quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Fragmento de Crônica - Rua da Quitanda

Todos os dias eu caminho na Rua da Quitanda. 

Aquela rua que as vezes sufoca de tão apertada;
que a calçada vira rua, rua vira calçada;
Onde preocupado com a vida, não reparo em mais nada;
exceto naquele prédio com uma porta de cofre no hall da entrada.

Rua de paralelepípedo irregular. De gente caindo, tamanco quebrando, gente descalça dando topada.
Pobres meninos...
Sem chinelos e sem infância.
Pobres tamancos...
Braços esguios tentando sustentar o peso de querer se estar mais próximo do céu.

Rua cinza, opaca, úmida e molhada;
que faz esquina com a Rua da Assembleia;
vizinha da Rua do Carmo,
aquela que é lar de muita gente sem lar.
Aquela rua que tem mais engraxate do que sapatos.

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