quinta-feira, 8 de abril de 2021

Bíblia Hebraica - Língua, escrita e material de escrita

 Fischer, Alexander Achilles. O texto do Antigo Testamento - Edição reformulada de Introdução à Bíblia Hebraica de Ernest Wurthwein / Fischer, Alexander Achilles. Trad. Vilson Scholz. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013.

O hebraico antigo faz  parte do grupo de línguas semíticas, tendo parentesco com os idiomas ugarítico, cananeu, fenício-púnico, moabita, amonita, edomita e aramaico. O hebraico bíblico deriva  do judaico utilizado em Jerusalém nos séculos seto e sétimo a.C. Neste tempo, em Judá, a língua de contato e comércio era o aramaico imperial, razão pela qual alguns trechos dos livros mais recentes do Antigo Testamento estejam neste idioma (Jr 10:11; Dn 2:4-7:28; Ed 4:8-6:18; Ed 7:12-26).

O hebraico bíblico

O significado lexical de uma palavra no hebraico está vinculado às consonantes da "raiz" da palavra, e as formas e classes gramaticais se constituem pelo acréscimo de vogais e sílabas antes, dentro e ao final dessa raiz.

É certo que na transmissão do texto bíblico, devido a diferentes possibilidades de pronúncia que ensejariam diferentes interpretações, desenvolveu-se a escrita plena, onde algumas consonantes indicam vogais longas. Além disso, os massoretas na Idade Média criaram um sistema de sinais vocálicos que são colocados acima ou abaixo das consonantes.

No hebraico bíblico não existe diferente entre poesia e prosa, e a maioria do Antigo Testamento foi escrito em prosa. O que difere as duas formas é a diagramação em versos, e o paralelismo  dos membros (sintético, antitético e sinônimo). Outra forma de identificar a poesia é o uso de colonometria, no qual se conta as consonantes para determinar a existência de versos poéticos (cólons).

A escrita

A escrita hebraica é quadrática, uma vez que a maioria das consonantes cabe dentro de um quadrado. Por sua origem, muitas vezes é chamada de escrita assíria. Entretanto, esse nome é atribuído originalmente para escrita aramaica, comum no período do império aquemênida ou persa, o que não significa que o hebraico tenha sido totalmente deixado de lado.

A escrita proto-hebraica desenvolveu-se nos tempos bíblicos, a partir do alfabeto fenício, e foi utilizada não apenas por Israel, mas também pelos povos vizinhos.

O material de escrita

Vários materiais foram utilizados para escrita hebraica, entre eles o talhar em pedras, muros,  paredes, monumentos com inscrições; e a pintura com cal e/ou tinta. Outro material utilizado da mesma forma era a madeira talhada ou tábuas revestidas de cera. Também era possível o registro em metais como prata; e também o uso de argila, que poderia ser queimada na forma de tábua, ou utilizada em cacos para escrever (óstracos).

O uso do papiro, derivado de uma planta, também ocorria, sendo um material extremamente resistente. Entretanto, há poucos fragmentos na Palestina, pois as condições climáticas são menos favoráveis para sua preservação do que no Egito.

Couro também foi utilizado como material  para escrita hebraica, como o primeiro rolo de Isaías descoberto na Caverna  1 de Qumran e que remonta ao 2º século a.C. Assim como o papiro, demorou para ser difundido, pois o tratamento  da pele de animais era um processo difícil. Sua vantagem em  relação ao papiro é a sua durabilidade.

Material desenvolvido através do uso de um solução calcária em pele de animais, sendo um material mais liso e claro, facilitando a escrita em dois lados  e a leitura. Era um material mais elástico e sua superfície poderia ser lavada para ser reutilizado, e o texto apagado pode ser recuperado através do uso de infravermelho.

Rolo e códice

Antigamente os "livros" tinham forma de rolos, de forma que o uso de códices começou apenas na parte final do período helenístico. Entretanto, as sinagogas continuaram a utilizar o livro no formato de rolos. No geral, os textos são encontrados fragmentados em diversos rolos, razão pela qual há um trabalho de reconstrução do texto com base nos fragmentos adquiridos.

A passagem do rolo para o códice teve início no 1º século d.C., embora ambos tenham coexistido por um bom período de tempo. Nos primeiros séculos houveram vários centros cristãos de produção de bíblias (Cesareia, Antioquia e Alexandria).

Instrumentos para escrever e tinta

Para inscrições em monumentos utilizava-se cinzel. Para inscrições menores, utilizava-se ponteiro ou um objeto pontiagudo. Para carimbos ou sinetes se utilizava brocas e goivas. Já para papiro  e couro utilizava-se tinta.

A tinta mais antiga era feita de vegetais e plantas, enquanto as mais recentes eram feitas de metais. Saber o tipo de tinta auxilia o trabalho de reconstrução de manuscritos, buscando-se aqueles fragmentos que possuem composição química semelhante.

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