sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Por que "Ironias do Amor" é o meu filme favorito!

Eu tenho dois filmes favoritos: "Ironias do Amor" e "Scott Pilgrim vs. O mundo"! O segundo não tem muitas razões para a escolha, a não ser o fato de que eu ainda tenho algumas raízes nerds que englobam todos os elementos do filme, desde a música ao formato gamer da história! Já o primeiro filme, eu o assisti em 2012 pela primeira vez, e tenho minhas razões para considerar este o melhor filme de comédia romântica que existe! 



Talvez vocês procurem uma sinopse do filme aí no Google, mas eu evitei fazê-lo, pois talvez parte do diferencial do filme pra mim seja a minha forma de interpretar a história. Portanto, farei a minha própria sinopse!

O filme conta a história de amor de Charlie Bellow, um estudante de administração cujo o único objetivo aparente de vida é trabalhar na empresa na qual o seu pai trabalhou a vida inteira. Charlie é um típico gentleman inglês (com direito a carregar lencinho), um daqueles caras que a gente olha e pensa: "Nasceu no século errado". Eu acabei por me identificar muito com o personagem na época que assisti o filme, em razão da simplicidade excessiva das suas posições, e uma inocência que beira a lerdeza, que podemos considerar uma falta de conhecimento próprio.

O que eu mais aprecio no personagem é a importância que ele dá à questões que atualmente são relativizadas, o que percebe-se nos primeiros diálogos do filme com seu melhor amigo Léo, no qual este questiona seu amigo sobre a importância que ele dá ao envolvimento emocional, desafiando Charlie a encontrar, no parque onde estavam, uma mulher com a qual ele dormiria sem precisar conhecer. Charlie conserva o relacionamento como algo que vai além da satisfação sexual e sentimental, de forma que não cede, ainda que constrangido por seu amigo a sentir-se um idiota por ser tão "antiquado".


E no contexto desse desafio, ele vê pela primeira vez Jordan Roark: uma bela mulher visivelmente embriagada vociferando com outro homem. Naquele mesmo dia, Charlie salva a sua vida na estação de metrô, episódio no qual ela desmaia e é "sequestrada" pelo personagem. É a partir deste momento que começa uma linda história de amor, com direito a concussões, ferimentos, destruição de uma carreira estável, um quase afogamento e outras tantas desventuras, as quais não entrarei em detalhes.






Jordan foge de qualquer clichê de personagem de filme romântico. Passa boa parte do filme embriagada, discutindo com homens e crianças, e principalmente sabotando a vida de Charlie, agredindo-o e fazendo-o passar por toda forma de constrangimento, o que inclui comentários sobre a inatividade sexual do casal na grande entrevista de emprego de Charlie. No curso do filme é normal até mesmo torcer para que os dois não fiquem juntos, por compaixão do protagonista, que em conversa com seu Léo coloca sobre a mesa o pró e contras de estar com Jordan:


"Motivos para parar de ver ela:

1 - Perigo físico eminente;
2 - Boas chances de ela partir meu coração;
3 - Ela sabota a minha carreira;
4 - Ela com certeza é louca;
5 - Parece que ela gosta de me ver sofrendo;
6 - Ela tem uma bagagem emocional que assusta qualquer um;
7 - Eu não dei nenhum beijo nela, pelo amor de Deus!
8 - Ela está arruinando a minha vida;

E os motivos para continuar vendo ela?

1 - Eu to apaixonado por ela."

Pois é gente.... Quando o amor chega não tem jeito! Essa é a beleza do filme pra mim!!!

Ele mostra que o amor não tem uma fórmula ou pressupostos. Acontece! Mostra também que as pessoas amam como sabem amar, com suas peculiaridades. Alguns gostam de ouvir música no mesmo fone, Charlie e Jordan gostam de trocar tapas na estação de metrô e dançar em lugares aleatórios. E no amor, Charlie descobre o homem que ele realmente queria ser, e não o homem que esperavam que ele fosse!

Isso fica mais evidente em Jordan, que vai além da insensibilidade provocada pelo álcool, e, embora bruta e impulsiva, o objetivo dela não é bem ferir (na verdade é sim) ou sabotar Charlie. É a forma dela de amar, ao menos no período da vida dela que está passando, o que torna tudo bonito pra mim. 


Como bom cristão protestante de pressupostos reformados eu também acho bastante legal a forma como o casal tenta entregar o seu futuro à casualidade, ao destino, tentando usar seus desencontros como um evidências de que não nasceram para ficar juntos!

Então, sem entrar em detalhes (tem que ver o filme!), apenas no final do filme é revelado como eles estavam enganados, e como cada acontecimento no filme foi para que ficassem juntos no final! Como eu disse, é uma análise pessoal, e o que eles chamam de destino, eu chamo de... Destino! Mas um destino decretado por um Deus que reina soberano sobre todas as coisas, e não por uma força natural de probabilidades.

Pra mim a relação de Jordan e Charlie mostram de maneira bastante simples como o destino é uma realidade, mas que embora predeterminado, precisava da ação dos dois. Não quero dizer que a decisão final era deles, pois não creio nisso, mas que a ação deles era necessária e consciente. É uma forma romântica pra mim de tentar ponderar os decretos de Deus e a Livre Agência do homem. Como o próprio Charlie declara, é necessário sair de casa para encontrar o seu amor!

Quando se declara no filme que destino é a ponte que se constrói até a pessoa amada, se declara nada mais nada menos que o destino é real, mas o agir é necessário para trazer aquilo que já era um decreto à realidade.

O final do filme é um divisor de águas, e também me marcou por mostrar que as pessoas são mais do que aparentam ou declaram, e dá vontade de assistir o filme todo de novo, observando cada cena com os olhos abertos pelo que é revelado pelo casal nas cartas que escrevem um para o outro!  Jordan é mais do aparenta, e Charlie só foi capaz de conhecer a mulher que ela é, porque a amou, ainda que não tivesse motivos. E eu só fui capaz de descobrir quem era Jordan porque tive a paciência de não tacar o controle na televisão com raiva dela por todo desgosto que fez Charlie suportar!

Seis anos depois, segue sendo o meu filme favorito, por mostrar que o amor é peculiar, é coisa do casal, que tem sua forma de amar, e que tudo sofre - e como sofreu! - tudo crê, tudo espera e tudo suporta (1 Coríntios 13:7). É meu filme favorito por mostrar que o amor nos vira do avesso, e as vezes põe por terra tudo aquilo que tínhamos como certeza!

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