domingo, 22 de julho de 2018

Confissão da Saudade

Quero escrever e não posso, pois ao fazer isso confesso o que sinto por ti. Você vai saber da falta que está fazendo, e do amor que eu tenho e você não quer que eu confesse que ainda existe. Tudo que eu tenho a dizer no momento é saudade e temor, o amor que acabou, da incerteza do nosso retorno.

Pois como Neruda, posso escrever os versos mais tristes esta noite. São minhas as palavras dele, que li mais de uma vez para você por amor ao poeta, sem suspeitar que um dia não as leria mais. Hoje as recito em silêncio, colocando-me no lugar do autor em seus temores e tristeza. Todas as coisas a minha volta tem o peso da sua distância, e sua ausência me comprime nos cômodos da casa. O tempo é um maldito sádico nos últimos dias: ele passa devagar e prolonga o sofrimento diário em segundos que parecem eternos, mas conforme passa aumenta as chances de que encontre um outro alguém; pois se cada dia guarda as suas descobertas, temo que um novo amor seja uma delas.


Preciso escrever, pois assim eu confesso o que calo. Eu que sempre julguei irracional um autor com pseudônimos, hoje desejei ter um no qual escrever. Pois esse silêncio da tua voz e das minhas palavras está me sufocando. Em contrapartida, falar é entregar o jogo e deixar você saber que te amo, mesmo que você não queira saber. Imaginar meu amor como um constrangimento, mesmo que em poesia, é uma dor que estou tentando evitar.

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