terça-feira, 25 de setembro de 2018

STCN - Resenha do Livro: A Igreja Discipuladora


A IGREJA DISCIPULADORA



Marra, Cláudio. A Igreja Discipuladora: Orientações da Bíblia e da História para cumprimento de nossa missão. Editora Cultura Cristã.

O livro aborda a educação cristã através de fundamentos bíblicos e históricos. O autor inicia a obra através de uma analise da educação cristã no curso da história da igreja, desde o tempo do Antigo Testamento, passando pelo apostolado de Jesus, e a igreja até o Século XVIII, ressaltando o fato de que o ensino teológico e formação de professores sempre foi um problema, independentemente da denominação a ser analisada.

A segunda parte do livro aborda o tratamento bíblico ao tema. Uma analise inicial do tema apresenta a educação cristã como uma responsabilidade dos pais, que deveriam ensinar a Lei e obra do Senhor. É importante ressaltar que não há qualquer prescrição de forma de ensino, e sim o incentivo de que todo momento fosse uma oportunidade de ensinar, seja pela leitura da lei, demonstração dos memoriais (como as colunas e altares) ou pelas cerimônias, recursos pedagógicos para que as gerações futuras fossem capazes de conhecer ao Senhor.  

O exemplo do Senhor Jesus Cristo e do apóstolo Paulo são apresentados no tocante ao caráter discipulador da igreja. Os apóstolos e Timóteo, mais do que ensinados teologicamente, foram discipulados e incitados a ensinar também. Cristo tinha o cuidado de ensinar as multidões, mas principalmente de caminhar com seus discípulos, preparando-os para dar continuidade à pregação. Mais do que o querigma, Cristo apresenta a necessidade de fazer discípulo ao caminhar junto, conhecendo e dando-se a conhecer. Mais do que o ensino, era permitido aos discípulos a pratica daquilo que o Senhor dava a conhecer. O tratamento dispensado a Timóteo por Paulo não apresenta qualquer diferença, uma vez que caminhando com Paulo, por vezes o discípulo era enviado para as igrejas com a finalidade de ensinar.

Fica evidente que, embora parte do ensino fosse realizado pelos mestres, assim como Jesus o foi, o ensino pelos pais ainda deveria existir, de forma que Timóteo é um dos judeus cuja família possivelmente preservou esta pratica, sendo ensinado acerca das Escrituras por sua mãe e sua avó.

O autor ressalta o erro da igreja de colocar o discipulado como tarefa de segundo plano, focando no imperativo “Ide”, sem atentar, entretanto, que o verbo principal é o discipular, ir fazer discípulos, os quais seriam batizados e ensinados. Outro erro da igreja, baseado nos ensinos bíblicos apresentados, seria separar evangelização, missões e educação cristã, cabendo ao pastor definir sua preferência pastoral.

A terceira parte do livro aborda o ministério de Richard Baxter, a fim de trazer princípios e praticas salutares que a igreja deveria seguir. Uma vez que o discipulado é a prioridade da grande comissão, Baxter apresenta um modelo de praxe pastoral que valoriza a pregação pessoal e individual, com a finalidade de fazer discípulos. Da mesma forma, seu ministério valorizou a atuação pastoral na formação de novos professores que dariam continuidade a tarefa de ensino. O seu sistema de visitação dos lares permitia a pregação consonante ao nível de conhecimento e maturidade espiritual dos membros de cada família, através do estudo dos catecismos ou sermões pregados no domingo anterior.

Também é ressaltada a necessidade do pastor estar atento aos possíveis discipuladores no meio do rebanho, indicando parâmetros para sua seleção, entre eles conhecimento e amor pela Palavra bem como uma vida de piedade. Cumpre ressaltar a critica que o autor faz ao modelo de liderança eclesiástico caracterizado pela existência de um pastor-mestre para uma congregação inteira, ressaltando que a igreja deve possuir um sistema de pluralidade de pastores, tantos quanto necessários para assegurar que todo o rebanho será auxiliado e discipulado.

Conclui-se que os princípios bíblicos nas Escrituras, os quais foram aplicados no ministério de Richard Baxter traz a tona a necessidade de, mais do que pregar ou meramente ensinar dominicalmente, fazer discípulos, aptos a ensinar e discipular. Tal prática traz benefícios para a congregação, entre eles a possibilidade de acompanhar a vida espiritual do rebanho,sendo apontado pelo autor inclusive a possibilidade de avaliar a possibilidade do membro participar da eucaristia. A educação cristã deve ser uma prioridade dos pais, e o ensino da família uma prioridade da igreja.

Pedro Silva Drumond é acadêmico do primeiro período do Curso de Teologia do Seminário Teológico Congregacional de Niterói.

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