá-lo?

A bíblia e a história da igreja está repleta de evidências que mesmo nos piores intentos do coração humano, a vontade de Deus sempre se concretizou. Na traição de José pelos irmãos, Deus foi glorificado ao salvar todos da fome; na traição de Jesus por Judas, a vontade de Deus perseverou, e hoje cada um de nós pode estar diante de Deus, na fé em Cristo Jesus.

Mesmo quando aparentemente o mal venceu, na verdade ele foi derrotado. Na morte de Jesus, a própria morte foi vencida. Nas perseguições que tentaram derrubar a igreja, ela cresceu de forma abundante pelo testemunho e sangue daqueles que morreram por amor a Jesus. 

Toda vez que uma nova torre é levantada em direção aos céus para confrontar a vontade de Deus, o Senhor a põe ao chão, pisando seus opositores e mostrando que nesta terra até mesmo uma torre de diamante é como um fio de algodão de um tapete no qual o Senhor repousa os seus pés. 

3º Precisamos compreender que em Deus está a plena comunhão e vontade de Deus para o seu povo

O Deus que causou a confusão de línguas em Babel para espalhar os homens pela terra e cumprir a Sua vontade para nós é o mesmo que uniu gregos, partos, medos, elamitas, naturais da Capadócia, Judeia, Mesopotâmia, e outros tantos lugares ao redor do mundo no Pentecostes, fazendo com que cada um deles compreende-se o que os demais falavam, no seu próprio idioma! 

"Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua."

Atos 2:5-6

Espalhar os homens pela terra não tinha como intenção mantê-los solitários e isolados uns dos outros, e sim cumprir a vontade do Senhor que no Filho de Deus fossem benditos todos os povos da terra. O que une o povo de Deus, a igreja, não é genética, idioma ou cultura, e sim o cabeça: Jesus Cristo.

Somos todos diferentes, porém com o mesmo objetivo, que é honrar e glorificar o nome de Jesus. Diferente de Babel, que foi desolada porque sua intenção era exaltar os homens, a Igreja cresce e frutifica porque a sua intenção é exaltar o Filho de Deus.

Não há confusão de línguas, porque não é o mesmo idioma que nos mantém unidos, mas o Espírito de Deus que fala a cada um de nós individualmente e como coletivo. Deus mantém unida a Sua igreja para honra e glória do Seu próprio nome.

A famosa Torre de Babel


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